15 - Fortitudine et debilitate - part 2

24 3 85
                                    

Ucrânia.

Svitlodarsk, na Oblast de Donetsk.

Quinta-feira 12 de julho de 2018.

00h45 (Fuso Horário Leste Europeu +6).

Temperatura 5°C. Céu nublado. Temperatura incomum para o verão no leste europeu – ainda mais no verão.

Nicolas eleva sua temperatura para ser uma fonte de calor forte o bastante para que Ashley saia da água aquecida o suficiente evitando, assim, uma hipotermia.

Eles caminham em direção a Melissa que está sentada sobre a grama na margem do rio contemplando a paisagem congelada. Sua roupa branca está colada ao corpo ainda encharcada e criando uma camada de gelo por cima.

— Você está com frio? — Nicolas indaga para Ashley.

— A adrenalina me esquenta. — Ashley sorria — Não se preocupe, vou pegar o jato e ir para a América, me esquento no caminho. — Ela começa a recolher as armas que havia largado na margem antes de mergulhar e segue para longe. — Vejo vocês em breve.

Nicolas termina de se secar e estende a mão para Melissa.

— Temos um longo caminho pela frente.

Melissa aceita o apoio de Nicolas e se levanta.

— Vamos para casa?

— Agora é cerca de 7 da noite na América. Vamos pegar um carro e dirigir até a divisa com a Rússia, podemos dormir quando chegar lá. Dá umas 4 horas de viagem. — Nicolas caminha em direção a estrada. Algumas explosões ao longe podem ser ouvidas — Os terráqueos vão recomeçar o conflito, Ashley estava brincando quando disse que havia matado todos num raio de 2km. — Ele comenta sorrindo.

Melissa arregala os olhos e segue Nicolas em silêncio até a estrada de asfalto.

— Você se acostuma... — ele comentou como se respondesse uma pergunta não feita de Melissa —, mas não se preocupe, nenhum de nós pode machucar, de fato, nenhum terráqueo. Ela só os deixou inconscientes por um período.

Melissa continua calada, mas em sua supressão de argumentos ela conseguia enviar a mensagem desejada apenas com o olhar, que dizia "Como?".

Nicolas caminha até uma esquina e retira uma lona marrom de cima de um carro preto.

— Fique tranquila. Entre. — Ele ordena.

Melissa entra no carro ainda molhada e com cristais de gelo sobre suas roupas. Nicolas sabe que ela não está com frio, mas é agoniante ver aquilo, é incômodo. Seria como ver alguém em chamas e não fazer absolutamente nada. Ele manobra o carro silencioso sobre o asfalto frio e repleto de fuligem, poeira, pólvora e escombros.

— Vamos para casa? — Melissa torna a perguntar sem se dar conta de que já havia feito essa pergunta antes.

— Moscou, capital da Rússia. Lá há um teleporte fixo com referencial para todos os principais 17 países da Terra e a central de controle.

Um breve silêncio se faz após ele citar "países da Terra E A central de controle".

— E... — Melissa começa a falar baixinho com receio — A central de controle...? — ela aguarda que Nicolas complemente e sane sua dúvida.

Nicolas sorri.

— Ela está em órbita... — ele comenta como se fosse a coisa mais normal do mundo — Mas voltando ao assunto, seguiremos para Moscou com paradas regulares em algumas pousadas. Andando você levaria mais de uma semana, de carro é bem mais rápido — ele liga alguns botões no painel que Melissa não entende, mas parecem GPS e rastreadores, enquanto Nicolas continua a falar —, porém não posso ficar com um carro por mais de 10 horas na Rússia. — Melissa se pergunta o porquê, mas não quer estender mais a conversa, já estava suficientemente desconfortável — Então faremos muitas paradas, e provavelmente na fronteira vamos precisar... improvisar.

As Filhas de Kahara e o Trono MalditoOnde histórias criam vida. Descubra agora