Conquistando um amor

Capítulo um

Sakura

Amar alguém pode ser um risco grande que pode te custar muito caro. Se entregar a paixão cegamente é o mesmo que pular em um precipício sem se dar conta que a queda será horrível.

Sei bem qual a sensação de estar caindo e no fim... me machucar feio.

Eu sempre fui uma pessoa animada, cheia de amor para dar aqueles que estavam ao meu redor. Mas como previsto, eu enfim havia encontrado alguém para dar esse amor. Sasori parecia ser tudo que eu esperava em um cara, ele me divertia e cuidava de mim, namoramos por três anos e ele me pediu em casamento no nosso aniversário de namoro, foi o dia mais feliz da minha vida e claro, eu aceitei, mas teria eu feito a escolha certa?

- Você está linda minha querida. - minha mãe sorria emocionada segurando minhas mãos.

Estávamos em meu quarto esperando por meu pai para que me levasse a igreja. Estava radiante, meu vestido de noiva era um sonho. Tomara que caia, com a saia redonda que nem os vestidos de princesa sabe?

- Obrigada mamãe.

- Aí eu preciso me controlar para não chorar.

- Não faça isso, vai borrar sua maquiagem. - sorri, eu mesma tentava controlar minhas lágrimas de felicidade. Ouvimos alguém bater na porta e logo depois foi aberta pelo meu pai.

- Ai está minha princesinha. - ele ficou no lugar de mamãe segurando minhas mãos.

- Deixarei vocês a sós. - ela sorriu e saiu.

- Nervosa?

- Muito.

- Parece que foi ontem que vi você correndo pela casa pequenininha. - rimos.

- Não se preocupe papai, sempre serei sua princesinha. - beijei sua testa e ele a minha.

- Vamos? - assenti. Engachei meu braço ao dele e saímos do quarto seguindo para o carro onde mamãe já estava.

Durante todo o caminho meu coração parecia que iria sair pela boca. Senti um enorme frio na barriga, finalmente iria casar com o homem que amo e não podia estar mais feliz.
Chegamos a igreja e mamãe entrou primeiro para avisar que eu estava entrando. Ficamos uns dois minutos no carro até que finalmente saímos. Já na porta estranhei não escutar a marcha, olhei para meu pai e ele estava tão confuso quanto eu. Quando pensei em entrar assim mesmo minha mãe voltou com uma expressão assustada, atrás dela estavam Karin e Hinata minhas amigas da adolescência com a mesma expressão.

- O que aconteceu? Que caras são essas?

- Filha... o Sasori... - ela olhou para as meninas.

- Por Deus, digam de uma vez. - falei já nervosa.

- Sakura... ele não veio. - Karin falou por fim.

Fiquei estática sem saber como reagir, na verdade estava processando aquela informação. Senti meus joelhos tremerem e fraquejarem, se não fosse por papai me segurar, certamente estaria no chão.

- C-como assim não veio? - meus olhos marejaram. 

- A avó dele descobriu que ele estava tramando algo sujo contra sua família. - Hinata continua.

- Sujo? Expliquem direito! - claramente papai já estava irritado.

- Querido, ele nos roubou. - a dor não podia ficar pior que aquilo, não conseguia mais engolir o choro.

- Maldito Sasori!!

- Ela lamenta não ter descoberto a tempo para te alertar Saky. Também disse que ele iria embora hoje de Tokyo. - apertei a mão de papai para tentar me acalmar. Respirei fundo várias vezes e me levantei.

- Saky?

- Não venham atrás de mim. - falei com a voz embargada e então corri, os ouvi gritar meu nome mas ignorei.

Todos olhavam para mim enquanto corria, não me admirava. Queria ver com meus próprios olhos mesmo já sabendo quero ver. Corri em direção ao aeroporto chorando, meus cabelos já bagunçados grudando nas lágrimas. Parei por instantes apenas para arrancar meus saltos e os joguei na rua.

Eu queria correr pra ver se assim eu sentia menos peso. Se entrasse num carro provavelmente iria atormentar o pobre motorista do táxi.

Parei em frente à entrada do aeroporto, inclinei meu corpo para recuperar o ar. Ao me erguer meus olhos bateram nele, uma raiva profunda me consumiu e então entrei. Ele estava apressado e eu corri para alcança-lo, mas o perdi de vista, procurei por todos os lados até vê-lo na escada rolante com outra mulher, a beijando. Com aquilo, pude finalmente ter a certeza de que amar alguém machuca, você se dedica aquela pessoa e ela te trai da pior forma possível. Cai de joelhos vendo aquela cena, eles sorriam um para o outro, suas mãos entrelaçadas, meu coração foi despedaçado, literalmente.

- Sakura! - ouvi a voz masculina me chamar e logo Kabuto se põe ao meu lado. - Você não tá nada bem.

- Acabou Kabuto... eu nunca me senti tão humilhada na vida como o Sasori me fez sentir hoje, mas nunca mais irei deixar um homem me trair dessa forma, nunca mais.

Me levantei e olhei nos olhos dele. Vi seu olhar preocupado e triste. Kabuto é meu amigo desde a faculdade, porém ele fez medicina e eu designer de modas.

- Quer que te leve pra casa? - assenti. Ele sorriu ameno, o segui até seu carro e assim que entrei respirei fundo, fechei meus olhos e senti o sono me pesar, então me entreguei a ele.

Assim que chegamos em minha casa me despedi dele e entrei, meus pais e minhas amigas estavam ali com expressões preocupadas que foram tomadas por uma de alívio ao me ver.

- Céus Sakura onde se meteu?!

- Desculpe mamãe, não quis preocupar vocês.

- Aonde foi daquele jeito Saky? - Karin me abraça e Hinata faz o mesmo em seguida.

- Fui até o aeroporto, precisava ver com meus próprios olhos.

- Não devia ter feito isso Sakura! - meu pai diz. - Venha aqui. - me deu um abraço apertado. 

- Quer alguma coisa minha menina? 

- Não mamãe, eu só quero descansar e tirar esse vestido. Estou sufocando nele. - sai da presença deles e caminhei até meu quarto.

Ao entrar e trancar a porta comecei a me desfazer de todos aqueles enfeites e os joguei no chão, tirei o vestido sem a mínima delicadeza que tive para colocá-lo e quando tirei o joguei na parede, me olhei no espelho e me vi usando minha lingerie preta, ri irônica pensando nas vezes que dormi com aquele cretino e me senti suja. Caminhei para o banheiro e arranquei a peça, me joguei debaixo da água gelada que causou um tremor em meu corpo, fiquei longos minutos ali me esfregando e limpando como se a sujeira não acabasse, comecei a chorar outra vez me lembrando de momentos juntos que passamos e me odiei por lembrar.

- Já basta Sakura Haruno!! Eu te proibo de chorar por ele, te proibo de chorar por qualquer outro homem. Você não precisa de nenhum deles para ser feliz, e a partir de hoje não permitirei ser conquistada. - falei com a mais pura raiva na voz e naquele momento fechei as portas do meu coração.