2 - Primum Aspectum

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Sexta-feira, 6 de julho de 2018.

22hr 04min.

Temperatura entre 12°C e 15ºC. Céu nublado. Lua minguante.

Do lado de fora da faculdade, bem rente ao portão, a equipe de Kenneth aguardava.

Dion e Tilexine não estavam muito ansiosos para conhecer a herdeira do maldito trono de Naron. Prefeririram estar trabalhando na localização do alvo primário, Verônica. Dion estava encostado no portão com as duas mãos atrás da nuca e o olhar perdido fitando o céu noturno. Aquele céu nublado sem estrelas tomado pela poluição, muito diferente de sua casa em Naron. Tilexine, ao seu lado, estava transpirando tédio.

Enif fitava os terráqueos com seus brilhantes olhos cor de esmeralda, uma aura de felicidade e empolgação lhe rondava, como sempre.

Ao seu lado, Rashmi não tirava os olhos de uma tela sobre seu pulso e tocava em botões holográficos observando dados que só faziam sentido para ele.

Kenneth estava com os braços cruzados, visivelmente nervoso, batendo o pé impaciente esperando Melissa aparecer entre a multidão.

-Talvez devêssemos esperar por semana que vem... - Kenneth disse preocupado.

-Já esperamos tempo demais, capitão... - Rashmi discordou.

-É estranho ver Rashmi chamar o Kenny de capitão, não é? - Tilexine sussurra para Dion como se não soubesse que Kenneth e Rashmi podiam ouvi-la, afinal estavam a menos de 3 metros de distância - Passamos quase meio ciclo tendo ele como capitão naquela nave...

-Tanto faz quem é o capitão, ambos estão acima nós... - Dion dizia ainda fitando o céu.

-Se eu fosse capitã iríamos atrás do objetivo primário... - divagou Tilexine - Gosta de receber ordens? - ela ri e torce o nariz numa careta fofa.

-Sou bom nisso. - Dion deu de ombros.

-Parem de bater papo, o alvo se aproxima em 30 segundos. - Rashmi ordena.

-Parando para analisar... Ele tem mais jeito de capitão mesmo... - Dion concorda baixinho com Tilexine enquanto endireita sua postura e vira-se para observar os terráqueos saindo da faculdade.

***

Melissa caminhava ao lado de suas amigas na saída da faculdade. Ela não havia comentado nada sobre a noite anterior, mas ainda olhava o braço caçando uma cicatriz que não estava ali.

Eis que então, de repente, avista Nicolas no portão cercado por mais 4 pessoas. Não chega a ter tempo de analisá-las, pois algo muito incômodo começa a pulsar dentro de sua mente.

Vozes de todos os cantos começam a invadir sua cabeça. Gritando coisas aleatórias demais para serem dicernidas. Melissa apenas foca nas pessoas ao lado de Nicolas, pois queria saber quem eram.

Com isso uma mente se destaca

Flashes tomam sua visão, sem fazer nenhum sentido, imagens de sangue, dor, morte, cortes... A palavra "matar" se repetia muitas vezes.

De quem eram esses pensamentos que se destacavam tanto em comparação aos demais?

Melissa para e congela em seu lugar com as mãos na cabeça e um olhar desesperado.

-Amiga, o que houve. - Melissa nem consegue distinguir de quem é a voz que lhe chama.

-Não. De novo não. Vai embora! - Melissa gritava.

Logo suas amigas notaram seu "ataque de esquizofrenia", e tentaram acalmá-la.

-Vai ficar tudo bem, Mel. Não é real. Olhe para nós estamos com você. - Melissa ainda não fazia idéia de quem falava, seria Débora ou Letícia?

As Filhas de Kahara e o Trono MalditoOnde histórias criam vida. Descubra agora