Volume 4Hajime e Kaori olharam para os veleiros. Mesmo na Terra, os primeiros veleiros não poderiam se igualar a escala gigantesca do que eles viam.
Com não menos do que 300 metros de comprimento, tão grande quanto um prédio de dez andares, ele só era parcialmente visível do chão. Ao longo de seu casco, decorações magníficas estavam colocadas. Apesar de estarem apodrecendo, elas ainda passavam uma impressão forte que te faziam querer admira-las. Nos navios de madeira, Hajime, que também era especialista em fazer as mesmas decorações, estava relutantemente impressionado com a extensão dos detalhes delas, e não podia fazer nada além de admirar o tempo e esforço que os artesãos depositaram nessa criação.
Enquanto abraçava Kaori, Hajime pulou usando ‖Aerodinâmica‖ e aterrissou no topo do cruzeiro de luxo. Então, como era de se esperar, o ambiente começou a se distorcer.
(Hajime): “De novo? Kaori fique alerta. Algo está prestes a acontecer”
(Kaori): “Un. Parece tudo bem para mim”
Hajime sentiu que a resposta descontraída de Kaori não era adequada para alguém ainda no meio da exploração de um |Grande Calabouço|. Ficou claro que a tensão de Kaori tinha caído drasticamente. Mesmo que ela ainda estivesse sorrindo, Hajime podia dizer que era diferente do seu sorriso usual. Ele tinha certeza que ela não estava fazendo de propósito, mas sua nova atitude distraída não era boa para a atual situação deles. Ela devia ao menos ficar atenta até a exploração das |Ruínas Submersas Merujiine|[1] ser concluída, Hajime pensou enquanto coçava sua bochecha.
Hajime fez uma rápida análise do ambiente alterado, desta vez, parecia que eles estavam em cima de um luxuoso cruzeiro zarpando para o mar.
Atualmente no horário da noite, com a lua cheia brilhando no céu. O cruzeiro de luxo estava brilhando com faíscas de luz, e no convés havia vários arranjos imitando um bufê alinhados com muitas pessoas que estavam conversando enquanto comiam a comida com aparência deliciosa.
(Hajime): “Isto é uma festa... não é?”
(Kaori): “Haa, isso é com certeza deslumbrante. Nós confundimos o conceito de Merujiine?”
Hajime e Kaori estavam de pé em um terraço elevado, provavelmente uma área reservada para a tripulação, enquanto olhavam para baixo, para o enorme convés, tentando entender a diferença entre esta festa alegre e a cena sinistra que eles testemunharam na última vez.
Assim, justo quando eles decidiram descansar um pouco, a porta atrás deles se abriu e vários marinheiros conversando saíram. Ao invés de arriscar perder esta chance enquanto descansavam, eles decidiram se misturar com os marinheiros e escutar suas conversas.
Ao escutar as histórias dos marujos, eles descobriram que esta festa marítima, aparentemente, estava sendo feita para celebrar o fim da guerra. A guerra que continuou por tantos anos, ao invés de acabar com invasão e aniquilação, foi resolvida com a assinatura de um tratado de paz. Os marinheiros pareciam felizes, e se eles olhassem com atenção, os dois seriam capazes de ver que não havia apenas humanos no deque, mas também ⌊Demônios⌋ e ⌊Demi-Humanos⌋. Sem distinção entre raças, todos estavam livremente conversando entre si.
(Hajime): “Houve uma era como esta, não houve?”
(Kaori): “Certamente, essa foi uma grande conquista para todas essas pessoas por se esforçarem tanto pelo fim da guerra. Embora eu não tenha certeza de quantos anos se passaram desde o fim da guerra, com toda certeza, nem todos os sentimentos negativos se apagaram, mesmo assim, eles ainda foram capazes de rir abertamente…”
(Hajime): “As pessoas ali embaixo certamente devem ser parecidas com aquelas que deram o seu melhor para encerrar a guerra. Todos são diferentes, ver isto não significa necessariamente que todos sejam capazes de rir juntos tão cedo”
(Kaori): “É verdade…”
Sendo capturados na atmosfera e as expressões animadas das pessoas, Hajime e Kaori também relaxaram naturalmente. Depois de um tempo, eles viram um homem idoso subindo em um palco preparado no convés. Havia um senso de respeito nos olhos das pessoas assim que eles o notaram no palco, e eles abruptamente pararam de falar para se concentrar nele.
Havia outro homem que parecia ser um auxiliar de pé, perto do homem idoso, mas, por algum motivo, ele estava vestindo um capaz e tentando se misturar com o plano de fundo. Dada a ocasião, Hajime pensou que a aparência dele era um pouco grosseira... contudo, não parecia que mais ninguém estava preocupado com o homem encapuzado.
Eventualmente, quando todo o falatório desapareceu, o homem idoso começou seu discurso.
(??? A): “Cavalheiros, aqueles que desejaram por paz, as valentes almas que participaram da guerra arriscando suas vidas, são os mensageiros da paz. Hoje, neste lugar, eu realmente sinto que é um grande fortúnio para todos nós sermos capazes de nos reunirmos aqui. Foi uma guerra que começou há muito tempo, até para a minha geração, ainda assim, nós fomos capazes de nos aliarmos pela paz depois de trazer um fim para a guerra. Ver tal sonho se tornando realidade... meu coração ainda palpita”
Todos estavam escutando em silêncio enquanto o velhote falava. Enquanto o discurso continuava, eventos como dúvidas, encontros inesperados e incidentes se tornaram apoios em direção à paz. Ele falou sobre aqueles que frequentemente foram imprudentes em suas tentativas de superar isto, e os amigos que se separaram durante o conflito... enquanto o discurso prosseguia, os olhos de todos começaram a olhar para longe, ansiando por aqueles que faziam falta e segurando as lágrimas nos cantos de seus olhos, resistindo a vontade de deixá-las escorrerem.
Parecia que o homem velho era o Rei dos humanos. Entre os humanos, mesmo nos estágios iniciais da guerra, parecia haver um movimento nos bastidores em busca da paz. As pessoas agora acenavam para mostrar seu respeito.
Finalmente, parecia que o discurso tinha acabado. O Rei ainda parecia estar animado depois de seu discurso, o clima no convés também estava bastante agitado. Entretanto, Hajime foi assolado por um mau pressentimento. Algo parecia errado, ele viu a expressão do Rei um pouco antes de todos.
(Rei): “... e assim, um ano se passou desde a assinatura do tratado de paz… foi tudo tão tolo”
Com as palavras do Rei, por um momento, a multidão pareceu confusa, Hajime pensou que tinha ouvido errado. Todos estavam trocando olhares em confusão. Enquanto isso, o discurso exaltado do Rei continuou.
(Rei): “Sim, foi genuinamente tolo. Ver ambas as feras e os hereges falando sobre o futuro e bebendo juntos, que ridículo. Vocês entendem cavalheiros? É isso mesmo, eu estou falando de vocês”
(??? B): “O que diabos você está dizendo Aleist!? Droga, qual o problema em dize-... gaah!?”
Com a súbita mudança do Rei Aleist, um dos ⌊Demônios⌋ que estava agitado se levantou e parou diante dele. Então, assim que ele tentou questionar o Rei Aleist… o resultado repentino foi uma espada aparecendo de seu peito.
O homem da raça dos ⌊Demônios⌋ que foi esfaqueado, olhou por sobre seu ombro para ver as expressões assustadas dos humanos. Ao olhar para os rostos deles, você poderia dizer que eles estavam realmente surpresos. Com uma expressão final de descrença, o homem da raça dos ⌊Demônios⌋ caiu.
Gritos surgiram e o convés inteiro entrou em um alvoroço. “Sua Majestade!”, gritaram vários homens e mulheres enquanto corriam em direção ao corpo caído do homem da raça dos ⌊Demônios⌋.
(Aleist): “Bom, cavalheiros, como eu declarei inicialmente, eu realmente estou feliz por trazer todos aqui esta noite. Nós vamos criar um país livre das raças que foram abandonadas por Deus, onde todos poderão ser iguais. Desde o Gênesis[2] há apenas um Deus, ‘Ehito-sama’. Aqueles que viraram suas costas para ele, insensatamente adorando um falso Deus, tais pagãos não devem ter permissão para partir! Isso vai acabar hoje!
O único caminho para a paz é através da destruição de todos os infiéis! Portanto, neste dia, enquanto nos livramos dos líderes dos não-crentes, eu não posso me impedir de me alegrar! Agora, servos de Deus, entreguem o julgamento a esses pagãos com o martelo da justiça! Aah! Ehito-sama, por favor, observe nosso trabalho!”
A risada do Rei Aleist ecoou enquanto ele se ajoelhava e encarava o alto, em direção aos céus. No momento que ele deu o sinal para os Soldados, que estavam vestidos como marinheiros, eles cercaram completamente o local da festa no convés.
O deque estava posicionado no meio do navio, prensado entre um mastro gigante e a estrutura principal, dez andares que se espalhavam da frente para trás. Se você os observasse, os Soldados estavam ocupando a armação no terraço e no mastro, organizada de tal forma que eles poderiam focar nos alvos abaixo deles. No meio do mar, não havia lugar para eles escaparem, a vantagem geográfica estava totalmente do lado dos Soldados. Hajime já estava consciente disto, mas as expressões de desespero dos líderes dos países mostravam que só agora eles estavam percebendo este fato.
Em um instante, toda a magia finalmente foi liberada e o convés foi bombardeado. Apesar dos passageiros lutarem desesperadamente, eles estavam em desvantagem... foi um massacre unilateral, e aqueles que resistiam eram abatidos.
Daqueles que correram em direção ao interior do navio, a maioria foi morta enquanto corria. O deque mudou completamente para um mar de sangue em apenas um instante.
(Kaori): “Ugh”
(Hajime): “Kaori…”
Kaori cobriu sua boca com uma das mãos para conter a náusea enquanto ela se inclinava na balaustrada[3]. A cena foi tão macabra que não foi estranho que Hajime estendesse sua mão e oferecesse seu apoio a Kaori.
Parecia que o Rei Aleist se sentia um caçador enquanto ele se juntava a seus subordinados na perseguição dos poucos que fugiram para dentro do navio.
O homem encapuzado seguiu o Rei para dentro do navio. Pouco antes de ele entrar, ele se virou e olhou para trás, para o convés. Nesse instante, um tufo de cabelo prateado escapou da borda de seu capuz e brilhou forte com a luz da Lua. Seus olhos escondidos se encontraram, e, por um momento, Hajime pensou que eles estavam sendo vistos.
O ambiente se distorceu de novo, aparentemente, o |Calabouço| só queria mostrar a eles a cena anterior, Hajime e Kaori logo voltaram para cima do degradado cruzeiro de luxo.
(Hajime): “Kaori, descanse um pouco”
(Kaori): “Não, eu estou bem. Apesar de ter sido intenso... eu me pergunto se isso foi realmente o fim desse desafio... nós nem chegamos a fazer nada”
(Hajime): “Eu acho que este cemitério de navios é o ponto final. Embora não possamos explorar o mar além da barreira... se você pensar normalmente sobre isso, as pessoas que quisessem prosseguir para as profundezas do mar precisariam usar o navio. Quem sabe testemunhar essa cena fosse o propósito da visão. Queimar o horripilante trabalho dos Deuses em sua memória, assim você se sentiria obrigado a explorar este navio como resultado. É uma ideia bastante sórdida, especialmente para as pessoas deste mundo”
O povo deste mundo, embora poucos pudessem chegar até esse local, tinham fé nos Deuses. Mostrar a eles um resultado tão horripilante de sua fé... certamente iria ser uma tortura para um espírito gentil, e o ponto vital explorado neste |Calabouço| era o poder da magia que afetava profundamente o estado mental da pessoa. Nesse sentido, era o contrário do visto no |Grande Calabouço Raisen|. Foi apenas por Hajime vir de outro mundo que o resultado de sua pressão mental foi muito baixo.
Hajime e Kaori olharam para o deque com uma expressão indicando relutância ao se lembrarem do massacre sinistro que aconteceu ali. Entretanto, no caso de Hajime, seu rosto parecia mais como se ele estivesse se lembrando de uma falta dura em uma partida de futebol.
Fortalecendo sua determinação, os dois pularam para o convés e seguiram para a porta perto da qual o Rei Aleist entrou sabe-se lá há quanto tempo.
O interior do navio estava completamente cercado pela escuridão. Como o exterior estava radiante, não seria estranho que a luz entrasse pelas fissuras da madeira podre, mas, por alguma razão, não havia nenhuma luz. Com o objetivo de avançar pela escuridão, Hajime pegou uma lanterna da [Caixa do Tesouro].
(Kaori): “Aquela cena de mais cedo... mesmo a guerra já tendo acabado... eu me pergunto, o Rei realmente traiu eles?”
(Hajime): “Foi isso o que pareceu... contudo, não foi um pouco estranho? Quando ele subiu no palco, as pessoas olharam para ele com olhos cheios de amor e respeito... se você realmente odiasse ⌊Demônios⌋ e ⌊Demi-Humanos⌋, você seria mesmo capaz de receber um respeito tão profundo?”
(Kaori): “Isso é verdade... baseado na forma como aquelas pessoas estavam falando dele, parece que houve uma mudança súbita em algum momento durante o ano após o fim da guerra... o que poderia ter acontecido para causar uma mudança tão drástica?”
(Hajime): “Bem, sem dúvidas, eles estavam lutando por seus Deuses, eles estavam gritando alto o suficiente. Eles transmitiram um sentimento quase de loucura”
(Kaori): “Yeah, eles pareciam como Ishtar-san, abusando de suas religiões para menosprezar os outros. Isso é patético, não é?”
Aparentemente, da perspectiva da garota do ensino médio, o Papa da ⟦Igreja dos Santos⟧ era uma pessoa patética. No entanto, Hajime só teve um minúsculo sentimento de simpatia por ele ao ouvir isso. Os dois continuaram em frente, ainda pensando sobre a cena anterior, até que eles encontraram algo brilhando em resposta a luz de Hajime.
Hajime e Kaori pararam e observaram enquanto a luz lentamente se aproximava deles. Quando ela se aproximou o bastante, eles podiam ver que era uma garota com um vestido branco esvoaçante. Ela estava no corredor na frente deles e ficou parada ali, balançando ligeiramente com sua cabeça olhando para baixo.
Kaori e Hajime sentiram algo desagradável e tremeram violentamente. A expressão de Kaori ficou particularmente rígida enquanto Hajime, decidindo que uma garota comum não estaria em um local deste, apontou [Donner] em sua direção com intenção assassina.
Instantaneamente, a garota caiu no corredor com um baque suave. Então, em um ângulo impossível para as articulações de um humano normal, ela se ergueu sobre suas mãos e pés como uma aranha e se lançou contra eles!
(Garota): "Ketaketaketaketaketaketaketaa!"
Sua risada bizarra ecoou pelo corredor. Olhos brilhantes, exatamente como os das lendas urbanas, os encararam por entre suas franjas, enquanto Hajime atirava na figura que se aproximava.
(Kaori): “NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!”
(Hajime): “Wah!? Se acalme Kaori! Não agarre meu braço!”
Exatamente como o padrão desta situação indicava, Kaori se agarrou a Hajime e soltou um grito. A garota se aproximando deles riu dela de modo zombeteiro. Hajime, que estava tentando atirar na garota com [Donner], teve sua mira alterada por culpa de Kaori, se agarrando nele.
(Garota): “Kegya!!”
Em um momento, a garota estava nos pés de Hajime. Então, com seu grito bizarro, ela saltou diretamente para o rosto de Hajime.
Hajime relutantemente desistiu de tentar atirar, e, ao invés disso, desferiu um chute mortal diretamente em seu estômago enquanto ela ainda ria. Como precaução, ele se envolveu com magia e usou o ‖Grande Chute‖ para realizar o golpe.
No momento que o chute de Hajime atingiu o estômago dela, a garota foi lançada contra a parede, quicando várias vezes e parando no fim do corredor. Seus braços e pernas estavam em uma posição ainda mais anormal, assim, ela lentamente desapareceu, como se estivesse se fundindo com a escuridão.
Hajime suspirou e então deu uma tapa na cabeça de Kaori, que ainda tremia e se agarrava a ele. Kaori olhou para Hajime, uma expressão de medo ainda em seu rosto. Lágrimas estavam visíveis em seus olhos enquanto sua boca soltava um pequeno guincho, qualquer um poderia ver que ela ainda estava aterrorizada.
(Hajime): “Hey, Kaori, você não gosta desse tipo de coisa macabra?”
(Kaori): “Há alguém que gosta desse tipo de coisa!?”
(Hajime): “Você não ficaria bem se pensasse nelas apenas como aparições?”
(Kaori): “… gusuu, eu vou dar o meu melhor”
Assim que Kaori prometeu, ela se separou de Hajime, contudo, ela ainda não soltou sua mão das roupas do garoto.
Desde mais cedo, ela estava preocupada com o que dizer a Hajime, ela parecia mais reservada do que o habitual, mas agora, um forte desejo residia em seus olhos. Ela absolutamente não se permitiria se separar dele! Era um tipo de desespero, enquanto simultaneamente, era uma expressão de seu amor por ele.
Após Kaori terminar de reunir sua determinação, a porta à frente deles no corredor foi aberta com um estrondo. Do outro lado da porta havia incontáveis manchas de sangue no piso, e quando eles olharam para cima, eles viram a cabeça de uma mulher com cabelos longos e molhados pendurada no teto e olhando para baixo, para eles. Ao mesmo tempo, eles ouviram um barulho e se viraram para ver um homem sem cabeça arrastando um machado pelo chão.
Hajime desferiu outro de seus chutes no homem sem cabeça e preparou sua arma para dar sequência ao ataque, mas não houve necessidade. O homem sem cabeça já estava morto com o chute.
(Kaori): “Chega... eu quero voltar agora... eu quero ver Shizuku-chaaaan”
Assim que eles continuaram seguindo para o interior do navio, os estranhos fenômenos ficaram mais e mais violentos, o que fez Kaori voltar a ser uma criança, se agarrando as costas de Hajime e se recusando a sair dali.
Desde que Kaori era pequena, ela sempre considerava Shizuku como sua cavaleira e protetora sempre que entrava em casas assombradas ou tinha que lidar com Kouki e os garotos. Entretanto, esses sentimentos nunca cruzaram a fronteira e se tornaram um yuri.
Merujiine, a fundadora das |Ruínas Submersas Merujiine|, parecia tentar encurrala-los emocionalmente. Hajime, que sobreviveu ao Abismo, já tinha experiência ao ser cercado pela escuridão e realmente não via muita dificuldade na situação, embora ele entendesse como seria difícil para alguém com uma mentalidade mais normal lidar com tudo isso. Contudo, ele não podia imaginar Tio ou Yue soluçando com tais surpresas.
Isso foi até pouco tempo atrás, quando Kaori, enquanto ainda chorava e flertava, se separou dele e começou a repelir os horrores usando sua ‖Magia de Cura‖. Vendo a súbita mudança de atitude, Hajime queria retorquir, "Para onde a garotinha assustada e perdida de mais cedo foi?", enquanto a observava. Conforme eles avançavam, Kaori começou a ficar mais instável novamente, mas, juntos, eles eventualmente chegaram no porão[4] do navio.
Eles atravessaram as pesadas portas abertas. Eles seguiram para o fundo do porão do navio, se movendo entre a carga escassa. Contudo, antes que eles se afastassem muito, as portas atrás deles se fecharam com um alto ] boom! [.
(Kaori): “Pii!?”
Kaori soltou uma voz estranha com o som inesperado e Hajime começou a se preocupar se ela ainda estava com a importante conversa em sua mente sobre o que fazer depois de terminarem este |Calabouço|. Não foi a primeira vez que este pensamento cruzou sua mente.
Entretanto, Hajime só suspirou e começou a calmamente acariciar os ombros da garota. Porém, a eficiência desta tática foi interrompida quando uma névoa espessa começou a lentamente bloquear o campo de visão deles.
(Kaori): “Ha-Ha-Ha-Ha-Ha-Hajime-kun!?”
(Hajime): “Você está começando a soar como uma estrangeira animada. Não se preocupe, só lide com isso como sempre. Você vai ficar bem se apenas esmagar a todos com sua magia”
No momento que Hajime respondeu, eles escutaram o ressoar de algo cortando o vento, voando na direção deles. Hajime se moveu como um raio e bloqueou o ataque mirado em seu pescoço com seu braço esquerdo. Quando ele abaixou seu braço, eles puderam ver um fio extremamente fino preso nele. Eles não tinham tempo para encarar, logo houve o som contínuo do ar sendo cortado como se flechas voassem de todos os lados.
(Hajime): “Chegar tão longe apenas para encontrar uma armadilha? É tão repulsivo! Isso é típico desses malditos ⟦Libertadores⟧!”
(Kaori): “Avante, guardião da luz. ‖Luz Absoluta‖!”
Hajime foi pego de surpresa por um momento, entretanto, como elas eram apenas armas primitivas, Kaori foi capaz de bloqueá-las com sua magia defensiva. Pouco depois, a névoa à frente deles começou a girar violentamente e uma feroz tempestade assaltou Hajime e Kaori.
(Kaori): “Kya!?”
Kaori foi atirada para longe, dentro da tempestade, sua imagem gritando desapareceu dentro da neblina. Hajime ficou com uma cara azeda enquanto tentava encontrá-la usando suas habilidades de detecção. Infelizmente, parecia que a névoa tinha uma função que inabilitava esse tipo de habilidades, de forma parecida com o interior do |Mar de Árvores Haltina|, assim, ele rapidamente perdeu a localização dela.
(Hajime): “Che. Kaori, não se mova!”
Com uma cara irritada, Hajime chamou Kaori, mas ao invés da garota, um ⌈Cavaleiro⌋ carregando uma espada longa apareceu de dentro da neblina na frente dele. Usando uma técnica incomum, ele investiu ferozmente e atacou Hajime com sua espada.
Bloqueando o ataque calmamente com [Donner], ele atingiu o peito de seu enorme oponente com [Schlag], então disparou uma bala mágica em seu estômago com [Donner]. Um buraco se abriu no estômago do ⌈Cavaleiro⌋ e ele silenciosamente desapareceu dentro da neblina.
Entretanto, na mesma hora, uma linha de ⌈Espadachins⌋ e ⌈Cavaleiros⌋ com força anormal emergiu da névoa. Esses guerreiros tinham uma grande variedade de armas, e usavam a neblina para lançar ataques em Hajime, um após o outro, desaparecendo na névoa depois de cada ataque.
(Hajime): “Droga, tão problemático…”
Hajime estava preocupado por ele não poder ouvir a resposta de Kaori. Enquanto praguejava, ele expandiu as balas mágicas vermelhas ao redor de seu corpo como se fosse um satélite. Ao mesmo tempo, ele ativou a ‖Velocidade da Luz‖ e rapidamente limpou seus arredores.
Mudando para o ponto de vista de Kaori, com Hajime desaparecendo de sua vista, ela estava achando difícil manter sua fachada valente. Kaori era realmente ruim com o horror, seria muito difícil superar sua crise atual mesmo sob condições normais, mas agora, seu corpo queria congelar só pelo medo de estar sozinha. Junto de seu poderoso complexo de inferioridade, apesar de ela não admitir isso a si mesma, tudo o que ela queria fazer era se abraçar e chorar.
Kaori se repreendeu, ela não podia se deixar ser vista se acobardando assim, e forçou seu corpo a se levantar. Assim que se levantou de novo, ela sentiu uma mão em seu ombro. Hajime frequentemente a encorajaria ao esfregar o ombro dela. Vencida pela felicidade, Kaori se viu se virando com alegria.
(Kaori): “Hajime-ku-”
Contudo, assim que ela se virou, Kaori notou que algo estava errado com a mão em seu ombro. Para ser mais preciso, ela parecia fina e fria demais. Kaori sentiu arrepios em sua espinha assim que sua intuição a avisou que o que estava atrás dela não era Hajime.
Se não era Hajime, então quem era? Continuando a se virar, agora como uma máquina enferrujada, Kaori viu. Olhos, nariz, boca... e então ainda mais buracos. Era o rosto de uma mulher tingido de escuridão tão negra quanto o abismo.
(Kaori): “Fuwaaaah”
O espírito de Kaori foi destruído em um instante, e seus instintos defensivos a deixaram inconsciente.
Nos dois minutos que Kaori precisou para se levantar e depois desmaiar, Hajime já tinha destruído 50 guerreiros fantasmas. Esta era apenas a estimativa aproximada dele ao matar um dos guerreiros a cada dois ou três segundos.
Justo quando ele estava começando a pensar que tinha se livrado de todos eles, um enorme homem empunhando uma espada grande saiu da névoa, disparando em linha reta contra ele e desferindo um golpe que carregava uma enorme força.
Hajime desviou do ataque com o menor movimento de seu corpo. Contudo, as coisas ainda não tinham acabado. O guerreiro trouxe sua espada grande de volta para o ar usando o coice de seu ataque no chão e se moveu para atacar de novo.
Hajime respondeu ativando ‖Vajra‖, parando o golpe com seu braço mecânico e pulando com seus joelhos na espada, a tirando das mãos de seu oponente e a prendendo contra o chão. Assim, com um movimento rápido, ele ergueu seu revólver e disparou uma bala mágica contra a cabeça do enorme homem.
Ao mesmo tempo que a cabeça do homem foi destruída, a neblina no ambiente começou a desaparecer.
(Hajime): “Kaori! Onde está você?”
Hajime focou todos os seus sentidos para encontrar a presença de Kaori. Porém, mesmo sem fazer isso, Kaori foi facilmente localizada.
(Kaori): “Eu estou bem aqui, Hajime-kun”
(Hajime): “Kaori, você está bem?”
Hajime suspirou de alívio ao ver Kaori caminhando na direção dele com um sorriso. Assim que Kaori chegou a seu lado, ela se aninhou contra ele com um lindo sorriso.
(Kaori): “Isso foi... muito assustador…”
(Hajime): “Foi mesmo?”
(Kaori): “Un. É por isso que eu quero ser confortada”
Assim que ela disse isto, Kaori jogou seus braços ao redor do pescoço de Hajime e o abraçou. Em uma distância tão pequena, eles estavam praticamente tocando seus narizes, Kaori localizou a boca de Hajime com seus olhos e começou a se aproximar cada vez mais…
] Gotsu [
Com esse som, o cano de [Donner] se encontrou com a têmpora de Kaori.
(Kaori): “Qu-quê?”
Kaori parecia confusa enquanto Hajime apertava seus olhos brutais e direcionava intenção assassina contra ela.
“O quê? É claro que eu matarei meus inimigos, não importa a aparência deles”, e sem um momento de hesitação, ele puxou o gatilho.
] Karankara [
Houve o som de uma faca atingindo o chão, ela caiu da mão de Kaori quando ela foi alvejada. Ela pretendia esfaqueá-lo nas costas enquanto se abraçava com ele. Com passos firmes, Hajime se aproximou da caída Kaori.
Se levantando de novo, Kaori começou a falar com Hajime com uma voz apavorada e trêmula.
(Kaori): “Hajime-kun, por que você faria algo assim!?”
Entretanto, a resposta de Hajime foi disparar outra bala mágica em Kaori.
(Hajime): “Não se atreva a falar com a voz de Kaori! Não degrade o corpo dela ao se mover com ele! Você achou que eu não veria a verdade? Você não é nada além de um pedaço de lixo possuindo o corpo dela”
O [Olho Mágico] de Hajime já tinha revelado a ele que havia uma mulher fantasma possuindo Kaori.
Com a verdade claramente exposta, Kaori, que até um momento atrás estava acobardando-se no chão, instantaneamente mudou sua expressão e deu uma gargalhada zombeteira.
(Espírito): “Nyahahaha, mesmo que você saiba a verdade, isso não importa. Você não pode fazer nada... o corpo desta garota já é meu!"
Enquanto ela dizia isto, a Kaori possuída se ergueu e empurrou Hajime para o chão, acabando montada em cima dele.
(Espírito): “Espere, o que você está fazendo? Esta é sua mulher! Você planeja machucá-la!?”
(Hajime): “Cale a boca! Você está me deixando com dor de cabeça. Eu não te falei para não se mover? Eu não vou machucar Kaori, as balas mágicas vão passar diretamente pelo corpo dela, a única que irá sofrer é você”
(Espírito): “Se eu desaparecer, a alma desta mulher vai se despedaçar! Está mesmo tudo bem para você!?”
Com essas palavras, Hajime inclinou sua cabeça pensando. Apesar de existir uma boa chance de não ser um blefe, não havia como verificar se isso era verdade.
A maioria das pessoas provavelmente ficaria encurralada com a indecisão nesta situação, a Kaori possuída estava esperando isto? Ela estava dando sua risada de novo, enquanto gesticulava para ele se afastar. Vendo isto, Hajime deu sua resposta a ela.
] Zupaaaan! Zupan! [
Foi um par de balas mágicas. A expressão da Kaori possuída estava tão chocada que não era possível saber se ela sentiu alguma dor. Logo, sua expressão mudou para uma de frustração enquanto ela gritava com Hajime furiosa.
(Espírito): “Você está louco!? Você não se importa com o que aconteça com esta mulher!?”
(Hajime): “Calada sua pilha de lixo! Se eu não atacar, o corpo de Kaori vai continuar possuído. Contudo, contanto que você não seja morta, a alma dela não será afetada, não é? Até que você sinta vontade de abandonar o corpo dela, tudo vai ficar bem se eu apenas te torturar sem te matar”
A mulher fantasmagórica ficou sem palavras ao ouvir isso. Quando ela olhou nos olhos de Hajime, ela foi atingida pela intenção assassina que residia lá.
(Hajime): “Eu vou fazer você se arrepender de pensar que poderia tocar no que é 'importante' para mim. Mesmo que você seja uma inimiga, eu não te matarei, eu não te deixarei experimentar o alívio da morte. Eu vou garantir que você não possa escapar do corpo de Kaori mesmo se você quiser. Eu vou te forçar a sofrer até ficar louca com a dor”
Magia vermelha fluiu do corpo de Hajime, seus cabelos brancos foram pegos pelos turbilhões de vento e lentamente começaram a balançar com a energia. Não havia raiva, sede de sangue ou insanidade em seus olhos, eles eram como pedras de gelo.
Hajime estava furioso, mais do que já esteve antes. Ele não ficaria satisfeito apenas ao matar sua inimiga desta vez, ela teria que passar por uma crueldade digna das profundezas do inferno.
A fantasma possuindo Kaori era densa demais para perceber que comprou uma briga com alguém que ela nunca deveria ter perturbado. Só agora, quando ela sentiu seu olhar preso nos olhos de Hajime, ela finalmente percebeu o que despertou: um monstro, um que você normalmente rezaria para nunca encontrar.
Com o cano de [Donner] mais uma vez pressionado contra sua testa, a mulher fantasma sinceramente implorou para ser libertada. Mesmo que tudo o que ela conseguisse fosse permissão para desaparecer um segundo mais cedo, quando ela imaginou o que este monstro provavelmente faria com ela, até um segundo parecia uma bênção.
Ela era apenas um fantasma comum. Apesar de ela parecer ter uma essência persistente maior do que qualquer outra aparição que eles encontraram, em face desta atmosfera, isso não significava nada. A fúria fria que Hajime transmitia era simplesmente aterrorizante demais.
(Espírito): “Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer! Euquerodesaparecer!”
Os soluços da fantasma ecoaram alto enquanto o dedo de Hajime se movia para puxar o gatilho, quando subitamente o corpo de Kaori começou a brilhar. Era o brilho da ‖Magia de Cura‖ que restaurava todos os estados anormais, ‖Dez Mil Céus‖, que Kaori preparou com antecedência como uma precaução usando a habilidade ‖Invocação Tardia‖.
Enquanto ficava aturdida pela sensação de alívio inacreditável, a fantasma escutou uma voz dentro dela.
(Kaori): “Está tudo bem, eu vou te enviar embora corretamente”
Junto a essas palavras, a luz brilhante e completamente branca se intensificou. A fantasma sentiu medo enquanto a luz a envolvia, a carregando gentilmente em direção aos céus. Entretanto, enquanto ela gradualmente seguia para o próximo mundo e sua consciência começava a desaparecer, ela foi tomada por uma sensação de paz e alívio.
Com uma batida de mãos, Kaori a mandou embora e lentamente começou a abrir suas pálpebras trêmulas. Hajime, que ainda estava debaixo de Kaori, montada nele, olhou diretamente para os olhos da garota. Desde que a garota começou a brilhar, a fraca presença da existência da fantasma foi refletida no [Olho Mágico] de Hajime. Por ora, ele suprimiu sua intenção assassina e focou em confirmar se a fantasma tinha realmente deixado Kaori.
Os rostos deles estavam muito próximos, e com Hajime deitado embaixo dela, o olhar dele estava repleto de uma mistura de alívio e preocupação enquanto focava seus olhos intensamente nas pupilas dela, isso seria o bastante para deixar qualquer um comovido.
Gentilmente abaixando sua cabeça, Kaori pressionou seus lábios contra os de Hajime. Foi apenas o mais puro encontro de lábios, mas para Kaori, esse ainda foi seu precioso primeiro beijo.
O corpo todo de Hajime ficou rígido pela surpresa por um momento. Com o objetivo de se certificar que Kaori estava livre, Hajime usou quase toda a sua concentração examinando ela. Com sua mente tão distraída, naturalmente, não foi possível para ele desviar do beijo.
Depois de um tempo, Kaori gentilmente separou seus lábios.
(Hajime): “O que você está…”
(Kaori): “Talvez esta seja minha resposta?”
(Hajime): “Sua resposta?”
(Kaori): “Un. Por que eu segui você? Por que eu quero continuar seguindo você? Esta é minha resposta para as perguntas de Hajime”
Quando ela disse isto, Kaori sorriu para Hajime. Era o sorriso que ele sempre a via exibindo, caloroso como um raio de luz do Sol. Desde que eles chegaram neste |Calabouço|, ele estava ofuscado e coberto por uma risada forçada, mas agora, ele brilhava mais uma vez.
Na verdade, Kaori ainda manteve sua consciência enquanto estava possuída, embora parecesse que ela estava assistindo o mundo exterior dentro de uma sala de vidro. Ela ainda foi capaz de ver Hajime em seu estado de fúria nunca antes visto, dizendo coisas como Kaori ser "importante" para ele. Isso foi transmitido pela fantasma e chegou até seu coração.
Com a cena deste Hajime, uma tristeza insuportável surgiu no peito dela, mas, ao mesmo tempo, ela sentiu a paixão febril de quando se confessou a ele.
Se ela quisesse explicar isso, era um sentimento de egoísmo, de sempre querer ser tolerante, sempre fazê-los vivamente conscientes de sua presença. No meio do círculo de garotas que Yue permitia que rodeasse Hajime, Kaori achava inaceitável que ela não fosse permitida a ter ele só para si, mesmo assim, ao mesmo tempo, ela não queria imaginar um futuro onde ela não estivesse ao lado de Hajime.
Ela queria fazê-las reconhecer que, mesmo que suas capacidades estivessem longe de Yue e as outras, seus sentimentos não eram menores.
(Kaori): “Eu gosto de Hajime-kun, não, eu te amo. É por isso que, a partir daqui, eu quero que nossos futuros estejam interligados”
(Hajime): “Isso não vai apenas te deixar amargurada? Exatamente como é com Shia, mesmo que Yue não esteja aqui, isso não significa necessariamente que eu vou corresponder seu amor”
(Kaori): “É verdade, provavelmente, isso será doloroso às vezes… eu quero ser monopolizada, eu quero que você olhe apenas para mim. Eu sinto tanta inveja de Yue às vezes, e tão inferior quando eu me comparo a ela”
(Hajime): “Se é esse o caso…”
(Kaori): “Mas eu vou apenas me arrepender se eu me permitir me separar de você aqui, eu tenho certeza disso. Para mim, só por estar perto de Hajime é maravilhoso... e é assim que eu sempre me senti. Com o tempo, eu quero diminuir a distância entre nós ainda mais, mas, por ora, isto é o suficiente”
Beliscando as bochechas de Hajime com ambas as mãos, Kaori sorriu suavemente.
A expressão no rosto de Hajime era uma mistura de preocupação e surpresa, mas Kaori decidiu por conta própria, e se ela acreditava que essa era a melhor decisão para si mesma, Hajime não diria nenhuma palavra. Cada pessoa tem sua própria ideia de felicidade, decidir a felicidade de Kaori por ela era algo que ele não faria, nem algo que ele queria fazer.
(Hajime): “… entendo. Se Kaori está bem com isto, então eu não direi mais nada”
(Kaori): “Un. Apesar de eu provavelmente causar muitos problemas, por favor, não me odeie, ok?”
(Hajime): “O que você está dizendo depois de tanto tempo? Desde nossa época na escola até agora neste mundo, você sempre foi uma terrível causadora de problemas”
(Kaori): “Isso não é verdade!”
(Hajime): “Sério? Na escola, você nunca lia a situação e casualmente aparecia para falar comigo, completamente inconsciente das bombas que você atirava para todos os lados, e nunca percebia que, em todas as vezes, os rapazes ao nosso redor iriam ferver de raiva. E não vamos esquecer quando uma senhorita usando um négligé[5] decidiu visitar o quarto de um homem no meio da noite…”
(Kaori): “Uu, eu me lembro, tudo o que eu queria fazer era falar com você… un, foi realmente constrangedor quando eu percebi mais tarde que eu fui até o seu quarto vestida daquela forma”
Enquanto Kaori estava cobrindo seu rosto corando com ambas as mãos, Hajime se levantou e ofereceu a ela sua mão. Assim, com uma risada, ele esfregou o ombro de Kaori gentilmente, e começou a caminhar em direção ao círculo mágico que começou a brilhar dentro do depósito assim que a névoa se dissipou.
Contudo, ele foi impedido por Kaori, segurando com força a manga de sua roupa. Se ele olhasse atentamente, poderia ver que ela ainda estava um pouco fraca. Aparentemente, a possessão tinha entorpecido os sentidos de seu corpo. Agora que seu corpo foi libertado, com sorte, não levaria muito tempo para ela voltar a seu estado normal.
(Hajime): “Vamos descansar um pouco”
Hajime sugeriu isto, mas parecia que Kaori tinha uma ideia própria e, com um sorriso, ela pulou nas costas de Hajime.
(Hajime): “… o que você está fazendo?”
(Kaori): “Não é melhor se continuarmos depressa? Eu não sei quando meu |Poder Mágico⟩ vai voltar, e se nós ficarmos por aqui, a neblina certamente voltará, não é?”
Definitivamente havia alguma verdade nas palavras dela, assim, Hajime respondeu com um "Não há o que fazer", enquanto coçava sua cabeça, e caminhava em direção ao círculo mágico carregando Kaori.
Kaori envolveu seus braços ao redor do pescoço de Hajime e se agarrou com força nas costas dele. Apesar de ele não dizer nada, Hajime estava dando o seu melhor para ignorar a sensação macia que pressionava suas costas.
Kaori se moveu perto o bastante para que ele pudesse ouvir sua respiração em seu ouvido. Os lábios dela, próximos o bastante para quase tocar seu lóbulo da orelha, se abriram gentilmente e um som suave reverberou dentro de seus ouvidos.
(Kaori): “Hajime-kun… eu quero te perguntar algo sobre o que aconteceu mais cedo”
(Hajime): “Mais cedo?”
(Kaori): “Sim. Por que você ficou tão nervoso durante aquela luta?”
(Hajime): “Saa, por que eu estava nervoso? Eu não sei”
(Kaori): “Mouu, por favor, me digaaaa”
Se recusando a responder à pergunta dela ou ser pego em seu clima de flerte, Hajime continuou a carregar Kaori enquanto se movia para frente em um ritmo acelerado e, sem hesitação, pisou em cima do círculo mágico.
Notas
[1] Alterando “Melusine” para “Merujiine”.
[2] Gênesis é o primeiro livro tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia Cristã, antecede o Livro do Êxodo. Narra a visão desde a criação do mundo na perspectiva hebraica, genealogias dos patriarcas bíblicos, até à fixação deste povo no Egito através da história de José. A tradição judaico-cristã atribui a autoria do texto a Moisés, enquanto a crítica literária moderna prefere descreve-lo como um compilado de texto de diversas mãos.
[3] Balaustrada é o conjunto dos balaústres (haste de madeira ou de metal) e das correntes, cabos de arame ou vergalhões que guarnecem a borda de um navio e servem para proteger as pessoas a bordo.
[4] Porão é, em náutica, a parte mais baixa no interior de um navio, onde se dispõe a carga a transportar.
[5] Négligé é um robe feminino de tecido fino e transparente, geralmente adornado de rendas ou folhos.
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Arifureta.
AdventureCom 17 anos de idade, Nagumo Hajime é o seu otaku mediano e comum. Entretanto, sua vida simples de ficar acordado a noite inteira e dormir na escola subitamente foi virada de cabeça para baixo quando ele, junto com o resto de sua turma, foi convocad...