Sensitivamente Conectadas

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O corpo adormecido se despertava devagar, coçando os olhos, bocejando, se espreguiçando e afastando de si o edredom, com o que se cobria, o amanhecer já clareava o quarto embaçando suas vistas e iluminando o cômodo e sorrira desperta; seu quarto era vermelho com mobílias marrons lustrosas, quadros pendurados, tinha uma cadeira branca decorada daquelas de balanço para quando gostava de ler um livro com vista para a janela, o guarda roupa e então sua cômoda com o espelho.

Piscara se acomodando melhor com a claridade e descera da cama, estranhara, pois suas pantufas de unicórnio não estavam no pé da cama, como de costume, e então quando se postou de pé, que se olhara no espelho, não vestia sua camisola, mas sim as roupas do dia anterior e então se lembrará; tinha ido trabalhar, depois ficara até mais tarde realizando um curso na escola, fora perseguida por uns caras que lhe abusara e então fora salva pela Doutora, que havia conhecido no dia anterior.

Quando voltara a se pactuar com seu funcionamento desperto, olhara mais uma vez para o espelho e se assustara, se lembrando que precisava ir trabalhar, correu trocar de roupa e escovar os dentes de qualquer maneira.

— Ai meu Deus! — Gritou apressada enquanto procurava a bolsa.

O grito do interior da casa despertara a Doutora, não que ela estivesse dormindo, levantou do sofá batendo suas roupas para não ficar amassada e apertou os suspensórios de sua calça, já imaginava o motivo da jovem ter se exasperado, porém tinha tudo sobre controle; arrumou o sofá onde estivera deitada, organizando as almofadas, e então segurando as alças, esperou a moradora aparecer.

Clara correu para a cozinha buscar a chave de seu apartamento e a bolsa na sala, e então encontrou a Doutora parada na sala impulsionando o corpo para frente e para trás; e a cumprimentou.

— Olá! — Sorriu gesticulando e fora pegar sua bolsa. — Eu estou atrasada, mas conversamos quando chegar!

Ia correndo para a porta e antes que destrancasse, fora interrompida.

— Oi! Você não precisará ir trabalhar hoje. — Anunciou a ela que lhe encarou confusa, virando para si. — Tomei a liberdade de ligar para sua escola e anunciar que você não poderia ir trabalhar por uns dias, e que precisavam colocar algum professor substituto. Motivo: Abuso sexual. Sintomas: Psicológico abalado.

A professora ainda ficara descrente com a reação da visitante e portanto a firmeza com que fora dito, não incluía desconfianças, voltou e esperou a mulher terminar.

— Também liguei para o seu pai avisando e que você entraria em contato quando estivesse pronta! — Contou, mas fizera uma careta depois. — Uma sujeitinha ignorante atendeu o telefone.

— Ah sim, é a minha madrasta, elas nunca são boas! — Comentou com um suspiro.

Entregou o smartphone para a dona, que estava na mesinha de centro; verificou as ligações e realmente coincidiam.

— Obrigada! Vou trocar de roupa, fique a vontade! — Saiu novamente para o interior da casa.

Doutora respirou livremente, pois havia segurado a respiração, fora algo automático, havia se tornado automático quando estava na presença da humana prender a própria respiração, na verdade se sentia como se um formigamento ocorresse em seu corpo, mais necessariamente em sua mente, que exigia de si um esforço mental para sossegar; já tinha a sensação desde que se regenerara, de precisar de um empenho para reconfigurar sua psique, no entanto, depois do que ocorrera anteriormente, tinha certeza.

Clara voltou vestida com uma calça larga de moletom e uma blusa de toca, com orelhas de gatinhos e meia com babadinhos, parou encostada no vão das paredes, observando a loira, e antes que pudesse se dar conta, estava sorrindo; porem quando perceberá fechara a cara e cruzara os braços.

Enviada ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora