Revelação Inesperada

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A brisa gélida da rua e da noite as engolfou completamente e fora como se um balde de água fria tivesse sido jogado em Clara; era apertada com tanta intensidade que se fosse fraca estaria sendo dolorido, porém para a alienígena era indolor e apenas dava apoio para extravasar a raiva da professora, que praguejava e resmungava.

A Doutora deteve-a pelo braço impedindo o caminhar e envolveu as bochechas com as mãos, lhe dando um selinho.

— Vamos procurar algum lugar para sentar! — Levou a amiga de braços e mãos dadas.

Conforme andavam a alienígena percebeu que a humana estava arrepiada de frio e então retirou sua jaqueta de couro e envolveu sobre ela, que sorriu agradecendo e depositando a cabeça no ombro; percorreram mais algumas quadras e alcançaram a rua Bank Hey St, cuja a estreita rua era ocupada por lojas, pessoas e bancos, de modo que não era uma via para automóveis, na noite a mesma possuía bastante iluminação e bancos à deriva, pois não se via muitas pessoas transitando, a torre que se erguia à frente, era responsável por boa parte da iluminação; sentaram no banco mais próximo.

— Clara relaxa, já passou, anule isso da sua mente. — Sentou na beirada, atendendo a amiga. — No mundo sempre haverá pessoas que estarão incomodados e ofendidos com felicidade, amor e simpatia, portanto, utilizam da forma de nos menosprezar ou ultrajar, tentando ocultar que demonstremos estes sentimentos, só precisamos vencê-los, demonstrando mais intensamente o que os afeta, mas nos faz bem!

A abraçou encantada.

— Lembre-se: o ódio é sempre tolo e o amor é sempre sábio! — Sussurrou no ouvido dela, pois estava sendo apertada.

— Doutora, você é encantadora! — Beijou cada bochecha milhares de vezes.

A Doutora se levantou demonstrando nervosismo, sabia que não poderia adiar mais a verdade de Clara e este era o momento iminente em que teria que revelar sua verdadeira identidade e ocupação.

— Clara, eu preciso te contar uma coisa, mas eu não sei por onde começar! É claro que se começa pelo começo, porém para eu contar o início levaria muito tempo e ela acharia cansativo e desinteressante! — Falava sem parar, consigo mesma e gesticulava ao se expressar.

A parceira que sabia ser nervosismo, lhe segurou a mão e colocou o cabelo loiro por trás da orelha.

— Então por que não começa pelo principal? — Lhe encarou apaixonada e ficou surpresa, quando a loira se afastou de si, de cabeça baixa.

— Clara... — Hesitou, não sabia como chegar ao ponto. — E-eu não posso retribuir seus sentimentos.

A humana se sentiu como se fosse aquelas louças do restaurante que quebrara, trincando-se por completo, chocada.

— Como assim?! — Grudou as sobrancelhas em descrença. — Você está namorando a Yasmin? Ryan? Graham?!

— Não, capaz! Eles são meus amigos. — Respondeu assustada. — Minha família.

— E então o que é? — Os olhos castanhos transmitiam um misto de sensações, desde surpresa a insegurança.

— Eu sou muito desengonçada, Clara, eu não serviria para ser par de alguém. — Soltou os braços. — Quando você anda na rua, as pessoas se quebram para te contemplar, enquanto para mim, só resta o que aquele psicólogo falou.

— Não! — Ficou horrorizada. — Não ouse pensar naquilo! Aquilo é um assédio, uma ofensa, os homens usam disso para menosprezar nós mulheres quando somos demasiado superiores que eles em algum quesito.

Sua vontade foi de lançar um tapa no rosto claro por tamanha humilhação ao ter aceitado as falas de ódio daquele machista e homofóbico.

— Nunca e jamais repita uma fala dessas na minha frente... — Rangeu os dentes, ao fita-la novamente. — O que a opinião ou atenção dos outros importa na sua vida?! O que elas vão tirar ou acrescentar em si, pelas atitudes que tomam?! Eu não peço para ninguém se perder olhando para mim, mas se as pessoas não olham para você, agradeça, pois assim, não precisará ter nenhum idiota atrasado no caminho que deverá percorrer!

Enviada ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora