16 - Bonum nocte, capillum rosea.

40 3 62
                                    

Sábado, 14 de julho de 2018.

21h20.

Temperatura entre 17°C e 23ºC. Céu nublado. Lua nova.

Ao longe, escondido nas sombras, Andrew acompanha Dominic com seu olhar. Era a segunda vez que olhava tão atentamente para Dominic, e coincidentemente estava novamente encarregado de protegê-lo.

— Eu não acho que Verônica vá atacá-lo. — Andrew reclamava para Tyler em seu comunicador.

— Se quisermos que Melissa confie em nós precisamos nos mostrar dispostos a defender o que, e quem, é importante para ela. Ora vamos, é um trabalho tão fácil, não sei por que reclama. Estamos nisso há uma semana sem nenhum sinal de ataque. E Melissa está treinando e descobrindo seus poderes cada vez mais...

— É exatamente por isso! Uma semana sem fazer nada! Poderíamos estar rastreando o objetivo primário. — Andrew olhava com tédio Leonardo e Dominic dobrarem a esquina juntos, eles estão discutindo baixo e não andam de mãos dadas — Mas ao invés disso eu fico servindo de babá para humanos adultos!

— Só preciso que o acompanhe até ele estar a salvo em casa, depois disso volte para a base. Qualquer sinal de problema é só me avisar.

Aut iniucundum. — Andrew sussurra em latim em desaprovação — Positivo. — Ele responde a contragosto para Tyler, em seguida desliga seu comunicador e escala com facilidade um prédio em frente ao bar onde Dominic e Léo pararam para beber. De pé no parapeito, recostado na parede com os braços cruzados e uma expressão de tédio, ele observa de longe sem ser notado.

— ... É só que... Eu não gosto de ser tratado assim... —Dominic reclamava baixinho.

— Porra, olha você fazendo drama de novo. — Léo era firme. Os dois ainda estavam do lado de fora do bar quando alguns amigos de Léo o chamaram. — São os meus amigos se você não gosta deles então não venha. — Cuspiu as palavras rispidamente e em seguida voltou o olhar aos amigos dentro do bar — E aí seus cornos! — ele os cumprimentava com intimidade.

— Aquela bicha não vai entrar não? — um dos rapazes se referia a Dominic que ainda estava parado na porta — Qual é Dom? Se não sabe beber fica na coquinha. — Eles riam com malícia.

Andrew não era perito em relacionamentos, então achou melhor contactar Tyler para tirar algumas dúvidas.

— Hiero na escuta?

— É Tyler! — ele o corrigiu — Diga.

— Aquele "Léo" não era para ser uma espécie de parceiro amoroso do "Dominic"?

— Sim, correto. Por quê? Algum problema?

— Eu não sei... Os terráqueos têm um jeito diferente de se relacionar.

— Ashley me reportou a mesma coisa. Mas parece ser normal.

Andrew continuou a observar as brincadeiras e a forma como Dominic se sentia cada vez mais desconfortável. A situação se estendeu por mais uns 40 minutos antes de Dominic pedir para ir embora.

Léo, há muito, já estava bêbado.

— Não... Espera, fique mais um pouco... — Léo pedia.

— Qual é Léo... Deixa o cara ir, ele não tá afim. — Um dos rapazes comentou.

Dominic andou até a porta do bar, mas Léo cambaleou até ele e agarrou sua mão.

Mais que depressa Andrew pergunta pelo comunicador:

— Tenho permissão para usar força contra terráqueos?

— NÃO. Contra terráqueos não! — Tyler responde rapidamente — Há algum problema?

As Filhas de Kahara e o Trono MalditoOnde histórias criam vida. Descubra agora