Invenções Saborosas

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Nos dias seguintes, as duas mulheres estavam inspiradas e animadas, Clara estava revisando suas aulas, lições para aplicar e estava preparando temas para aulas especiais e recepcionar os alunos depois das férias com um novo método e modos de aplicar o conteúdo, claro, sem sair do regimento da escola, sua mente parecia ter tomado um choque elétrico nos neurônios, pois trabalhavam a mil, sua escrivaninha estava lotada de papéis, livros, post-its, canetas, marcadores, fitas, cartolinas, evas e vários outros objetos de papelaria que eram úteis para criar projetos escolares. Estava pesquisando algumas ideias do que poderia fazer, no home theater espalhado pela casa tocava uma música que lhe inspirava, 99 Cent Store da Melanie Martinez selecionada através da televisão.

A Doutora mexia em sua TARDIS procurando alterações e devotando suas ideias, em revirar a nave atrás de melhorias, talvez consertar a pia quebrada ou arrumar o mecanismo camaleão, mas gostava do jeito que a TARDIS estava caracterizada, era chamativa e explicativa por si só, teria que pensar em outra coisa, andou por todos os cômodos da nave procurando coisas para consertar ou adaptar, constatou feliz que devido a regeneração e a modificação da TARDIS, já viera com a manutenção pronta e lhe poupava esforços em precisar realiza-la, aproveitou para dar uma limpada na astronave e deixar mais lustrosa, em consequência de assim como si mesma a nave também era nova e precisava se enturmar consigo, não tentava uma aproximação muito inusitada para que não houvessem desentendimento entre ambas e fosse arremessada para fora das estruturas dimensionais, as barras de energia artron refletiam por toda a bancada de console brilhando a todo o tempo.

Clara tivera ideias do que poderia fazer e como poderia recepcionar a turma para mais um período de aulas, até a próxima pausa escolar, que seria em Fevereiro apenas uma semana, estava preparando as coisas e inclusive, fora em alguns dias das férias para a escola, onde sempre havia algum funcionário que voltava um pouco antecedente para se organizar e ficava aberta, ver a sala de aula e projetar os esboços do que iria fazer e decorar o lugar, mas a maior parte dos esforços vinha de casa, muitos bilhetinhos estavam espalhados pela escrivaninha, cada qual com uma escrita ou uma arte, alguns origamis, desenhos entre outros, fazia todo o trabalho com grandes sorrisos no rosto, também seu celular vibrava a todo momento de mensagens das crianças que lhe desejaram boas festas e outras mensagens, pois o seu Natal fora exclusivamente íntimo com a Doutora, devido os pensamentos se perdera e cortara o dedo com a tesoura, chupou o sangue e foi procurar um band-aid.

Doutora estava de braços cruzados procurando o que fazer na nave, tocava em tudo, observava toda a existência dos consoles e comandos, com sua chave de fenda sônica escaneava a própria TARDIS para que fizesse a leitura de algo que tivesse deixado passar e precisava consertar, estando ocupada escaneando os consoles, tropeçou na alavanca debaixo dos consoles e devido o encontrão, o biscoito foi jogado longe, e saiu resmungando e acariciando a canela que havia batido, e enquanto olhava a bolacha que fora arremessada, tivera uma grande ideia.

— Brilhante! — Exclamou pegando a bolacha do chão e comendo.

Pegou várias ferramentas e dentre elas, luvas, um óculos de aviador, um kit de solda, um kit de serralheiro, colheres, um lança chamas, um extintor, uma lupa e uma marreta, começou a construir sua engenhoca com determinação e compromisso, ora soldava algo e ora utilizava da lupa para verificar algum ponto estratégico que precisasse alterar, soldar ou parafusar, o óculos lhe protegia para que as faíscas da serralheria não lhe atingissem e nem as borras.

Ambas estavam determinadas em seus afazeres, de modo que se viam apenas à noite, no jantar e para descansarem, desde que transaram Clara nunca mais deixou a Doutora dormir no quarto dela, e não era como se a alienígena fosse pestanejar, gostava de ficar no quarto conjunto, ver a humana dormir toda vida era engraçado, a raça humana ficava tão grogues quando estavam sonolentos que perdiam o raciocínio e eram capazes de concordar com tudo, a humana em específica era engraçada, deitava em seu peito e quando menos esperava, que iria retomar a conversa ou uma fala qualquer, ela já estava ressonando, acariciava o rosto moreno, as bochechas coradas e sentia seu peito aquecer com algum sentimento semelhante a adoração; por mais que as duas se encontravam realizando ocupações, nenhuma falou á respeito e tampouco perguntavam, por que saberiam o momento certo para revelarem.

As preparações de Clara incluíram ida no mercado, havia voltado com sua sacola de compras em mãos e devido a Doutora estar empenhada no outro quarto, sequer percebera a movimentação da professora, tinha fitas espalhadas por todos os cantos, saquinhos plásticos e picotes de papéis coloridos, as sacolas de compra que trouxe estavam sobre a mesinha e mexia nelas, amarrava algo, as vezes jogava um papel pelo chão quando não dava certo o que planejava, mas não era complicado, só buscava a perfeição em seu trabalho.

Essencial transmitir o amor e o carinho que sentia em cada passo a passo realizado, para si importava todo o esforço em preparar as boas vindas para os seus alunos, como também, tinha o mesmo esforço realizado quando seus alunos avançavam paro os próximos estágios e sentia muita falta de todos eles, fazia homenagem para cada um, mas não conseguia os esquecer, cada um lhe marcava de uma maneira especial, sabia que essa turma de agora, lhe marcaria muito e seria difícil para os esquecer, especialmente os seis em questão, fora retirada de seus devaneios por um estrondo que ecoou vindo do quarto da Doutora, se levantou e foi correndo para lá e entrou na nave, a primeira visão que teve lhe fez rir.

Doutora estava deitada no chão, debaixo dos consoles da nave enquanto seus braços se mexiam provavelmente fazendo algo ou apertando algo, parecia um mecânico arrumando carro, suas pernas estavam estendidas, a camiseta havia enrolado devido seus movimentos e exibiam seu abdômen sarado, o martelo ao lado do corpo deu a humana a clara compreensão que fora disso que viera o barulho.

— O que está fazendo Doutora?! — Perguntou se agachando para ficar na altura da loira.

— Me passe a chave de fenda! — Estendeu a mão e recebeu o objeto utilizando-a no que mexia. — Pronto!

Se levantou sorridente e seu rosto estava uma tragédia, os cabelos estavam bagunçados e a face cheia de borralhos devido a solda, satisfeita bateu as mãos na cintura, sujando o casaco claro com as luvas sujas.

— Venha aqui Clara. — Retirou as luvas e puxou a humana pelo braço. — Pisa na alavanca.

Clara conduzida pisou na alavanca que a Doutora lhe mostrara quando conheceu a nave, a bolacha deslizou pelo suporte e pegou-a, foi então que viu uma segunda alavanca semelhante à primeira, olhou para a alienígena e ela confirmou com a cabeça, então pisou nela também, dessa vez um copo lacrado deslizou pelo suporte.

— Tcharan! — Ergueu os braços animada. — Acabei de inventar um suporte para chá!

— Que incrível! Muito bom. — Comeu a bolacha. — Uma boa ideia, por que comer as coisas sem ter algo para beber, não é legal.

Quando se precipitou para segurar o copo, um barulhinho de metal caindo, parecido com uma porca ou um parafuso, foi captado e o suporte arremessou o copo para longe, derramando na entrada da nave.

— Ops, acho que esqueci de apertar algum parafuso! — Sorriu amarelo e ajuntou as ferramentas que utilizou do chão.

Clara pegou um pano de chão e produtos de limpeza e limpou o chão da nave, onde havia sido derramado o chá, jogou fora o copo descartando corretamente para reciclagem e guiou a Doutora para fora do quarto.

— Feche os olhos! — Ordenou e assim que foi obedecida correu para sua escrivaninha e pegou uma das embalagens, abriu-a e colocou na boca da mulher e sorriu. — Minhas atividades podem não ser tão extraordinárias quanto as suas, mas garanto que são mais deliciosas!

A Doutora mastigou o bombom soltando um gemido de satisfação com o gosto do chocolate e o avelã, abriu os olhos lentamente e engoliu sorridente, os dentes estavam marrons devido ter comido algo escuro.

— Eles vão amar, Clara! — Garantiu confiante.

Enviada ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora