Capítulo 1

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Parte I

Arrumando meu guarda-roupas, um vestido rosa, soltinho no meu corpo, recorda-me do dia em que Antônio me pediu em namoro, eu usava esse mesmo, a lembrança de seu toque passando pelo meu corpo coberto, me fez sorrir diante daquele monte de roupas jogadas na cama.

O namoro durou pouco, três meses, graças a dona Maria, minha querida mãe que deu um jeito de me encher o saco até eu largar do pobre coitado.

Mamãe emplacava todos os meus namoros, com um papo de "Ele não é o homem certo pra você ", quem é que sabe qual cara é certo pra mim? Eu! Mas na mente dela, era Deus, O todo poderoso mandaria um homem bondoso, um anjinho que me faria feliz. Mas eu sabia que essa coisa não ia acontecer, não comigo, esse conto de fadas não é pra mim, só que ela não entendia isso.

Maria, é a minha mãe, uma mulher de tamanho médio, cabelos curtos, até o pescoço, o qual tinha fios brancos e brilhantes, ela era tremendamente religiosa, ia à igreja todos as segundas e quintas-feiras, depois de uma oração pela manhã aos domingos, logo mais a noite lá estava ela, com isso, conseguia levar todos com ela para os cultos, menos eu!

Eu tenho dois irmãos, João e Rute, como podem perceber, mamãe fez questão de pôr nomes bíblicos em todos nós, Eu por exemplo, me chamo Ester.

Rute é uma bela jovem, dezessete anos, magra, tipo modelo de passarela, seus cabelos dourados até a cintura, nossa mãe a proibiu de cortar, ela é comportada e vive sob rédias curtas, tem poucas amigas e frequenta a igreja, apenas por obediência, a mesma me conta alguns segredos, um tanto graves à percepção de mamãe, mas nos damos bem.

João, meu irmão pentelho, mais chato que ele, só dois dele. No alto dos seus quinze anos, vive na rua andando de skate quando mamãe vai trabalhar, ela trabalha na empresa do meu pai. Os cabelos de João ganham arrepios e uma considerável quantidade de gel, quando ele vai pra rua azarar algumas meninas, mas quando entra em casa, os mesmos são repartidos para o lado, e se comportam intactos ,tudo pra ganhar créditos com a dona Maria, que tem João como seu xodó.

- Esse meu filho é um exemplo! -essa é uma de suas famosas frases.

Meu pai, o senhor Onofre, eu sei, parece nome de legume, minha irmã disse isso quando tinha cinco anos, mas enfim, ele é um homem discreto, alto e tem cabelos tingidos de preto, pra esconder a experiência de cinqüenta e três anos, em todos esses anos, graças a Deus ele não conseguiu adquirir aquela barriguinha redonda comum entre os homens dessa idade, meu pai era magro, todo bonitão, não era tão religioso quanto mamãe, mas a acompanhava ao domingos de culto, pra apoiar a esposa, por que ele não é bobo nem nada. E para minha sorte, quem era o xodó da vez, sou eu!

- Você faz tudo que essa menina quer! -ouvir isso durante toda a minha infância e ouço até hoje aos vinte anos de idade.

Papai adora quando o chamo assim, ele vive de amorzinho comigo e sempre me defende quando minha mãe dá seus chiliques , nem preciso dizer que o amo demais , né?

Eu,me chamo Ester Dias, tenho um corpinho, modéstia a parte, bem bonito, bubum avantajado, graças a boa genética, ou não, por que pra comprar calças é uma droga! Enfim, meus cabelos lisos de tamanho médio dão charme à belos olhos grandes e negros, bom, beleza já puderam ver que eu tenho e modéstia também! Talvez uma pitada de ironia.

Gosto de viver a vida estilo livre, livre pra fazer o que eu bem entender, ficar com os caras que eu quiser, mas boa parte da minha vida, também vivi sob rédias curtas, minha mãe sempre foi rigorosa e me privou de muita coisa, mas isso nunca me tirou o desejo de morar sozinha e viver do jeito que eu quero.

- Já estou cansada de viver nesta casa, vou arrumar um emprego e ir embora! -um milhão de vezes essa frase foi dita por mim, todas as vezes com máxima sinceridade e esse desejo ainda habitava em mim.

Eu tinha planos, já sabia a cidade para qual eu iria, estava cansada do interior de Goias, queria sentir a pele queimar com o sol do Rio de Janeiro, admirar da areia da praia , os homens cariocas, exibindo seus corpos musculosos. Era tudo que eu queria, mas não dá pra viver de sombra e água fresca por toda a vida, não é mesmo? Então eu resolvi a parte do plano que faltava.

Aproveitei que estava sozinha em casa, pulei para frente do computador e comecei a preparar currículos, era isso! Eu só precisava arrumar um emprego no Rio, e me mudar pra lá. Minha família? Eu sei, eu sei, nem de longe iam concordar, mas há uma hora em que a gente tem que sair de debaixo das asas da mãe, e voar com as nossas próprias, eu tentaria explicar isso pra eles, concordando ou não, eu iria. Já tinha vinte anos, grandinha o suficiente pra ser dona do meu próprio nariz.

Liberdade era um sonho pra mim, que agora mais do que nunca, eu estava disposta a faze-la se tornar realidade.

Amor Fora Da Lei [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora