5 - Celebrationem

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Sábado, 7 de julho de 2018.

20hr 15min.

Temperatura por volta de 20°C. Céu nublado. Lua minguante.

Dominic passara a tarde com Melissa conversando em seu quarto, tentando acalmá-la e entender tudo o que aconteceu. Sem muito sucesso, pois Dominic não conseguia acreditar que tudo aquilo era real mesmo tendo visto com seus próprios olhos.

Nesse momento ele se despede de Melissa no portão, olhando de soslaio para a árvore que Keith subira mais cedo, se perguntando se talvez ela ainda estivesse lá. Mas decidiu simplesmente fingir que aquele dia nunca aconteceu. Pelo menos por enquanto.

Melissa volta para dentro de casa pensativa.

Passa pelo jardim, entra pela sala, segue subindo pelas escadas, anda como se deslizasse pelo chão e não visse o caminho de fato, apenas seu objetivo.

Para na frente da porta do quarto de seus pais. Hesita em bater na porta. Respira fundo. Bate três vezes e diz:

-Mãe?

Uma voz familiar e angelical responde:

-Pode entrar, Mel.

Vagarosamente, quase como se estivesse com medo, Melissa abre a porta. Vê sua mãe sentada na cama, toda a parte inferior do seu corpo está coberta pelos edredons, ela está com seus óculos de leitura de bordas douradas segurando algum livro religioso que Melissa não estava interessada em saber qual era, pois estava muito nervosa.

Alexia fecha o livro, tira os óculos colocando-o sobre o criado mudo e olha com atenção para a filha, sabendo que ela tem algo muito importante para dizer, porém a deixaria falar ao seu tempo.

-Quando... - Melissa gaguejava - Alguém... Precisa de ajuda... - ela desvia o olhar da mãe como se tivesse vergonha de continuar.

Sua mãe sorri, amigavelmente.

-Nós fazemos o que podemos para ajudar. - ela completa a frase da filha.

Melissa respira um pouco mais aliviada por saber que sua mãe ainda se lembra da poesia que amava recitar quando criança.

-Pois cada um está vivendo uma batalha. - ela continua a recitar o verso seguinte e espera sua mãe completar.

-E não cabe a nós julgar. - sua mãe finaliza a poesia com um sorriso - É nisso que acredito, minha filha. É por isso que sou médica. No que está pensando, minha querida?

Melissa caminha lentamente até a cama e sua mãe a acompanha com o olhar.

-Foi isso também que me motivou a querer ser como você... - Melissa refletia - Mas e se alguém precisar de mim... E eu puder ajudar... Mas não quiser?

A pergunta fez Alexia arregalar os olhos.

-E por que você não ajudaria?

Melissa encolhe os ombros, mas não responde.

-Isso faria de mim uma pessoa má?

Alexia pensava em como responder aquela pergunta, que apesar de complexa possuía uma resposta óbvia.

-Sim. Seria uma coisa má. Como médica principalmente. É isso que te aflige, minha filha? Não sabe mais se é essa a carreira que quer seguir?

Melissa não podia explicar o que estava se passando.

Sua mãe não acreditaria que alienígenas com poderes mágicos a estavam recrutando para matar a irmã gêmea malvada dela.

Provavelmente ela seria internada na ala psiquiátrica.

As Filhas de Kahara e o Trono MalditoOnde histórias criam vida. Descubra agora