Volume 4
— Shizuku-chan!
Junto com a voz, antes que ela notasse, dez barreiras brilhantes foram criadas e protegeram a Espadachim. E com elas, também havia luzes que se interpuseram entre Nia e Eri e então explodiram! Talvez isso devesse ser chamado de barreira explosiva ou algo parecido, pois essa era uma técnica que fazia o Poder Mágico contido dentro das barreiras ficar fora de controle e liberar luz assim como disparar os vestígios da barreira.
— !?!?!?
Eri imediatamente cobriu seu rosto com ambos os braços, mas ela foi atirada para trás após recuar devido a luz brilhante que a fez perder o equilíbrio assim que os restos da barreira a atingiram.
Nia, que estava imobilizando Shizuku, também foi lançada para longe de forma similar. Apesar de ela se levantar na mesma hora e tentar prender Shizuku, antes disso, uma corda de luz cresceu do chão e prendeu a camareira.
Shizuku estava aturdida com a situação atual e se virou na direção da voz que chamou seu nome.
E pelas aberturas entre os Cavaleiros que cercavam os alunos, ela viu a figura de sua melhor amiga que não deveria estar ali. Não era uma ilusão. Kaori estava olhando para Shizuku com uma expressão de angústia. Com toda certeza, com a visão de Shizuku e todos os outros em estados trágicos, ser capaz de chegar a tempo por pouco a permitiu relaxar seu rosto em alívio.
— Ka-Kaori…
— Shizuku-chan! Espere um pouco! Eu vou te ajudar agora mesmo!
A voz de Kaori parecia desesperada para Shizuku e os estudantes que estavam cercados pelos Soldados assim que a garota apareceu na entrada da praça. Então, ela rapidamente começou a invocar Magia de Cura para ajudar a todos. Era uma Magia de Cura de primeira classe do sistema da luz, Texto Sagrado. Pelo atual estado de seus colegas de classe e essa situação, ela julgou que deveria curar todos.
— !?!?!? Por que você está aqui!? Vocês com certeza estão tentando me atrapalhar!
Eri deu ordens para os Cavaleiros enquanto seu rosto se distorcia pela raiva. Todos os Cavaleiros atacaram Kaori juntos para impedir seu encantamento.
Contudo, a Curandeira não se feriu, as espadas que os Cavaleiros empunhavam foram detidas por uma barreira de luz.
— Todos! O que foi que aconteceu! Recuperem seus sentidos! Eri! O que significa isto!?
Protegendo Kaori, que estava invocando a Magia de Recuperação de alto nível, Liliana logo apareceu atrás da Curandeira. Uma barreira em forma de esfera envolveu Kaori e a Princesa para protegê-las.
Liliana estava extremamente confusa com a situação onde os Cavaleiros e Soldados tentavam matar Kouki e os outros alunos e também seguiam os comandos de Eri. Enquanto colocava a barreira, ela gritou e questionou a Necromante. Contudo, Eri não estava ouvindo.
As técnicas de Liliana eram definitivamente da classe mais alta. Ela foi capaz de cobrir uma caravana inteira em uma barreira e suportá-la contra os ataques de mais de 40 bandidos[1]. Por esse motivo, mesmo se os Cavaleiros desferissem ataques intensos com seus limitadores removidos, a barreira era capaz de aguentar até que o encantamento de Kaori fosse terminado.
E como Eri entendia isso, sua expressão mostrou impaciência.
— Chi, acho que não há o que fazer.
“Isso foi culpa da minha impaciência?”, Eri desistiu de transformar seus colegas em marionetes e decidiu matar todos eles antes que fossem curados.
Então, nesse momento, de repente, diante dos olhos de Liliana, um dos Cavaleiros que brandia sua espada contra a barreira foi decapitado e caiu no chão.
A pessoa que apareceu atrás do Cavaleiro caído era... Daisuke Hiyama.
— Shirasaki! Princesa Liliana! Vocês estão bem!?
— Hiyama-san? Com um ferimento tão horrível, você-!?
O rosto de Liliana ficou pálido assim que ela viu o estado de Hiyama. Apesar de seu encantamento não ser interrompido, os olhos de Kaori também se arregalaram. Isso era de se esperar, considerando que o peito de Hiyama estava encharcado de sangue. Não importava como você olhasse para a cena, ele tentou escapar de forma desesperada e imprudente de sua contenção.
Ele tremeu violentamente e cambaleou, Liliana logo removeu parte da barreira e permitiu que Hiyama, que estava com sua mão apoiada nela, entrasse. Com um baque, Hiyama caiu. Contudo, nesse momento, o grito impaciente de Shizuku ressoou.
— Não! Se afastem dele!
Ela as avisou desesperadamente enquanto vomitava sangue. Shizuku notou. Por que apenas Hiyama foi capaz de escapar quando até mesmo Kouki não conseguiu, e quem era a pessoa que Eri falou querer Kaori? Estava claro que a barreira de Liliana continuaria de pé até que o encantamento de Kaori fosse terminado. Apesar disso, a única pessoa que fingiu estar ajudando…
— Kyaaaaaa!?
— Aguuuuu!?
O aviso de Shizuku não chegou a tempo.
A barreira de Liliana desapareceu, o que foi visto foi a figura de Liliana, que estava abraçando as costas de Kaori com força, derrubada no chão e uma espada atravessada no peito da Curandeira.
— Kaoriiii!
O grito de Shizuku ecoou.
Com um olhar enlouquecido em seus olhos, Hiyama abraçou as costas de Kaori com seu rosto enterrado no pescoço da garota. O que estava em suas mãos atrás de Kaori era obviamente a espada que perfurou o coração da Curandeira.
Em primeiro lugar, Hiyama nunca foi ferido. Ele estava fingindo enquanto se preparava para o caso em que os poderes explosivos de Kouki como o Herói o permitissem se libertar. E embora ele estivesse surpreso com a aparição de Kaori e Liliana, ele julgou que no ritmo em que as coisas estavam indo, Kouki e os outros seriam curados, assim ele decidiu agir.
— Hihiiii, finalmente, eu finalmente consegui. Como esperado, eu sou melhor que Nagumo! Yeah, não é verdade? Naa, Shirasa… não, Kaori? Naa? Gihiiii, oi, Nakamura, se apresse logo. O contrato.
Eri encolheu seus ombros com as palavras de Hiyama. E com o objetivo de utilizar Amarrar Alma em Kaori, a Necromante se aproximou.
Logo após isso, um grito ressoou.
— Gaaaaaaaaa! Vocês!!
Kouki estava desesperadamente tentando quebrar suas algemas enquanto seu corpo chiava com sua raiva no ponto de ebulição. Ele pensou que Kaori tinha morrido e parecia ter perdido a razão. As rachaduras nas cinco algemas que selavam magia começaram a ficar cada vez maiores. Era uma força extraordinária. Entretanto, ainda não era o suficiente para ele se libertar da contenção dos Cavaleiros.
Então, assim que Hiyama relaxou ao ver isso, um murmurou baixo pôde ser ouvido em seu ouvido. Se você observasse com atenção, era Kaori quem estava murmurando, mesmo após receber um ferimento fatal. Hiyama ficou ansioso e levou seu ouvido para mais perto da boca da garota. E o que ele ouviu foi…
— ... no... fim... do... ano, eu... sorri... Texto... Sagrado.
Mesmo com um ferimento mortal, a Curandeira completou a magia de alto nível. A magia de Kaori foi invocada através de força de vontade. Os olhos de Hiyama se arregalaram em espanto.
A própria Kaori devia ter percebido que um ferimento fatal foi infligido nela. Apesar disso, até seu último suspiro, o que ela murmurou não foram lamentos, nem o nome de uma preciosa pessoa... ela decidiu lutar.
Kaori pensou nisso. Ele, a pessoa por quem ela se apaixonou, não importava a situação, e não importava o oponente, ele lutaria sem desistir. Nesse caso, ela, que queria ficar ao lado do rapaz, não poderia expor tamanha deselegância. E com quase nenhuma consciência restando, com apenas seus fortes desejos para terminar de invocar a magia, o encantamento foi completo em troca da vida da Curandeira.
Ondulações de luz começaram a se espalhar de Kaori. Em um piscar de olhos, a luz atravessou a praça e resultou em uma poderosa cura para aqueles que foram feridos. As espadas foram puxadas para fora pela luz curativa. Por algum motivo, os movimentos das marionetes também ficaram mais lentos.
Naturalmente, a luz de cura também afetou Kaori; embora o ferimento fosse curado, a ferida que a garota recebeu era em um ponto vital, diferente dos outros estudantes. Além disso, assim que a lesão começou a fechar, Hiyama atacou a ferida com desespero e garota não foi curada por completo. Com isso, Kaori iria com certeza morrer.
— Ahhhhhhh!!
O grito de Kouki surgiu.
Com seu corpo curado, ele poderia desempenhar seu melhor, assim, os grilhões que já estavam rachados foram todos destruídos como se fossem itens frágeis. Ao mesmo tempo, luz branca irradiou intensamente de seu corpo, expressando sua ira. Com a intensa torrente de luz, Kouki aumentou seus atributos em cinco vezes. Era a derivação final do Superar Limite, Quebra Suprema.
— Eu jamais irei… perdoar vocês!
Apesar dos Cavaleiros tentarem segurar Kouki, o Herói roubou a espada do Cavaleiro que o esfaqueou com facilidade e cortou a marionete em dois. Assim, esticando sua mão na direção de sua Espada Sagrada que foi tirada dele, a arma girou pelo ar e voou para a mão de Kouki.
Eri estava sem expressão, Soldados-Marionetes estavam disparando contra ele, mas o Herói os cortou em dois com facilidade. Ele não deveria ser capaz de superar os sentimentos de assassinar alguém. Entretanto, neste momento, com a intensa fúria de perder uma companheira, ele reconheceu que seus oponentes já estavam mortos, assim, não havia hesitação em seus ataques.
Por outro lado, o grupo da vanguarda se reuniu ao redor dos outros colegas e a luta para proteger o grupo que não participou da exploração do Calabouço começou. Não importava quantos eles derrubassem, os estudantes continuavam sendo cercados pelos Soldados-Marionetes, também não havia tempo para remover as algemas que selavam magia, então a luta era baseada em força física. Ryutaro e Nagayama se tornaram paredes de carne literais, eles tentaram desesperadamente proteger o grupo que ficou para trás na Capital Real e que tremia com a atual situação.
Shizuku tentou chegar no local em que Kaori estava com desespero e o rosto cheio de lágrimas. Contudo, assim como Ryutaro e os outros, ela ainda estava com as algemas, ondas de Soldados-Marionetes atacavam e a Espadachim não foi capaz de avançar com facilidade.
Nesse momento, Kouki por fim derrotou os Soldados-Marionetes que o cercavam. Com um olhar irritado, Kouki encarou com raiva Hiyama e Eri e avançou com rapidez.
Mas então, o trunfo de Eri, que tirava vantagem do ponto fraco de Kouki, apareceu. Como resultado, assim como a Necromante previu, a espada de Kouki parou.
O Herói chamou o trunfo com uma voz trêmula.
— Não-não pode ser... até... Meld-san…
Correto, a razão para a espada de Kouki parar foi porque a arma secreta de Eri era Meld Loggins, Comandante dos Cavaleiros.
— … Kouki… por que, você está apontando sua espada para mim... eu não te ensinei esse tipo de coisa…
— Naa… Meld-san… eu...
— Kouki! Não o escute! Meld-san já está-!
A voz de Shizuku repreendeu Kouki, que estava abalado. Quando ele recobrou seus sentidos, a espada de Meld já estava se aproximando. Na mesma hora, ele usou sua Espada Sagrada para receber o golpe. Junto de uma terrível onda de choque, as pernas de Kouki tremeram. Parecia que o Cavaleiro mais forte do Reino teve seu limitador removido.
— … Meld-san… eu sinto muito!
Apesar da expressão de Kouki se distorcer em tristeza, ele desferiu sua Espada Sagrada em intensas ondas contra Meld. Mesmo morto, a esgrima de Meld ainda era incrível, ele conseguiu por pouco se defender dos ataques de Kouki enquanto o Herói usava a Quebra Suprema. Por causa da aparência do Comandante, a cabeça quente de Kouki esfriou um pouco, seus ataques com a espada que ignoravam a sensação de assassinato começaram a ficar mais lentos. No entanto, mesmo com isso, Meld não deveria ser capaz de derrotar o atual Herói; por fim, a espada do Comandante voou para longe.
Kouki instantaneamente se aproximou com um golpe lateral contra o pescoço de Meld usando sua Espada Sagrada.
Porém, antes que a espada alcançasse o pescoço de Meld...
— … me ajude… Kouki...
— !?!?!?
A espada de Kouki parou depois que ele ouviu as palavras do Comandante. Mesmo que devesse ser impossível, quem sabe, Meld pudesse não ter sido morto e estivesse apenas sendo manipulado? Ainda não seria possível ajudá-lo? O garoto foi incapaz de descartar esses pensamentos.
Este era o ponto fraco de Kouki. Em resumo, falta de convicção. Se você vai ajudar, então ajude. Se você vai matar, então mate. Você pode escolher qualquer uma, mas resolução e determinação são necessárias. Kouki não tinha nenhuma das duas. Baseado na informação apresentada a ele, uma interpretação conveniente da situação ocorreu. Por isso, embora ele normalmente não duvidasse de sua integridade, ele se perdia nos momentos mais cruciais.
Meld usou seu pé para levantar a espada de um Cavaleiro que estava no chão. Em um instante, com a mão que segurou essa espada, ele mais uma vez cruzou lâminas com Kouki. Entretanto, o Herói não tinha o impulso impressionante de um momento atrás, ao invés disso, o Comandante era quem estava o pressionando.
— !?!?!? Gahaaaa!
Após mal conseguir enfrentar os ataques de Meld, o corpo de Kouki perdeu sua força e seus joelhos cederam. Não foi devido ao limite de tempo da Quebra Suprema. Pouco tempo se passou desde que o garoto ativou a habilidade. O incidente não parou apenas com isso, ele até começou a vomitar montes de sangue. O sangue ensopou o chão e a confusão de Kouki aumentou ainda mais.
—Fuuuuu, está finalmente funcionando. Esse é um veneno bem forte... como esperado de Kouki-san. Se eu não tivesse preparado Meld-san, eu teria perdido.
Para a voz relaxada de Eri, Kouki tentou apoiar seu corpo com uma expressão questionadora e desespero.
— Kufufu, pensando no caso em que o Príncipe beija a Princesa, se a Princesa beija o Príncipe, ele cai em um sono profundo e se torna dela... também existe esse tipo de desenvolvimento, não é? Maa, até eu fiz algumas preparações para casos de emergênciaaaa.
Com essas palavras, Kouki entendeu. O beijo que Eri o deu no início. Naquele momento, ela fez ambos beberem veneno. A própria garota devia ter tomado o antídoto mais cedo. Ele nunca teria pensado que ele receberia veneno boca a boca. Quanto mais imaginar que alguém que se dizia apaixonada faria isso. O garoto mais uma vez foi lembrado do fato de que a Eri que todos conheciam não podia mais ser vista.
Com os efeitos do veneno, o Herói ficou completamente incapaz de se mover, a Necromante riu com satisfação e então se virou para caminhar em direção a Kaori de novo. Porque logo o limite de tempo para o Amarrar Alma iria acabar. Hiyama exigiu que Eri se apressasse com uma forma parecida com a de um Ogro.
Kaori estava morta e a ponto de ser corrompida. Com isso, Kouki e Shizuku estavam furiosos, e com uma expressão arrependida, a Espadachim estava a ponto de disparar em linha reta.
Contudo, Eri já tinha colocado sua mão sobre Kaori. Eri começou a invocar o feitiço. Após vários segundos, a marionete de Kaori, que obedeceria a todos os comandos de Hiyama, estaria completa. As expressões de Shizuku e dos outros estudantes se inflaram com a ira, Hiyama estava rindo ruidosamente, e Eri estava sorrindo com arrogância.
Então... uma voz que traía o clima do campo de batalha, que estava cheio de desespero e traição, surgiu.
— … que merda está acontecendo aqui?
Era o garoto com cabelo branco e tapa-olho; era a voz de Hajime Nagumo.
Com a aparição do rapaz, como se o tempo parasse, os movimentos de todos cessaram. Isto aconteceu devido a feroz pressão que Hajime emitia.
Em geral, os Soldados-Marionetes, que não tinham emoções, não deveriam parar com a pressão do estudante sendo liberada, porém, Eri, que era quem os comandava, foi esmagada pelo sentimento natural do fraco instintivamente se escondendo quando o forte aparecia, o que fez com que as marionetes fizessem o mesmo.
Hajime estava completamente despreocupado com as centenas de olhos o encarando e começou a verificar as circunstâncias ao seu redor. Uma enorme quantidade de Soldados e Cavaleiros estavam atacando os alunos; seus colegas de classe foram agrupados e formaram um círculo; Meld estava na frente de Kouki, que estava no chão e vomitava sangue; apoiada em seu joelho com uma katana negra em uma das mãos estava Shizuku; Eri e Hiyama, que ficaram rígidos; e... Hiyama estava abraçando Kaori e segurava uma espada que garantia que a vida da garota cessasse…
No momento que ele viu a figura da Curandeira, uma presença extremamente apavorante surgiu na praça. Como se insetos estivessem rastejando por seus corpos, como se seus corações estivessem sendo apertados diretamente, todos se sentiram desconfortáveis e tremeram aterrorizados com essa presença. A presença esmagadora da morte. Era como se o sangue de todos congelasse. Por um instante, seus corpos perderam a temperatura e a pesada intenção assassina os fez vislumbrar suas mortes.
Em um instante, a figura de Hajime desapareceu.
E o garoto, que estava se movendo em um ritmo que ninguém poderia compreender, apareceu ao lado de Kaori com um som estrondoso. O som ribombante foi causado por Hiyama sendo lançado em linha reta contra a parede no fim da praça e a destruindo com seu corpo. Em apenas um momento, Hajime chutou o rapaz no peito e o mandou voando sem influenciar Kaori.
Em geral, um golpe seria o suficiente para fazer o corpo inteiro de Hiyama se partir, contudo, como o Sinergista se segurou um pouco, isso só terminou com o outro rapaz ficando com inúmeros ossos quebrados e órgãos internos danificados. No momento, ele deveria ter desmaiado nos escombros da parede, assim que ele despertasse com a dor, o inferno mais uma vez iria começar.
Hajime segurou Kaori com um braço e afastou seu cabelo do rosto. Então, com uma voz alta, ele chamou sua companheira.
— Tio! Estou contando com você!
— … umu, conte com esta!
— Shi-Shirasaki-saaaan!
Em resposta ao pedido de Hajime, Tio se apressou na direção do dois. A compleição de Aiko mudou assim que ela também chegou ao lado de Kaori. Assim que Tio recebeu Kaori de Hajime, ela rapidamente começou seu encantamento.
— Ahaha, é inútil. Ela já está morta. Eu nunca imaginaria que vocês viriam até aqui... não, no momento que Kaori apareceu, eu devia ter notado. Un, parece que já está tudo acabado para Hiyama, talvez eu deva fazer uma oferta a você? Contanto que você não se torne hostil contra mim, eu vou trazer Kaori de volta a vida com minha magia para você. Não será genuíno, porém, ela continuará linda como está agora. É melhor do que nada, não concorda? Ne?
De forma brilhante, Eri propôs sua sugestão enquanto suor escorria de sua testa. Desconsiderando Aiko, cujos olhos estavam arregalados com o assombro a seu lado, Hajime se levantou de forma abrupta. Eri, que sabia sobre a força de Hajime, esticou suas mãos assim que ela estalou sua língua discretamente enquanto enfatizava que Kaori iria apenas apodrecer se fosse deixada sozinha.
No entanto, a intenção assassina transbordante de Hajime não diminuiu nem um pouco; sem nenhuma expressão, como se estivesse usando uma máscara Noh, ele caminhou na direção de Eri.
— Espere, espere um pouco Nagumo. Por favor, olhe para as pessoas ao seu redor. Não há muita diferença entre eles e os vivos. Apesar de não podermos fazer nada sobre ela estar morta, no mínimo, eu poderia deixá-la como eles. Além disso, eu posso criar uma Kaori do seu gosto. Para isso, você precisa de mim…
Eri falava com rapidez enquanto se afastava.
Então, nesse momento, uma sombra correu para trás de Hajime. Um golpe de uma lança afiada, que era incomparável com os ataques dos outros Soldados-Marionetes, foi lançado contra ele. A identidade dessa sombra era Reiichi Kondo. Era o lanceiro[2] que foi morto de forma lamentável por Eri mais cedo e se tornou uma marionete.
Em primeiro lugar, apesar de chamá-lo de marionete, ele ainda exibia a força de um trapaceiro que veio de um mundo diferente. A poderosa estocada contou com a classe de Kondo, Mestre da Lança, e espiralou com o vento na direção do coração de Hajime.
— Ahaha, o descuido é nosso maior inimigoooo. Assim como a ira d-…
A expressão de impaciência de Eri rapidamente mudou para um sorriso arrogante, porém, como se Hajime não sentisse nada, ele continuou caminhando, o que fez a expressão da Necromante se contorcer. Hajime já devia saber o que estava vindo de suas costas. Uma massa de Poder Mágico vermelho foi comprimido no tamanho de uma moeda de dez ienes e segurou a lança que foi desferida contra ele. Era a derivação de Vajra, Atribuir Força.
Hajime silenciosamente virou seu cotovelo esquerdo na direção de suas costas e, sem qualquer hesitação, disparou sua espingarda. Um som estrondoso ressoou e, ao mesmo tempo, Kondo, que recebeu o ataque de grande poder à queima-roupa em seu rosto, teve sua cabeça transformada em pequenos pedaços e foi explodida. O som de sangue espirrando e respingando foi ouvido com clareza.
— … matem-no.
Com uma expressão afiada, Eri deu a ordem aos Soldados-Marionetes e Meld. Embora não tanto quanto Kouki, Hajime possuía alguma intimidade com Meld; no Grande Calabouço Orcus, o aluno chegou ao ponto de usar uma poção para curar o Comandante que estava à beira da morte[3]. Dessa forma, ela pretendia usar a chance que surgiria com a hesitação, assim como foi com Kouki. Os Soldados-Marionetes estavam esperando com entusiasmo pela abertura que surgiria.
Contudo, esse tipo de julgamento com o senso comum como base não funcionaria com Hajime.
Enquanto desconsiderava Meld, que estava disparando contra ele, Hajime pegou Metsurai de sua Caixa do Tesouro. De repente, de lugar nenhum, a forma de uma arma brutal apareceu e fez todos presentes prenderem suas respirações.
Na mesma hora, Shizuku berrou.
— Todos! Se abaixem!
Ryutaro e Nagayama, enquanto se abaixavam, arrastaram os estudantes que ainda estavam de pé para o chão.
Logo a seguir, com o som único de rotações e disparos ressoando, a encarnação de destruição ecoou. Ela foi usada antes para esmagar por completo todos os Golems que uma Libertadora manipulava; transformar exércitos de Feras Mágicas em um mar de sangue; as presas do monstro que neutralizaram as penas de prata da morte que a Apóstola de Deus lançava. Esse tipo de arma foi utilizado; não havia forma de Soldados-Marionetes serem capazes de a enfrentarem.
As balas aceleradas eletricamente não eram brandas o bastante para dizermos que paravam em apenas uma pessoa; elas seguiam em frente e destruíam todos os obstáculos, enquanto explodiam a parede da praça como se fosse apenas papel; com Hajime no centro, tudo foi despedaçado. Os corpos dos Soldados-Marionetes foram esmagados, reduzidos a pedaços de carne que se espalharam pelo local e não poderiam mais ser reconhecidos.
Pouco depois, o rugido de Metsurai parou e, mais uma vez, passos ecoaram na praça silenciosa. Todos que estavam deitados no chão estavam estáticos, naturalmente, aquele que estava caminhando depois do ataque que varreu tudo em seu caminho era Hajime.
Todos os demais estavam abaixando suas cabeças com desespero até que a tempestade passasse, as pontas de um par de sapatos apareceram na frente dos olhos de Eri. A Necromante ergue seu rosto. Ela encarou o dono dos sapatos. O que ela viu foi um par de olhos que a observavam como se a garota não fosse nada além de uma pedrinha sem valor ao lado da estrada. Hajime não carregava mais Metsurai em suas mãos. Ele apenas estava de pé diante de Eri e a olhava de cima.
Eri não poderia dizer nada e apenas devolveu o olhar com uma expressão horrorizada, assim, Hajime começou a abrir sua boca sem pressa.
— E?
— …
Hajime não tinha informações sobre o que Eri tinha feito. Ele simplesmente entendia que ela era uma inimiga. Se fosse algo simples como enfrentar um inimigo, tudo o que ele tinha que fazer era assassinar todos os alvos sem piedade e tudo chegaria ao fim. Entretanto, Eri tocou em algo que ela nunca deveria ter tocado. As coisas já tinham chegado no ponto em que apenas matá-la não seria o bastante. Antes de morrer, a garota precisava sentir o “desespero”…
Foi por isso que Hajime a fez uma pergunta. “O que mais você pode fazer? Você não pode fazer mais nada, huh?”
Eri entendeu com precisão o que ele insinuou e começou a apertar seus dentes com força. O canto de seu lábio tinha um corte e sangue estava escorrendo. Até o momento, ela era a dona deste lugar, ela deveria estar na posição com uma vantagem enorme, contudo, em um instante, Hajime anulou isso por completo, o que fez a Necromante ficar com ódio e assombro.
No momento que Eri estava a ponto de o amaldiçoar fervorosamente sem querer, o cano de um revólver foi empurrado contra sua testa.
Eri engoliu seus xingamentos com a rápida aparição da arma; ela não foi nem capaz de entender quando ela foi sacada.
— … seja lá qual for sua motivação, eu não tenho intenção de ouvir essas coisas inúteis. Se você não tem mais nada para me mostrar, então… morra.
O dedo de Hajime começou a puxar o gatilho. O garoto nos olhos de Eri era alguém que mataria seus próprios colegas de classe e percebeu que mesmo que ela transformasse Kaori em uma marionete, o garoto não iria nem mesmo hesitar.
“... eu estou morta.”
A cabeça de Eri estava tomada com essas palavras. Entretanto, a diabólica sorte de Eri parecia não ter acabado.
No momento em que a cabeça da Necromante estava a ponto de ser destruída, uma bola de fogo voou na direção de Hajime. Suas chamas tinham uma considerável quantidade de poder. Entretanto, era óbvio que isso não funcionaria contra Hajime. Ele apontou o cano de Donner na direção da bola de fogo e com precisão impressionante, ele atingiu seu núcleo e o ataque foi dispersado com facilidade.
— Naaguumooo!!
Do interior das chamas que desapareciam estava Hiyama, cobertos de ferimentos, e era incerto dizer se ele ainda era capaz de falar direito, já que o rapaz gritou o nome de Hajime com um tom anormal. Com uma espada em sua mão, uma enorme quantidade de sangue foi vomitada de sua boca, e seu ombro direito estava quebrado e seriamente machucado, pendendo ao lado de seu corpo enquanto o garoto se atirava na direção de Hajime. Ele não parecia mais um Ogro imprudente, agora ele só parecia algum tipo variante de criatura feia.
— … calado.
Hajime se preparou como se isso fosse um aborrecimento enquanto Hiyama corria e desferia um chute desprezível. Dogon! Um som de explosão parecido com um estrondo sônico[4] ressoou e o corpo de Hiyama estava flutuando no ar. Ele não foi lançado para longe porque a onda de choque não foi permitida a deixar seu corpo.
Então, enquanto Hiyama estava apenas flutuando no ar, Hajime ergueu sua perna na direção do céu, e a abaixou com intensa força. Era como se seu calcanhar fosse um machado sendo desferido para cortar um pedaço de lenha; ele impiedosamente atingiu a cabeça de Hiyama e o jogou contra o chão. A terra rachou por causa do impacto e sangue da cabeça de Hiyama estava respingando nessas rachaduras. Hiyama, que quicou como um tijolo, já estava com os brancos dos olhos à mostra e perdeu sua consciência.
Qualquer um que o visse poderia ver que ele estava vivo por um triz. Contudo, Hajime tinha uma qualidade que o não permitia abandonar seu alvo. A cabeça do outro rapaz foi mais uma vez chutada para cima, o fazendo flutuar no ar. Algo estava sendo realizado? Com esse impacto, Hiyama recuperou sua consciência.
Hajime o segurou pelo pescoço e o ergueu no ar. Hiyama, que estava pendurado no meio do ar, se debatia com violência sem nenhuma força, Hajime, que tinha força inumana, estava despreocupado.
— Vo-cê! Ze não foze pô vo-cê, Gaori zeria, minha!
Ele foi tomado pelo rancor e intenção assassina. Era assustador pensar que um humano pudesse chegar a este ponto de repulsividade. Um homem normal iria desviar seus olhos? Ele provavelmente seria tomado por sentimentos de enjoo e fugiria.
Entretanto, Hajime não mostrou esse tipo de reação para Hiyama. Muito pelo contrário, os olhos de Hajime carregavam lástima.
— Não faria diferença eu existir ou não, o resultado teria sido o mesmo. No mínimo, com sua natureza, nada teria acontecido mesmo que o mundo fosse invertido.
— É zua culpa!
— Não coloque a culpa nos outros. A razão para você chegar ao fundo do poço foi mérito seu. Até no Japão e mesmo aqui, você sempre foi um perdedor. Não foi “outra pessoa”. Foi “você mesmo”. Tudo o que você fez foi criticar todos os outros com insatisfação, enquanto você mesmo não assumia nenhuma responsabilidade. Você é um genuíno azarão.
— Eu vô ti matá! Definitifamenti, zó você!
Hiyama ficou ainda mais furioso e insano com as palavras de Hajime. Após Hajime olhar para o azarão que continuava a se perder, ele notou algo ao longe e olhou para essa direção. O que estava nessa direção era a vanguarda dos Demônios que invadiram o Reino.
Hajime voltou seu olhar frio para Hiyama, assim, mais uma vez o jogou no ar, e com um golpe de seu braço artificial, ele atingiu o outro aluno que estava caindo de acordo com a gravidade. Força rotacional foi aplicada com o impacto e Hiyama começou a girar como um pião.
— Vamos verificar se você pode sobreviver. Maa, é deve ser impossível para você.
Hajime também o atingiu com um chute giratório, o que fez o ar soprar para longe. Hiyama soltou um som desagradável e foi atirado para fora da praça com a onda de choque.
Ao invés de atirar em Hiyama para matá-lo depressa, Hajime estava inconscientemente evitando seus pontos vitais e o esmurrando. Isso não era vingança por ele o derrubar no Abismo; era vingança por ferir Kaori.
Apesar de ele não saber a quantidade de consciência que a pessoa em questão tinha, Hajime começou a pensar que apenas matá-lo de forma rápida não seria o bastante. Foi assim que ele pensou na ideia de chutar Hiyama dentro da multidão de monstros após deixá-lo vivo por muito pouco.
Contudo, devido aos negócios com o outro estudante, o tempo que ele tinha para matar Eri foi reduzido. Embora a garota não tenha fugido, uma aurora foi lançada contra Hajime.
— Chi…
Hajime pulou para trás enquanto estalava sua língua e usava Donner para atirar no local de onde a aurora veio. Três explosões surgiram ao mesmo tempo, como um Dragão escalando a cachoeira de auroras, três clarões rasgaram o céu.
Logo a seguir, a trajetória da aurora mudou, por pouco ela não atingiu Kouki, porém, graças a Eri, eles conseguiram evitar o ataque. Até para a Necromante, seria uma piada de mau gosto se qualquer parte de Kouki fosse completamente destruída devido ao fogo amigo.
Logo, a aurora se acalmou e Freed desceu em seu Dragão Branco.
— … já chega. Garoto com cabelo branco. Se você não quiser perder mais nenhum de seus preciosos compatriotas e cidadãos do Reino, se acalme.
Parecia que Freed estava sob o equívoco de que Hajime estava lutando por Kouki e os outros alunos e pelo Reino. Se você olhasse a área ao redor, notaria que Demônios já estavam cercando Shizuku e os outros alunos, e miravam em Tio e Aiko.
Se Hajime e os Demônios lutassem, haveria uma grande quantidade de dano colateral, então eles decidiram usar reféns para evitar esse cenário. Apesar de Hajime não saber que Freed já estava muito ferido por sua luta com Yue, o Demônio percebeu os outros alunos e usou isto como um último recurso. Devia se notar que os ferimentos causados por Yue, embora longe de estarem completamente curados, foram tratados pela magia inerente do Corvo Branco.
Então, nesse momento, como se algo tivesse acontecido a Kaori, Tio chamou Hajime em voz alta.
— Mestre! Esta conseguiu consertar as coisas por ora! Entretanto, qualquer coisa além disto... vai levar tempo... se possível, esta gostaria de contar com a cooperação de Yue. Não podemos deixar isto como um remendo temporário para sempre!
Hajime concordou com vigor enquanto olhava por sobre seu ombro para Tio. Os colegas de classe, que não entendiam as circunstâncias, tinham expressões de dúvida. No entanto, Freed, que também tinha Magia da Era dos Deuses, conseguiu adivinhar o que estava acontecendo. Ele olhou para a magia de Tio com olhos arregalados.
— Hoo, uma nova Magia da Era dos Deuses... por acaso ela veio da Montanha de Deus? Seria bom se você me dissesse a localização dela. Se você me desafiar, então vo-!?
No momento que Freed tentou ameaçar Hajime e os outros em troca da localização do Grande Calabouço da Montanha de Deus, chamas surgiram de Donner. Na mesma hora, o monstro em forma de tartaruga ergueu uma barreira e conseguiu resistir, impedindo que ela fosse destruída por completo. Freed estreitou seus olhos e os Demônios ao redor se aproximaram ainda mais.
—Qual o significado disto? As vidas de seus compatriotas não são importantes? Quanto mais vocês resistirem, mais os cidadãos do Reino irão sofrer! Ou você é um tolo tão grande que não pode compreender a situação? Há cem mil monstros no muro externo e do outro lado do portal há um milhão de Demônios. Não importa o quão forte vocês sejam, continuar lutando enquanto protege a todos é…
Hajime, que recebeu essas palavras, virou seus olhos frios para longe de Freed na direção do exterior do Reino... um exército de cem mil estava tentando invadir o Reino. Então, em silêncio, ele pegou um Minério de Indução que era do tamanho de um punho de sua Caixa do Tesouro. Ele ativou a pedra enquanto ignorava o olhar suspeito de Freed e emitiu uma luz que era incomparável a do anel que manipulava as Brocas de Cruz.
Freed, que começou a sentir um mau pressentimento intenso, na mesma hora disparou uma aurora contra Hajime. Entretanto, o garoto utilizou Donner para manter o ataque afastado, como resultado, ele foi capaz de ativar o dispositivo.
... luz da condenação verteu do céu.
O pilar de luz era o representante que conectava o céu e o solo. O que quer que a luz tocasse, não importava a raça, sexo, nem a classe social, tudo era impiedosamente destruído e apagado. Queimando a atmosfera e atravessando a escuridão, como se fosse a luz do dia, como raios de Sol, os alvos foram eliminados.
Kyuwaaaaaaaaaaaa!!
O pilar de luz, como se estivesse investigando o local, soltou um rugido enquanto atingia a terra e criava uma cratera, seu diâmetro tinha cerca de 50 metros. Demônios, monstros e outras formas de vida, de modo idêntico, evaporaram todos sob a luz, sem nenhuma exceção, a onda de choque e ondas de calor espalharam a destruição a seu redor.
Quando Hajime colocou seu Poder Mágico no Minério de Indução em sua mão, o pilar de luz se moveu e varreu todos os monstros e Demônios que estavam correndo a pé. Defesa era inútil. Desviar era inútil. A menos que você pudesse viajar pelo espaço como Freed, seria impossível para qualquer um escapar a pé. As Feras Mágicas e Demônios que tentavam invadir pelo muro externo viram o pilar de luz se aproximando e todos entraram em pânico, eles desesperadamente tentaram avançar em direção ao Reino com desespero.
O pilar de luz ziguezagueou e esmagou o enorme exército, tudo até a muralha externa foi erradicado e desapareceu no vazio.
Tudo o que restava era a fumaça que subia de onde a terra tinha sido queimada e uma enorme cratera. Além de profundas cicatrizes gravadas no solo. Os Demônios que conseguiram escapar por pouco e chegaram a tempo no Reino não estavam aliviados, eles apenas encararam seus companheiros com surpresa por seu exército ser completamente extinto em um único momento.
Com isso, Freed e Eri, que estavam diante dele, Shizuku e todos os outros estudantes também, seus cérebros pararam e eles ficaram apenas aturdidos em completo espanto.
— O tolo é você, seu grande idiota. Quando foi que eu disse que era aliado do Reino ou dessas pessoas aqui? Não vá me categorizando com eles de forma egoísta. Se você quer uma guerra, então vá em frente. Contudo, se você entrar no meu caminho como agora, eu vou apagar tudo. Maa, eu não estou tão livre para desperdiçar meu tempo com um milhão de oponentes, assim, desta vez, eu vou deixar você partir, então apresse-se com o restante do seu exército e dê o fora. Você é o Comandante do exército, não é?
Era difícil contestar depois que seus companheiros foram obliterados em um instante, os olhos de Freed estavam tomados pela ira e o ódio. Entretanto, mesmo que ele criasse um portal e permitisse que seu enorme exército atravessasse, ele não tinha informações sobre o pilar de luz que Hajime lançou, isso apenas acabaria com ele cometendo o mesmo erro mais uma vez. Isso deveria ser evitado a qualquer preço.
Apesar de também ser irritante para Hajime os deixar fugir, no momento, era necessário tratar Kaori o mais cedo possível. Se muito tempo se passasse, eles perderiam a superioridade. Fazendo algo pela primeira vez, ele estava apenas improvisando. Além disso, o ataque da luz anterior era na verdade uma arma em seu estágio de testes, depois desse único disparo, ela já tinha se quebrado. Sem a arma de aniquilação, ele não teria tempo para lidar com um milhão de Demônios. Seria uma ideia ruim matar Freed, que era o Comandante do exército.
Freed, que não sabia disso, mordeu seus lábios e apertou seus punhos com tanta força e raiva que eles começaram a sangrar, ele estava pensando que não poderia continuar sacrificando seu povo, e enquanto abriu um portal, o Comandante dos Demônios falou cheio de rancor.
— … eu com certeza vou pagar esta dívida... apenas você, em nome do meu Deus, eu definitivamente irei te destruir!
Assim que Freed virou suas costas, ele encarou Eri para incitá-la a montar no Dragão Branco. A Necromante olhou para Kouki, que sobreviveu devido a seu poderoso Status, e sorriu com um sorriso cheio de obsessão e insanidade. Mesmo sem palavras, você saberia, era um olhar repleto com o desejo de obter Kouki, não importava o que fosse preciso.
Ao mesmo tempo que Freed e Eri, que estavam no Dragão Branco, passaram pelo portal, três explosões mágicas surgiram e rugiram pelo céu. Era provavelmente um sinal de retirada. Nesse momento, Yue e Shia desceram do céu com grande força.
— … nn, Hajime. Onde está aquele feioso?
— Hajime-san. Onde está aquele patife?
Parecia que ambas vieram perseguindo Freed para espancá-lo. Elas já deviam saber que o pilar de luz era responsabilidade de Hajime, assim elas não o questionaram.
Contudo, neste momento, elas não tinham tempo para lidar com esses assuntos simples. Hajime contou a Yue e Shia sobre a morte de Kaori. Ambas arregalaram seus olhos em surpresa. Entretanto, após olharem nos olhos de Hajime que continham espírito, elas logo se recuperaram.
E então, Hajime pediu pela ajuda de Yue com seus olhos. A garota entendeu o que precisava fazer e com poucas palavras, — ... nn, conte comigo —, ela assentiu com a cabeça.
Eles se viraram e se apressaram na direção de Tio. Assim, Hajime segurou Kaori em seu colo e pretendia deixar a praça. Contudo, Shizuku o chamou enquanto cambaleava com uma expressão desesperada.
— Nagumo-kun! Kaori está... e quanto a Kaori... o que eu… deveria…
Shizuku parecia estar exausta em um estado que nunca foi visto antes e com uma expressão penosa, se ela fosse ignorada, a Espadachim poderia sofrer com algum tipo de distúrbio mental. Durante a batalha, seu coração tenso foi capaz de apoiá-la, entretanto, agora que isso passou, ela provavelmente estava sendo atormentada pela dor da morte de sua melhor amiga.
Hajime confiou Kaori a Shia e a disse para seguir em frente com Tio. Yue e Shia, que simpatizavam com a expressão de Shizuku, deixaram a praça enquanto eram guiadas por Tio.
Seus colegas de classe ainda estavam em um estado onde eram incapazes de se mover, Hajime avançou e se ajoelhou diante de Shizuku, que estava sentada com sua cabeça abaixada. E com ambas as mãos, espremendo as bochechas de Shizuku, ele a forçou a olhar para cima até que seus olhos se encontrassem.
— Yaegashi, não se entregue. Acredite em nós e espere. Eu vou fazer vocês duas se encontrarem de novo sem falha.
— Nagumo-kun…
Os olhos de Shizuku que perderam sua luz, mesmo que fosse só um pouco, recuperaram sua força. Nesse momento, Hajime riu enquanto dizia coisas que pareciam ser uma piada.
— Se Yaegashi ficar assim, quem vai lidar com todas essas complicações no futuro? O que irá acontecer se Kaori ver uma Yaegashi quebrada... por favor, me dê um descanso. Eu não sou um amante de problemas humanos como Yaegashi.
— … quem é amante de problemas humanos, imbecil. Acreditar nisso... está tudo bem, não está?
Hajime sorriu com uma expressão sincera e acenou com a cabeça com firmeza.
De uma distância mínima, Shizuku estava encarando os olhos brilhantes de Hajime e ela entendeu que ele estava sério. Ele estava realmente tentando fazer algo sobre Kaori, que já deveria estar morta. Dentro desses poderosos olhos determinados, Shizuku sentiu que seu coração congelado derreteu um pouco.
A luz nos olhos de Shizuku aumentou ainda mais. E assim como Hajime disse, ela assentiu com vigor. Então o desejo de acreditar em Hajime e suas companheiras apareceu dentro dela.
Após confirmar que o risco de Shizuku quebrar mentalmente diminuiu, Hajime removeu um tubo de ensaio da Caixa do Tesouro e o colocou nas mãos de Shizuku.
— Isto é…
— Deixe seu outro amigo de infância beber isso. Ele está em uma situação bem ruim.
Depois das palavras de Hajime, Shizuku encarou Kouki, que estava deitado no chão. Kouki já tinha perdido a consciência, ele estava enfraquecido. Ela se lembrou da Água Sagrada que Hajime a entregou antes foi usada para curar Meld imediatamente, que estava a ponto de morrer, e presumiu que esse era o remédio mais efetivo entre todos os medicamentos possíveis. Quanto a Hajime, ele ficaria com problemas se Shizuku se quebrasse por Kouki morrer, mesmo após tudo o que ele disse a ela... após olhar a expressão de Shizuku, parecia que a Espadachim estava mais grata do que o esperado.
Quando Shizuku segurou com força o recipiente da Água Sagrada, ela olhou para Hajime com olhos marejados e disse palavras de gratidão, — ... obrigado Nagumo-kun. — Assim que Hajime recebeu essas palavras, ele logo se virou. Então ele começou a acompanhar Yue e as outras garotas como se fosse o vento.
Notas
[1] Liliana protegeu a caravana de Mottou do ataque de um grupo de bandidos no capítulo 98.
[2] Lanceiro é a designação dos soldados de cavalaria armados de lança introduzidos nos exércitos europeus a partir do início do século XIX. A sua introdução teve a ver com o sucesso que as tropas polacas (polonesas) deste tipo, chamadas Ulanos, tiveram ao serviço do exército napoleónico. A maioria dos exércitos europeus manteve regimentos de cavalaria armados de lança até à Primeira Guerra Mundial. A partir daí a lança tornou-se apenas uma arma cerimonial.
[3] Hajime curou os ferimentos de Meld no Grande Calabouço Orcus após sua luta com Cattleya usando a Água Sagrada no capítulo 79.
[4] Um estrondo sônico é o som associado às ondas de choque criadas por um objeto viajando através do ar com uma velocidade maior que a do som. Estrondos sônicos geram uma enorme quantidade de energia sonora, soando muito similares a uma explosão.
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Arifureta.
مغامرةCom 17 anos de idade, Nagumo Hajime é o seu otaku mediano e comum. Entretanto, sua vida simples de ficar acordado a noite inteira e dormir na escola subitamente foi virada de cabeça para baixo quando ele, junto com o resto de sua turma, foi convocad...