Volume 8Dentro da escuridão, havia uma silhueta parada em silêncio.
O lugar era um grande espaço feito de pedra que parecia lisa como mármore com vários pilares grossos no interior. Havia uma atmosfera solene como um santuário. Como fonte de luz, havia apenas o brilho fraco da pedra de luz verde que brilhava através da porta da sala antes deste lugar.
Essa luz cortava a escuridão e se estendia pela sala como uma linha reta, iluminando a parte de trás da silhueta em pé.
De repente, uma nova sombra apareceu em suas costas. A silhueta esbelta vinha de uma mulher, uma voz que era clara e bonita, mesmo que soasse hesitante, chamava de trás.
― … Hajime-kun.
A silhueta em pé ― Hajime se virou um pouco em direção à voz que chamava seu nome.
― Kaori. A colheita já acabou?
— Sim. Foi rápido graças à bússola. Os monstros também... como esperado, é trapaça com as especificações de uma apóstola, não é?
Kaori mostrou um sorriso irônico, talvez por se lembrar do tempo de dificuldades quando estava explorando o nível da superfície do Grande Calabouço Orcus com seus colegas de classe. E então, em consideração para que ela não quebrasse a atmosfera, ela entrou no salão em silêncio.
― ... este lugar é onde você encontrou Yue, não é?
Kaori sussurrou isso enquanto estava ao lado de Hajime. O lugar em que o olhar do garoto estava fixo era ― um pedaço de mineral meio derretido.
O Sinergista assentiu em silêncio. Seus olhos estavam claros como uma nascente no fundo de uma floresta cheia de tranquilidade. Era o exato oposto dos olhos vazios, saturados de emoções negativas de fúria e ódio de antes. Seu olhar agora estava cheio de carinho e dor.
― Quando a vi pela primeira vez, pensei que era uma cena de horror. Dentro da escuridão negra e sombria, olhos vermelhos espreitavam por trás de um salgueiro-chorão¹ feito de fios de ouro... algo parecido com isso. Mesmo quando Yue chamou com uma voz pedindo ajuda, tentei fechar a porta, sabia? Essa camarada absolutamente não é uma pessoa boa. Foi o que pensei.
― Fufu. Com certeza, é impensável que nas profundezas do abismo, em um lugar como este, houvesse algo como uma garota normal.
— Não é? Especialmente naquele momento. Meu estado mental não se interessava por nada além de sobrevivência. Agora, quando me lembro dessa vez, estou pensando: "Mas por que foi que eu a ajudei, hã?"
Kaori soltou uma risada com a maneira como Hajime falou. Ele também apertou os olhos com nostalgia enquanto mostrava um sorriso afetuoso.
― E agora essa garota é alguém especial que pode me deixar louco. Sério, isso me ensina que não saberemos como serão as coisas no futuro.
― Não há palavras mais verdadeiras do que essas.
Suas palavras foram cortadas, os dois fecharam os olhos um pouco. Hajime pensou em sua amada. Kaori pensou em sua rival amorosa (amiga íntima). E então, quase ao mesmo tempo, seus olhos se abriram em silêncio. Uma chama de determinação habitava ali.
― Nós com certeza a traremos de volta, não é?
— Sim. Nós a traremos de volta com certeza.
Hajime e Kaori se entreolharam e os dois mostraram sorrisos destemidos.
Mas logo depois disso, como se houvesse algo que ele esqueceu de dizer, o rosto do Sinergista mudou e ele abriu a boca.
— Ah, mas Kaori, você ficará para trás com o grupo de combate na superfície, tá legal?
— Eh? Por que… aa, por acaso, é porque esse corpo parou de funcionar?
— Sim. Por enquanto, preparei um artefato como contramedida, mas como esperado, diante de Ehito, não sei quanto efeito ele terá. Afinal, originalmente, esse corpo é a criação daquele cara.
A expressão de Kaori ficou amargurada.
De fato, o corpo da apóstola foi algo criado pelo lado de Ehito. No castelo do rei demônio, o deus criador impediu o corpo de Kaori de funcionar. Não havia como ter certeza que eles poderiam se defender por completo contra isso. Por outro lado, se a Curandeira retornasse ao seu corpo original, haveria uma grande diminuição em sua força de batalha.
E assim, o papel de lidar com as apóstolas que invadiriam a superfície era o ideal para a garota.
Contudo, até Kaori queria salvar Yue. Mesmo que ela entendesse que logicamente deveria ficar para trás, emocionalmente, ela era incapaz de aceitar isso. — Muu. — Kaori fez beicinho, e Hajime deu de ombros enquanto proferia suas palavras para convencê-la.
— Não faça essa cara. Mesmo se recuperarmos Yue, se os outros acabarem mortos, me deixando de lado, será difícil para Kaori e as outras suportarem, certo? Aliás, sobre Myuu e Remia, o plano é que elas permaneçam aqui, escondidas na parte mais profunda de Orcus. Ficou provado que elas são eficazes como reféns, por isso, é necessário que alguém as proteja aqui, por precaução.
— ... haa, não há o que fazer, há? É irritante, mas não quero me tornar um fardo. Além disso, também há muitas pessoas que eu não quero que morram, então ... sim, eu entendo. Também protegerei o lugar onde Hajime-kun e os outros irão para casa. Eu também não vou deixar ninguém colocar a mão em Myuu-chan e Remia-san. Aliás, Ai-chan-sensei e Lili também, certo!? Certo!?
— Por que você está enfatizando essas duas...
Hajime sorriu sem graça para Kaori, que estava o olhando com as bochechas infladas. Para tal Sinergista, a Curandeira desviou o rosto com um bufar e soltou uma voz aborrecida.
— "Aiko, Lili, por favor". Mesmo que você tenha dito algo assim. Hajime-kun é um mulherengo.
— Não, fiz isso porque eu li o clima...
— As outras colegas de classe também, várias delas estavam lhe enviando olhares febris, sabia? Dizendo coisas como "Don Juan" ou "Casanova", acho que mesmo que Hajime-kun seja chamado assim, você não pode negar de verdade, vou zombar de Yue quando ela voltar. Mesmo assim, eu também ainda estou parando em um estágio "importante", mas outras garotas, uma após a outra... uu, Yue cuja posição é intocável é invejável.
— ...
Kaori estava agindo com uma timidez que parecia forçada. Hajime coçou a bochecha vendo isso. Não porque ele estava exasperado com a atitude da garota, mas porque um sentimento que negava uma parte de suas palavras estava brotando no rapaz.
O Sinergista agachou-se diante do mineral que selou Yue no passado, o mineral que tinha a propriedade onde era difícil o poder mágico fluir nele. Ele levantou a mão enquanto se dirigia a Kaori.
— O soco naquele momento. Foi bastante eficaz, sabia? Aquele golpe abriu meus olhos.
— Hã? Ah, isso, err, doeu, não doeu? Eu fiz aquilo com todo o meu poder...
Os olhos de Kaori se voltaram por um momento com a súbita mudança de assunto, mas quando ela notou que Hajime estava falando sobre seu soco quando ele estava fora de controle na sala de audiências, sua expressão ficou estranha e ela desviou o olhar.
O rapaz usou seu poder mágico refinado, que brilhava de forma incomparável com a vez em que ele desfez o selo de Yue com dificuldade. Desta vez, a pedra seladora foi permeada por seu poder mágico com inesperada facilidade.
Esse mineral foi deixado para trás neste local devido à sua taxa ruim de permeação de poder mágico. Além disso, ele até repeliu seu poder mágico. Isso o deixou desconfortável, pois ele não sabia se poderia ser colocado dentro da "Caixa do Tesouro".
Naquela época, a caixa do tesouro era um item superimportante sem substituto e ele não sabia como fabricá-la, então Hajime estava preocupado com a possibilidade de a Caixa do Tesouro poder quebrar porque usava poder mágico ao receber e retirar itens. Foi por isso que o garoto quis evitar armazenar esse mineral. Também havia o fato de Yue parecer detestar essa pedra mineral, mesmo que ela não tenha dito isso em voz alta.
Ao transformar essa pedra seladora em blocos, Hajime continuou suas palavras para Kaori, que continuava lhe enviando olhares.
— Sim, aquele soco literalmente reverberou até o meu âmago. Até o que você disse, que eu sou o pior e que não era legal, essas palavras me esfaquearam.
— Aa, uuu. E-err… é que…
Kaori soltou um gemido estranho e pareceu abalada.
— Se fosse outra pessoa fazendo isso, eu não teria sido afetado dessa maneira.
— Eh?
— Aquelas que podem fazer a mesma coisa que Kaori e fazer isso reverberar até o meu interior, bem, acho que restam apenas Shia e Tio.
― Você está dizendo…
― ... talvez eu não possa mais dizer que você é apenas "meramente importante" para mim, eu acho.
― … Hajime-kun.
A pedra seladora que foi entalhada em blocos foi armazenada na nova "Caixa do Tesouro" que o Sinergista recriou depois de chegar a Orcus. Enquanto isso, Hajime estava murmurando como se estivesse falando sozinho, fazendo com que os olhos de Kaori se arregalassem.
Ele de repente se levantou e seu olhar se encontrou com o da Curandeira. Aqueles olhos não tinham aspereza, em vez disso, estavam envoltos em uma atmosfera suave. O coração da garota disparou ao olhar para si mesma que estava refletida nesses olhos.
― Obrigado, Kaori. Por continuar pensando em mim. Eu queria dizer isso antes de matar aquele cara.
― … pare com isso. Algo como isso, parece até seu último desejo, isso é nefasto.
― Haha, acho que sim. Me desculpe, isso não é do meu feitio.
Kaori balançou a cabeça para a esquerda e a direita em resposta a Hajime, que estava sorrindo de forma irônica.
― Não, eu também, obrigada. Estou feliz. Fufu, tenho que dizer isso a Yue quando ela voltar. Hajime-kun está ficando dere. De qualquer forma, por fim consegui chegar na posição de Shia, vou dizer isso a ela.
― Kuku, se você fizer isso, será assediada de novo, sabia? Afinal, por algum motivo, Yue gosta de provocar Kaori.
― Uu, isso é, ela com certeza gosta das minhas reações a isso, não gosta? Parece irritante quando me lembro disso. Enquanto Hajime-kun e os outros vão para o outro lado, devo pensar em um presente de vingança.
― Agora posso imaginar o resultado em que você é recompensada com o dobro do que está planejando.
― Puxa, Hajime-kun também está gostando disso!
Hajime riu enquanto dava de ombros para Kaori, que mostrou os dentes irritada. E então, os dois fecharam a boca ao mesmo tempo. Eles simpatizavam um com o outro pelos sentimentos de quererem muito voltarem a ver Yue.
O Sinergista mais uma vez sorriu para a Curandeira e levantou a mão para a última pedra seladora. E então, ele transformou a pedra em forma de bloco, uma após a outra, e as armazenou dentro da Caixa do Tesouro.
E naquele momento, eles perceberam que no chão onde a pedra seladora foi deixada havia algum tipo de padrão esculpido ali.
― …isto é...
― Qual é o problema Hajime-kun? Um padrão? Não é este o brasão de Vandol Shunee...
Kaori espiou por trás de Hajime, que estava agachado e traçou o padrão esculpido no chão abaixo da pedra seladora com o dedo, ela então inclinou a cabeça para o padrão familiar e murmurou.
Hajime assentiu sem palavras e então tirou da Caixa do Tesouro o pingente em forma de lágrima que era a prova da conquista da Caverna de Gelo e Neve.
Logo a seguir...
Kiiiiiiiii!
Um som estridente soou, em ressonância, o pingente e o padrão no chão tremeram.
O pingente que foi colocado na palma da mão de Hajime se moveu pouco a pouco como se fosse arrastado em direção ao padrão no chão. Era difícil de ver porque estava escuro, mas olhando com atenção para o centro do desenho no chão, havia um pequeno buraco aberto onde parecia que o pingente podia ser encaixado.
O Sinergista e a Curandeira se entreolharam e assentiram ao mesmo tempo. O rapaz inseriu o pingente naquela cavidade.
Na sequência, a luz atravessou o padrão no chão, depois um som de metais raspando um contra o outro subiu e o desenho ao redor se elevou. Era um pilar de pedra redondo com um diâmetro com cerca de trinta centímetros. Quando o pilar subiu até a altura dos olhos de Hajime, ele ficou parado. E então, diante dos olhos do Sinergista, seu lado se abriu.
― ... então existia esse tipo de mecanismo. Um mecanismo que só podia ser aberto por alguém que conquistou a Caverna de Gelo e Neve, hum.
― Mas, o que é isso? Isso estava embaixo do bloco que selou Yue, tenho a sensação de que está relacionado a ela de alguma forma, porém...
No centro do pilar de pedra, havia um mineral do tamanho de uma bola de pinball com alta transparência; de relance, parecia um diamante. Hajime o colocou na palma da mão e olhou fixamente, do lado dele, Kaori murmurou sua conjectura.
E então, logo ficou provado que seu palpite estava correto.
― ... parece que esse é o mesmo tipo de artefato de gravação de imagem usado por Oscar e os outros.
― Isso significa... que a pessoa que deixou para trás esse tipo de coisa nesse lugar, só consigo pensar em uma pessoa.
― De qualquer forma, vamos tentar ativá-lo.
Hajime derramou poder mágico no cristal branco.
Logo depois disso, a sala escura ficou cheia de luz dourada misturada com branca. E então, na frente do Sinergista e da Curandeira que estreitaram os olhos, começou a conversa da pessoa que deixou para trás a gravação da imagem.
Essa conversa estava cheia de profundo amor e afeição, e também enorme determinação e arrependimento. E então, havia um desejo sincero, tão caloroso e gentil que abalaria a alma da pessoa que o ouvia, não importava quem fosse.
A luz branca e dourada se acalmou, a gravação de cerca de dez minutos desapareceu como um sopro, depois uma emoção persistente que era difícil de expressar, mas de modo algum era desagradável, encheu Hajime e Kaori. A garota estava derramando belas lágrimas que escorriam com suavidade e ela se esqueceu de enxugá-las.
― ... temos que mostrar isso para Yue.
— Sim. Isso é algo que Yue tem que ver, não importa o que tenhamos que fazer... Kaori, eu vou confiar isso a você. Afinal, não sabemos o que vai acontecer do outro lado.
— … sim. Entendido.
O mineral com o brilho de um diamante na mão de Hajime foi entregue e aceito por Kaori, como se ela estivesse manuseando um tesouro.
— No entanto, é uma sorte que eu tenha entendido os detalhes sobre a característica especial da pedra seladora. De fato, com apenas a Avaliação de Mineral, não havia como ser capaz de entender sua verdadeira característica. Bem, se me dissessem que eu deveria notar isso enquanto encarava o monstro escorpião, isso seria demais...
— Em certo sentido, isso é um ciborgue²? Algo parecido com isso, não é?
— Sim. Graças a isso, um desejo de criar várias coisas está surgindo dentro de mim. Myuu e Remia também estão esperando. Vamos voltar depressa e produzir em massa os artefatos.
— Produção em massa de artefatos... que palavras incríveis.
Dando de ombros para Kaori, cujo rosto estava um pouco convulsivo, Hajime voltou a olhar através do lugar que foi seu começo com Yue. E então, depois de fechar os olhos por um instante, ele girou nos calcanhares com determinação mais uma vez.
Depois disso, Kaori o seguiu em silêncio.
Sem olhar para trás, os dois saíram da sala, então a sala de selamento foi fechada na escuridão. Contudo, por dentro não havia apenas trevas frias que engoliam tudo, parecia que havia bondade à deriva lá também.
— Ah, papai! Kaori-oneechan. Bem-vindos de volta, nano!
— Estamos de volta, Myuu.
— Myuu-chan, estamos de volta.
Hajime e Kaori, que retornaram à residência de Oscar, foram acolhidos pela voz enérgica de Myuu e por seu enorme sorriso. A entrada do prédio cor de limão, escavada na parede de pedra, foi atravessada pela amada filha com passos rápidos, aos quais o Sinergista a abraçou com o braço artificial que ele criou para casos de emergência.
Myuu circulou suas mãos no pescoço do Sinergista com alegria e abraçou-o com força.
Então, da sala de jantar, um barulho de passos se aproximou e, em seguida, vestindo um avental branco com babados, e com os babados flutuando e uma concha na mão, Remia equipada com perfeição apareceu para recebê-los.
― Querido, Kaori-san, bem-vindos. Vocês vão jantar? Ou vão tomar um banho? Ou talvez... vocês preferem ter mãe e filha?
― Espere, Remia-san! Esse tipo de clichê é desnecessário! Ou melhor, agora mesmo, você disse mãe e filha!? Mas o que você está planejando que sua filha faça!?
― Ora, ora, nossa Kaori-san, que tal deixar uma família feliz se reunir? Foi isso que eu quis dizer, entendeu? Ufufu, me pergunto o que você estava imaginando?
— !?!?!? Re-Remia-san!
— Querido, por acaso você prefere ter Kaori-san?
— Fue!? E-eu? Espere, nada disso! Por favor, não tire sarro de mim!
Kaori ficou com o cabelo arrepiado como uma gata, enquanto Remia apenas a observava como se estivesse olhando para algo fofo enquanto dizia: — Ora, ora, ufufu. — Antes era Yue, agora era Remia. Parecia que Kaori tinha a habilidade de ser provocada por mulheres mais velhas.
Hajime deu um tapinha no ombro da Curandeira para acalmá-la enquanto dirigia seu olhar para a mulher mais velha.
— Vamos parar por aqui. É divertido de assistir, mas agora não há muito tempo livre. Entrarei na oficina em breve. Me desculpe, mas vou levar minha refeição para lá.
— Entendido. Então eu vou levá-la para lá. Ah, aliás, houve contatos de sua alteza e Shizuku-san. Parece que elas serão capazes de cumprir suas missões. O discurso de Aiko-san... a "Deusa da Boa Colheita" foi bastante eficaz. O número de pessoas está aumentando depressa, então elas disseram que querem que a produção dos artefatos seja acelerada.
— Entendo. Entendido. Desculpe por te obrigar a fazer algo que não está acostumada.
— Uma coisa dessas... se eu posso ser útil para você, mesmo que só um pouco, então não há nada mais gratificante para mim. Seja para devolver sua gentileza, e também como uma esposa apoiando seu marido...
— Não, você não é uma esposa, tá?
— Ora, ora.
— Não, não me venha com "ora, ora" agora.
— Ufufu.”
— Não, hmm, bem, não importa.
Hajime se dobrou a Remia, que resolveu tudo com um sorriso caloroso sem igual. O Sinergista acariciou a cabeça de Myuu, que relutava em se separar enquanto a confiava a sua mãe, então ele caminhou em direção à oficina.
No momento, o local onde Hajime e as outras estavam eram ― as profundezas do Grande Calabouço Orcus, no esconderijo de Oscar Orcus, havia apenas o Sinergista e a Curandeira, além de Myuu e Remia lá.
Após a conversa na sala de audiências no castelo do rei demônio, Hajime e seu grupo foram recuperar os objetos de valor que o rapaz transferiu para o subsolo antes de irem para o castelo do rei dos demônios, depois usaram a chave do portal que recuperaram com segurança e todos se espalharam ao redor do mundo.
É claro que eles tiveram que ir diretamente para os locais que não tinham uma abertura do portal instalado, assim, artefatos de transporte seriam necessários. Até Tio, que ela estava indo para a aldeia da raça dos dragões, quando fosse a hora de voltar, ela poderia usar um portal, mas apenas ir para lá levaria alguns dias, então havia uma necessidade de um artefato que a permitisse voar em alta velocidade.
E assim, usando a prova da conquista, Hajime entrou no esconderijo de Oscar a partir do atalho no Grande Cânion Raisen, e com o material deixado na oficina, ele priorizou a criação de um miniartefato de voo: "Mic Ferner".
De certa maneira, esse artefato era um skyboard³. Com a forma de uma prancha de surf, ele reduzia coisas como a resistência do ar com a magia do espaço e voava no céu usando a magia da gravidade. O controle era feito com a ajuda de um minério mágico. Com a resistência do ar igual a zero, o fardo para o corpo do usuário era muito pequeno, assim, a prancha poderia chegar com facilidade a uma velocidade de quinhentos quilômetros por hora.
Era um item improvisado, então havia uma falha em que o consumo de energia mágica era grande, mas, mesmo excluindo Tio, todos os colegas de classe possuíam uma quantidade de energia mágica em um nível que era muito acima do padrão, por isso, se fosse apenas para a viagem de partida, eles seriam capazes de lidar com isso.
Com isso, os colegas de classe, cuja alma foi incendiada pelo incitamento de Hajime, se espalharam por todo o mundo, e então, pela abertura do portal, o mundo estava começando a se conectar com rapidez.
Nos arredores da capital do reino, uma grande força de batalha já havia começado a se reunir, com Kentaro Nomura à frente, as pessoas e os trabalhadores com aptidão para o elemento da terra estavam construindo um acampamento defensivo simples. Hajime priorizou a criação de um artefato para esse aspecto também, um que aumentava sua força em várias vezes, otimizando muito o trabalho dessa equipe.
Demorou cerca de um dia até chegar a esse ponto. Dois dias restavam para o fim do mundo.
Hajime, que terminou de produzir os artefatos que eram prioridade, criou um depósito artificial de armas e caixas do tesouro de emergência, e também armas simples, acompanhado por Kaori, ele então voltou a pisar no abismo nostálgico para reunir materiais.
Houve também o evento em que, no momento em que eles saíram da porta do esconderijo, uma hidra se manifestou em reação a Kaori, mas os dois que estavam lá eram uma dupla formada por um monstro poderoso e uma apóstola de deus, então eles tiveram bastante facilidade.
Depois disso, o Sinergista fez a Curandeira carregar a Bússola da Orientação porque ela não sabia nada sobre o abismo e ele a ajudou a coletar os materiais necessários, ele também foi aos locais buscar os materiais de que se lembrava enquanto pisoteava os monstros como se pisasse em formigas.
E assim, Hajime, que reuniu material suficiente, sem que percebesse, guiou seus pés em direção ao lugar onde Yue foi selada. Seu sentimento de querer rever a vampira naturalmente direcionou seus pés para lá, mesmo entendendo que não havia tempo a perder.
Kaori, que da mesma forma terminou de coletar os materiais, verificou o paradeiro de Hajime usando a bússola, e então os dois encontraram o artefato de gravação e o sentimento que foi colocado nele.
A propósito, o Sinergista também pediu a Curandeira que procurasse pelo Cristal Divino usando a bússola, mas... infelizmente, ela não conseguiu descobrir um que havia sido comprimido por anos suficientes para que pudesse produzir Água Sagrada. Essa era uma substância que foi deixada apenas para as lendas, então não havia mesmo o que fazer. Talvez, apenas por ser capaz de descobrir vários pequenos cristais, isso já devia ser considerado um milagre.
― Muito bem, agora Kaori, vou confiar na sua cooperação.
― Sim, deixe comigo.
Hajime, que chegou à oficina, transmutou um pilar redondo de cristal no centro da sala enquanto chamava Kaori. O que eles executariam a partir daqui era um método para resolver um certo grau de seu problema com a falta de tempo, mesmo que não pudessem resolvê-lo por completo.
Foi por isso que o Sinergista escolheu a Curandeira como ajudante, porque ela era a mais habilidosa em magia de regeneração.
― Aqui vou eu! Templo Partido.
Junto com uma voz de espírito de luta, o poder mágico violeta de Kaori aumentou. Além disso, Hajime rugiu com seu poder mágico carmesim enquanto encantava a técnica que a Curandeira usou no pilar de cristal usando a magia da criação.
Magia de Regeneração, "Templo Partido" ― essa era uma magia que "esticava" o tempo. A essência da magia da regeneração estava no ponto em que essa era uma mágica que poderia interferir no tempo. No entanto, do ponto de vista da taxa de transferência e do poder mágico, a extensão em que os humanos podiam lidar com essa magia era apenas a "regeneração" ― para retornar o estado do alvo ao estado saudável, onde o alvo não apresentava feridas, porque essa maneira de usá-la apenas parava em um ato de projetar um momento do passado, assim, ela foi nomeada como magia de "regeneração".
Dizendo isso de forma inversa, se alguém pudesse superar o limite do ser humano, indo além disso, se aumentasse sua proficiência nessa magia e se aproximasse dessa essência, seria teoricamente possível não estar limitado à "regeneração" e seria possível interferir no tempo.
E assim, se fosse a Curandeira atual que tinha aptidão com a magia da regeneração, que usou sem parar essa magia por todo esse tempo e se tornou hábil, e na posse de um corpo que ultrapassava o limite humano, era possível que ela alcançasse essa área.
O poder mágico de Kaori começou a interferir com o tempo ao redor, seus longos cabelos prateados que dançavam de forma suave estavam aos poucos se transformando em movimento gentil. De alguma forma, parecia que toda a oficina estava ficando sem brilho.
― ... Ha-Hajime-kun.
― Está tudo bem Kaori. Você se saiu bem.
Na mesma hora, o poder mágico violeta esbranquiçado que enchia a sala se dispersou como se estivesse derretendo no ar. Kaori colocou as mãos nos joelhos enquanto respirava com dificuldade. Parecia que ela consumiu bastante poder mágico em um curto espaço de tempo.
― Haa, haa, co-como ficou?
― … como esperado. Tem um incremento de cerca de dez vezes. Com isso, terei alguma folga.
― Haaaa. Fico contente.
Hajime, que estava com um olhar sério para o pilar de cristal que emitia uma luz fraca, relaxou seu rosto e deu a Kaori palavras de elogios. A Curandeira também mostrou um sorriso enquanto acariciava o peito em alívio.
― É muito difícil fazer isso, então que tal nomeá-lo... como esperado, o nome deveria ser a "Câmara Hiperbólica xxxx"⁴, não é?
― ... tenho a sensação de que é melhor parar com isso. Não seria o bastante apenas chamá-lo de "Cristal do Tempo"?
― … isso não tem charme algum.
― Nossa, esse tipo de coisa não importa. Agora, anda logo, ao trabalho, ao trabalho! Nós cuidaremos das tarefas, então trabalhe duro!
― … já entendi, tá legal?
Hajime ativou o cristal do tempo (temporário) com uma expressão insatisfeita.
Logo a seguir, da mesma forma de antes, o interior da oficina tornou-se um pouco opaco na cor. Com isso, o tempo foi estendido em dez vezes sua duração regular, embora isso tenha sido limitado dentro da oficina. Uma hora dentro da oficina seria equivalente a apenas seis minutos do lado de fora.
Durante esse intervalo, assuntos como entrar em contato com Liliana e os outros que estavam trabalhando na superfície e o envio dos artefatos foram feitos por Remia (de forma semelhante aos Hauria, o Sinergista instalou um portal com armazenamento de energia mágica que a mulher poderia operar), enquanto Kaori estava realizando a coleta do material que acabou.
Hajime deixou todas as tarefas para elas e ele só precisava continuar "cuspindo" os artefatos criados da oficina para o exterior. O garoto, que estava preparando armas na unidade de dezenas de milhares, poderia mesmo ser chamado de um arsenal humano.
O Sinergista retirou uma grande quantidade de material da Caixa do Tesouro II. Todos os tipos de minerais, presas, garras, ossos de monstros, entre outras partes, encheram em um instante a espaçosa oficina.
― Muito bem, vamos fazer isso.
Hajime levantou a mão ao mesmo tempo que murmurou isso. Em seguida, o interior da oficina foi tingido de carmesim. Era como se a vívida cor carmesim que penetrava por toda parte estivesse transformando a própria oficina em uma gema que parecia um espinélio⁵ vermelho. Em certo sentido, esse cenário ficou marcado no coração, como se todos estivessem presos dentro de uma joia.
Como prova disso, Kaori, Myuu e Remia, que estavam dentro da oficina, estavam encarando a luz emitida por Hajime com uma expressão que dizia que os corações delas foram roubados.
Mesmo enquanto a Curandeira e as outras estavam atordoadas, a Separação de Mineral do Sinergista peneirava apenas o material necessário e um criava minério puro, então a Magia da Criação encantava o minério com a magia necessária, a Transmutação Precisa realizava uma transformação elaborada que faria qualquer artesão ficar frustrado. Além disso, a Transmutação de Alta Velocidade produzia em massa a produção de componentes perfeitos e completos, não importava o quão complicados fossem.
E então esses componentes foram montados pelo próprio Hajime e um produto finalizado foi concluído em apenas alguns segundos, o que depois era colocado no chão.
Em seguida, o Sinergista colocava a mão sobre o produto finalizado, não, para ser mais preciso, ele segurava a mão sobre o chão onde o produto finalizado foi colocado, gravava um círculo mágico detalhado no chão com o item no centro.
Como resultado, os materiais espalhados pelo ambiente se moviam de forma automática e produziam em massa itens exatamente iguais aos do produto acabado. Não apenas isso, os próprios componentes eram produzidos em massa com a montanha de material se extraindo sozinha e repetindo a fusão.
Hajime confirmou esse processo e, em seguida, ele passou para a criação dos próximos artefatos. Ele já estava ignorando o círculo mágico que continuava emitindo luz carmesim e a montanha de Gatling guns, que era completada de forma automática e se movia para produzir as balas.
Essas balas também, o rapaz criava a primeira em pessoa e depois a colocava no círculo mágico que gravou no chão e a bala era automaticamente produzida em massa, e então o Sinergista seguia para a criação do próximo artefato. Seu olhar já não estava mais olhando para a Gatling ou a bala.
Habilidade derivada da transmutação ― desde que o material estivesse disponível, era possível criar exatamente a mesma coisa sem o círculo mágico ou a suplementação de imagem, essa era a Duplicação de Transmutação e depois a Transmutação Automática, até que o poder mágico preenchido no círculo mágico gravado acabasse, mesmo se o conjurador fosse embora, a magia continuaria a criar itens sozinha.
O fluxo de poder mágico carmesim enchendo a sala e o brilho do círculo mágico lançado nos arredores de Hajime... enquanto estava cercado por eles, o rapaz estreitou os olhos como se estivesse meditando e agitou as mãos como um condutor, sua figura que criou poderosos artefatos com facilidade, como se fosse uma brincadeira, era a mesma de um mago de um conto de fadas. Se isso tivesse que ser dito de uma forma realista, poderia se dizer que essa era uma fábrica de produção solitária.
Enquanto Kaori e as outras estavam atordoadas, os artefatos começaram a transbordar do círculo mágico gravado. As bochechas de Remia estavam apertadas por ela estar convencida de que seria mais lenta no transporte dos artefatos do que a velocidade de uma produção como essa. A quantidade era algo que não podia ser lidado apenas por Myuu e Remia.
Embora tal coisa já fosse sabida desde o início.
Dessa forma, Hajime seguiu para a transmutação do método de transporte. Ele projetou a imagem que desenhou dentro de sua cabeça no ar vazio diante de seus olhos, e depois endureceu ainda mais a imagem enquanto sua mão se arrastava até lá. O resultado, uma figura humanoide apareceu empurrando através da montanha de materiais com joias carmesins enterradas no peito.
Sua parte inferior do corpo era composta múltiplas pernas como uma aranha, a parte superior do corpo tinha seis braços anexados como uma estátua de Asura⁶. Além disso, a parte inferior do corpo que estava conectada às pernas de aranha tinha o formato de uma caixa, à primeira vista, era possível entender que esse era um golem de transporte.
E então, depois de criar mais um golem, Hajime abriu a boca.
― Remia, Myuu. Vou pedir a vocês para controlarem esse golem e transportarem os artefatos. Envie-os pelo portal para o reino.
Dizendo isso, o garoto entregou às duas dois anéis. Os anéis tinham pedras especiais ligadas ao controle do golem. Dessa forma, até as duas que não possuíam poder mágico ainda poderiam usá-lo, Hajime colocou uma função para armazenar o poder mágico e também a capacidade de o golem evoluir ainda mais.
― Esses dois golems são criados a partir da fusão de pedra mágica que refinei e materiais de monstros, eles são meios-monstros. Por isso, é possível forçá-los a se moverem com essa pedra mágica, mas eles também podem se mover recebendo uma ordem vocal. Eu os fiz para que ouçam o comando da pessoa que está segurando o anel.
Sim, por assim dizer, esses golems eram algo como uma arma viva que era a fusão de maquinário e formas de vida, o anel era um item para controlá-los e também para mostrar autoridade para comandar. Mesmo assim, eles não tinham um ego claro, contanto que não houvesse uma ordem clara, eles não fariam seu próprio julgamento e não se moveriam sozinhos. Talvez fosse mais fácil imaginar se disséssemos que eles eram como o monstro Armadura-Viva ou Espada-Viva que apareciam com frequência em RPGs.
Era uma habilidade combinada de magia da criação e magia da metamorfose. Como sempre, Hajime não tinha uma aptidão tão alta na magia da metamorfose, mas usando um método em que ele usava a magia da criação como a principal para encantar a magia da metamorfose usando suas habilidades de Sinergista, ele poderia usá-lo bem o suficiente.
Ou melhor, até um ser vivo tinha elementos metálicos dentro de seu corpo, portanto, se a magia da metamorfose fosse usada com a magia da criação como uma fusão mágica, a técnica de transmutação poderia avançar drasticamente usando o efeito colateral da magia da metamorfose. Com essa possibilidade, o rapaz teve a ideia de criar um trunfo.
A pedra seladora que prendeu Yue e a imitação de escorpião também foram criadas com a mesma técnica. Embora por causa da aptidão do conjurador, o componente da magia da metamorfose tinha um peso maior para os primeiros exemplos. A pedra seladora também foi criada a partir de minério especial que desviou a magia, mas a razão pela qual era difícil para a transmutação de Hajime afetá-la era devido a maior parte da pedra ser algo vivo.
Myuu estava inclinando a cabeça: ― Nnyu? ― com a difícil explicação do Sinergista, então Remia explicou: ― Papai está dando um animal de estimação como presente para Myuu. ― Embora essa explicação tenha sido um pouco problemática.
De qualquer forma, a garotinha, que compreendeu tudo como ela sendo presenteada com um animal de estimação, abraçou Hajime com grande alegria e, em seguida: ― Myuu ajudará o papai, nano! ― ela manipulou o golem, "Bel-chan", com grande animação.
Parecia que seu nome formal era "Belfegor"⁷, o que foi abreviado como "Bel-chan". A pessoa que o nomeou foi Myuu. Esse era um senso para dar nomes impensável vindo de uma criança de quatro anos de idade. Hajime queria pensar que foi uma coincidência que o nome fosse semelhante ao de um famoso demônio dos sete pecados capitais.
A propósito, Remia também pediu a Myuu o nome de seu golem e, com um rosto sorridente que era adorável demais, a garotinha o chamou de: ― Asmodeusu! ― Foi uma resposta imediata, sem muita consideração sendo feita. Hajime só podia rezar para que o golem não estivesse sendo possuído por algo estranho.
Depois disso, Hajime produziu em massa todos os tipos de armas, Remia e Myuu as transportaram e as enviaram através do portal para Liliana e as outras pessoas no reino, se o material se tornasse insuficiente, Kaori mergulharia no labirinto e o juntaria com sua habilidade roubada e a bússola... esse processo continuou por um tempo.
Muitos artefatos ultrajantes que foram enviados a eles um após o outro fizeram com que as pessoas na capital do reino, que não sabiam sobre o cristal do tempo, ficassem com o rosto contraído. Hajime e as outras desfrutaram de uma reunião familiar feliz (uma refeição) por um curto período de tempo com a Transmutação Automática trabalhando sozinha, com Kaori ficando com lágrimas nos olhos pelas provocações de Remia, embora várias coisas tenham acontecido, em geral, a produção progrediu de modo favorável.
O próprio Sinergista também criou novos artefatos, fortaleceu suas armas mais do que antes, completando seu equipamento com segurança. Além disso, o trunfo contra Ehito também foi preparado...
Enquanto isso acontecia, enfim chegaram os contatos de Shia e dos outros que se espalharam por muitos lugares que estavam chegando. Parecia que eles também estavam avançando com sucesso em suas missões. Com os artefatos que ele enviaria para Shia e os outros já preparados, Hajime se preparou para recebê-los no esconderijo de Oscar.
Omake
No luxuoso banheiro onde ele foi forçado a subir a escada da vida adulta por Yue, havia a figura de Hajime entre os vapores.
Mesmo enquanto relaxava seu corpo na banheira agradável, era impossível para ele relaxar como antes. Isso foi por causa de seu esforço para recuperar o poder mágico que ele consumiu e também a preparação para a batalha decisiva, e acima de tudo, foi porque sua querida amada não estava lá.
Seu olhar, que estava vagando perdido, atravessou o abismo, passou até o céu e encarou Yue, que ele não deveria poder ver.
Aqueles olhos, quando se estreitaram com dor, de repente, uma voz jovem ressoou no banheiro.
― Papaaaaaaiii!
Olhando para Myuu, que disparou de forma enérgica, nua com seus habituais passos fofos, Hajime formou um pequeno sorriso.
E então, pyon, ele pegou o corpo de Myuu que pulou nele.
― Oi. Isso e perigoso Myuu.
― Ehehee, desculpe papai.
Embora ele a repreendesse no momento, Myuu estava ocupada abraçando Hajime e nenhum sinal de arrependimento podia ser visto nela. O Sinergista olhou com carinho para ela pensando: "Que garota sem esperança.", enquanto a mergulhava lentamente na banheira para que a garotinha não sentisse muito calor.
Myuu soltou uma voz de: ― Funyuu. ― enquanto seus olhos relaxavam com a sensação agradável. Essa figura excessivamente fofa estimulou a paternidade de Hajime. Ele penteou os belos cabelos verde-esmeralda de Myuu. Myuu derreteu ainda mais. Agora ela era quase uma garota feita de geleia.
Essa figura de Myuu fez Hajime se sentir um pouco curado da solidão que sentia naquele momento. Mesmo assim, seu olhar olhou para o céu.
― … ela está bem, nano.
― Hmm?
De repente, Myuu disse com calma, mas essas palavras foram poderosas. Para o Sinergista, que inclinou a cabeça e voltou o olhar para ela, a garotinha, com uma convicção igual à do castelo do rei demônio, formou suas palavras com uma voz cheia de força.
― … Yue-oneechan está bem, nano.
― Myuu…
― Porque papai irá buscá-la. É o mesmo que aconteceu com Myuu antes, nano. É por isso que Yue-oneechan poderá voltar também, nano.
— ...
Essas palavras, ao invés de convicção, Myuu falou como se já fosse algo decidido. Para uma garotinha, se a irmã mais velha que ela idolatrava se fosse, ela ficaria um pouco mais deprimida do que isso, porém... parecia que ela sobrepôs o que aconteceu agora com o momento em que foi sequestrada e, com isso, obteve uma convicção ainda mais forte. Sendo mais específico, Hajime com certeza traria Yue de volta.
Ao mesmo tempo, Myuu também obteve a convicção de que a vampira estava bem, o que com certeza veio de sua enorme fé na garota. Yue-oneechan com certeza voltará para casa.
Era por isso que, nesse momento, ela não conseguia se sentir triste. Para Myuu, que havia assistido Hajime e as outras até agora, a garotinha tinha a consciência de que era uma existência impotente que não podia fazer nada. Mas, por outro lado, ela também cultivara um espírito mais consciente que poderia deixá-la dizer: — E daí? — e explodir esse sentimento. Portanto, ela realizou "o que seu eu atual poderia fazer".
Se ela era incapaz de fazer qualquer coisa, então pelo menos tinha que ser capaz de animar as pessoas que podiam fazê-lo, assim, ela própria espalhou a vivacidade. Sua convicção e fé, ela levou para aquelas pessoas com tudo o que tinha.
Olhando para Myuu, que estava sorrindo diante de seus olhos, transmitindo-lhe: — Está tudo bem! —, Hajime relaxou o rosto.
No castelo do rei demônio, o Sinergista afirmou que a garotinha, que estava impedindo seu descontrole, era "Mais forte que ele", mas agora, mais uma vez ele pensava que essas palavras estavam mesmo corretas. Mais do que ele próprio, ela acreditava na força de Yue e no futuro que ela desejava.
— … você tem razão. Vou trazê-la de volta em breve. Depois disso, da próxima vez, vamos entrar no banho junto com Yue, nós três.
— … nn.
Myuu fez uma brincadeira e imitou a resposta de Yue. Isso foi fofo e adorável, fazendo Hajime acariciar ainda mais a cabeça dela.
Assim, a coisa dolorosa em seu peito ao pensar em Yue, que não estava presente, derreteu na banheira junto com seu suspiro, agora seu corpo relaxava no verdadeiro significado da palavra.
Mas, o garoto notou algo de repente.
Myuu não tinha planejado entrar com Remia e Kaori?
Para que o Myuu estivesse ali, em outras palavras...
— Ora, ora, querido, você é muito gentil com Myuu, não é? Ufufu.
— Ha-Hajime-kun. Des-desculpe-me por incomodar.
— Como imaginei, as coisas terminaram assim...
Remia e Kaori, que escondiam seus corpos apenas com toalhas pequenas, se revelaram do outro lado do vapor. Remia estava agindo de forma ousada, enquanto Kaori estava corando de vergonha.
O corpo da mulher mais velha, que parecia voluptuoso, apesar de esbelto, estava revestido com um apelo sexual indescritível, talvez por ela ser uma viúva. Enquanto o corpo da Curandeira era como porcelana branca e tinha a beleza de uma obra de arte moldada na proporção áurea. Ambas estavam transmitindo um enorme charme.
Remia estava à direita e Kaori estava à esquerda, cada uma delas colou seu corpo a ele enquanto estavam na banheira.
— Vocês…
"O que vocês duas estão fazendo enquanto Yue não está aqui?", como esperado, Hajime iria reclamar assim, mas Remia devolveu um olhar afetuoso para ele antes que o rapaz pudesse dizer qualquer coisa.
— Eu estava pensando que se você se acalmasse sozinho, não se lembraria da dor... se formos um incômodo, sairemos agora mesmo.
— Dor, você diz…
— Afinal, a dor do coração não tem relação com a força do corpo ou a vontade. "Ela não está aqui agora", não é doloroso só por isso?
— … Remia.
Parecia que o fato de que ele sentiria dor ao pensar em Yue foi descoberto. Hajime piscou os olhos por reflexo, e então Kaori falou com ele do lado oposto com um tom gentil.
— Nesse tipo de momento, alguém deveria estar com você. Quando fui eu quem se sentiu assim, havia Shizuku-chan que ficou comigo... eu não poderei me tornar a substituta de Yue, mas quero me tornar seu apoio, mesmo que só um pouco. Se eu não puder fazer isso, quando Yue voltar, ela vai tirar sarro de mim.
Kaori apenas transmitiu que ela estava ao seu lado enquanto ria. As palavras que vieram de sua experiência pessoal foram pesadas. Durante os dias em que o Sinergista se foi, a Curandeira não se quebrou porque sua melhor amiga se aninhou perto dela ao longo de todo esse tempo para ela. Por isso, o sentimento de "Eu também sei o que você sente" foi transmitido a Hajime por ela.
O rapaz sentiu que ele foi levado em consideração pelas duas, não, pelas três, incluindo Myuu também, ele mostrou um pequeno sorriso.
— … obrigado. Se eu não me recuperar, serei eu quem será ridicularizada por ela, hum.
— Eu não acho que isso vai acontecer quando se trata de Yue.
— Ufufu. Yue-san fica mesmo absorta com Hajime-san, não é?
Os três se lembraram de Yue, que se agarrava a Hajime e riam um com o outro.
O garoto baixou o olhar para Myuu em seu peito, que começou a ficar sonolenta. Parecia que ela se sentia muito agradável e ficou com sono. Antes de adormecer, ela deve lavar o corpo primeiro.
Remia e Kaori adivinharam com precisão esse pensamento de Hajime. Se antecipando a Curandeira cuja boca estava se abrindo, a mulher mais velha disse ao Sinergista com um sorriso.
— Então, Hajime-san. Vou lavar sua frente agora.
— Não, eu não preciso de minhas cost-... espera aí, você não disse a frente, disse?
Hajime perguntou enquanto suas bochechas estavam se apertando por perceber as palavras que eram estranhamente diferentes do padrão, e como esperado, Remia estava respondendo com um sorriso.
— Sim, eu pensei que Kaori-san com certeza desejaria lavar suas costas, então eu me pergunto se eu posso lavar a parte da frente.
— Espere, Remia-san!? O que você está dizendo!? A-a frente é… isso é… nada-nada bom!
— Ora, ora, então, Kaori-san vai lavar a frente?
—E-eu!? Eu, a frente de Hajime-kun, a frente…
O olhar de Kaori foi absorvido pela virilha de Hajime que não era visível sob a sombra de Myuu. E então, seu rosto corou de forma explosiva.
— Vocês duas são idiotas. Não há como deixar vocês fazerem isso.
— Ora, se nós duas não podemos, então... então, Myuu será a única...
— Hajime-kun!? Isso não é bom, esse tipo de coisa! O que você está planejando que Myuu-chan faça!?
— No entanto, aquele lugar é delicado... vou precisar estar ao lado dela aqui para dar uma palestra. Mãe e filha trabalharão duro para prestar um bom serviço aqui.
— Não vou deixar isso acontecer! Não vou deixar isso acontecer, não importa o que precise fazer! Remia-san! Não vou deixar Hajime-kun progredir para esse tipo de caminho anormal!
— Ora. Então, quem será aquela a lavar a frente de Hajime-san?
— Is-isso…
— Kaori-san, então vamos fazer assim. Nós três juntas.
— Hah, desse jeito pode... espere, isso está errado!
Hajime pensou: "Kaori… que lamentável.", vendo a cena. E assim, fosse Yue ou Remia, Kaori, que era uma vítima fácil para uma mulher mais velha, fez Hajime ficar com uma cara complicada pela diferença da Kaori de agora e a de antes, quando eles ainda estavam na Terra.
Ao mesmo tempo…
— Quando Yue voltar... as dificuldades de Kaori serão dobradas, hum.
— Nmyu?
Deixando de lado as duas, Hajime levantou-se da banheira e sussurrou enquanto lavava os cabelos de Myuu. Quando eles recuperassem Yue, ele seria um pouco mais gentil com Kaori. O Sinergista lançou um olhar para a Curandeira, que ainda estava sendo provocado por Remia, com um olhar cheio de pena.
Olhando para o rapaz, Myuu inclinou a cabeça em perplexidade.
Notas
[1] O chorão, salgueiro-chorão ou salso-chorão (Salix babylonica), é o nome uma árvore pertencente à família das Salicaceae ou salgueiros. Parece ser originária do Leste da Ásia. É uma árvore nativa do norte da China, mas cultivada há milenios em vários locais da Ásia, tendo sido dispersa pelo homem ao longo da rota da seda até à Babilônia, daí o seu nome científico. Na China era símbolo da imortalidade, cresce ainda que se plantar do revés. Os Chineses sacrificavam um salgueiro ao sol para reconhecer a força do astro. Primeiro chantavam uma rama na terra, junto à porta da casa, e segundo onde caísse ia ser o local da comida. Os caracteres Kanji para o salgueiro são: yang-lieu, e significam "árvore consagrada ao sol, que se planta junto das portas ao ofereceres um sacrifício". Ainda hoje na China decoram-se as portas das casas com folhas de salgueiro, durante o solstício de verão. Tem sido utilizada, experimentalmente, para recuperar águas poluídas, devido à sua capacidade para absorver e transformar poluentes em matéria orgânica.
[2] Um Ciborgue é um organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial. O termo deriva da junção das palavras inglesas “cyber(netics) organism", ou seja, "organismo cibernético". Foi inventado por Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline em 1960 para se referir a um ser humano melhorado que poderia sobreviver no espaço sideral. Tal ideia foi concebida depois de refletirem sobre a necessidade de estabelecer uma relação mais íntima entre os seres humanos e máquinas, em um momento em que o tema da exploração espacial começava a ser discutido.
[3] Skyboard é o nome que se dá a prancha utilizada no skysurf, que é uma modalidade do paraquedismo que utiliza uma prancha em queda-livre, a grande altura, para realizar curvas, loopings e acrobacias radicais.
[4] Referência a Dragon Ball. A Sala do Tempo, também chamada de Morada do Tempo e Câmara Hiperbólica do Tempo, é um lugar localizado na Plataforma Celeste. Um ano dentro da sala é equivalente a um dia fora. Um passo adiante na área de treinamento e a gravidade passa ter o efeito da gravidade da Terra aumentada dez vezes. O ar fica mais denso e a temperatura flutua na medida em que se aprofunda na área de treinamento.
[5] As espinelas, ou espinélios, constituem um grupo de minerais que cristalizam no sistema cúbico, com hábito octaédrico. As espinelas geralmente ocorrem como cristais isométricos, octaédricos, geralmente maclados. Podem ser incolores, mas geralmente ocorrem em tons variados de vermelho, azul, verde, amarelo, castanho ou negro. Existe também uma espinela branca, hoje em dia desaparecida, que foi encontrada durante algum tempo no Sri Lanka. As espinelas vermelhas e transparentes são chamadas de espinelas-rubis ou rubis-balas e eram muitas vezes confundidas com verdadeiros rubis na antiguidade.
[6] No budismo, um asura é um semideus, de certa forma equivalente a um titã, do Kāmadhātu (mundo ou universo do desejo), com três cabeças com três faces em cada uma delas e quatro ou seis braços. Os asuras budistas derivam em grande medida dos malvados asuras do hinduísmo, mas estão associados a mitos distintivos que só se encontram em textos budistas. No contexto budista, o termo é por vezes traduzido como "titã" (sugerindo as guerras entre esses seres e os deuses gregos), "semideus" ou "antideus".
[7] Belphegor, ou Belfegor ("o senhor do fogo"), é uma divindade moabita venerada no monte Fegor. No cristianismo, é considerado o demônio da preguiça, das descobertas, do apodrecimento, dos inventos e do ciclo. Era cultuado na antiga Palestina na forma de uma figura alta e barbuda com a boca aberta, tendo por língua um gigantesco falo. O sabá dos feiticeiros da Idade Média não foram senão uma repetição, herança das festas de Belfegor. Belphegor é um dos sete princípes que governam o Inferno, sendo a personificação do primeiro pecado, a preguiça. Sua aparência modifica-se de acordo com a citação, desde um ser bestial (semelhante a um lobo) ,um monstro marinho com a boca rasgada de orelha a orelha e dentes afiadíssimos, até um velho alto, barbudo, possuindo uma língua com forma de falo, dentes caninos grandes e uma cauda de dragão, ou até mesmo em algumas tradições religiosas, é retratado como sendo uma jovem de beleza exuberante.
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Arifureta.
AdventureCom 17 anos de idade, Nagumo Hajime é o seu otaku mediano e comum. Entretanto, sua vida simples de ficar acordado a noite inteira e dormir na escola subitamente foi virada de cabeça para baixo quando ele, junto com o resto de sua turma, foi convocad...