Esperanças Críveis

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AVISO DE GATILHOS: RACISMO, TRANSFOBIA, PEDOFILIA E DISTURBIO COMPORTAMENTAL.

As duas estavam voltando juntas para casa, Clara embora estivesse feliz estava incomodada pela Doutora estar vestida com o casaco de Yasmin, e com toda aquela história de que as duas eram namoradas, então acabara ficando envolta por pensamentos conflituosos, já estavam no metrô de volta para Blackpool; a Doutora percebera o silêncio de Clara e em como ela se tornara reflexiva depois que se retiraram de Sheffield e da presença dos amigos, mas concluirá que a razão era por conta de ter falado sobre os alunos, então deixou de se preocupar.

As mãos das duas ainda estavam entrelaçadas, como se tornou costume desde que começaram a morar juntas, e recebiam alguns olhares azedos das pessoas no banco da frente; Clara ignorava os demais envolto por pensamentos e então pelo vidro, vira o reflexo da loira com a jaqueta.

— Pensei que não sentisse frio! — Sua voz saiu firme e fria, a surpreendendo.

— E não sinto. Aceitei a jaqueta por que era da minha amiga. — Deu de ombros, se percebeu ou não a acidez e o ciúmes na voz da morena, não demonstrou.

Passados alguns minutos a loira exclamou.

— Se serve de consolo, meu casaco cinza é muito mais importante e é raro eu o deixar com alguém! — Percebeu um sorriso na morena que depositou a cabeça em seu ombro.

O cachecol vermelho esvoaçou por entre as duas, se desenrolando do pescoço e caindo entre elas; a Doutora divagou em pensamentos.

— Sabe o que esse seu cachecol me lembra?! — Perguntou à jovem, que balançou a cabeça.

— O que?! — Sussurrou em retorno.

— A lenda Akai-Ito, o fio vermelho do destino! — Comentou brevemente.

— Que conecta as pessoas destinadas pelo mindinho, que quanto mais estão afastadas, menos felizes ficam! — Emendou recitando. — Como se sente agora Doutora?

Sorriu, como só conseguia fazer, largamente e com o brilho omnifulgente.

— Feliz! — Sussurrou virando a cabeça e vendo os olhos avelãs brilharem.

— Tem certeza de que nunca nos encontramos antes?! — Tornou a perguntar melancólica.

— Nem mesmo eu sei dizer! — Suspirou, mas recebeu um beijo no pescoço.

Ação que fizera muitos do vagão resmungarem contrariados com o horror presenciado.

Clara seguia sua vida normalmente como se não estivesse sido confidente do segredo de seus alunos e nem que tinha pessoas lhe ajudando a resolver essa situação; dava aulas normalmente, participava das reuniões, reprimia alguns acessos de raiva pela diretora da escola, continuava com seus alunos nos intervalos se divertindo juntos, jogando vôlei ou acertando algumas cestas.

Mas tinha um problema, precisava adiar as provas o máximo que pudesse, por querer aplica-la para os alunos um pouco livres dos problemas, para que realmente pudessem se concentrar na última prova do trimestre e terem férias pacíficas; portanto, lhe causava grande utilidade a capacidade de enrolar a diretora para ganhar tempo, era uma boa e admirável profissional, então tinha alguns pequenos pontos extras com os colegas de trabalho.

Parecia que os meses para o final do ano não passavam, demoravam demasiado e já estavam entrando em Novembro e o clima natalino era presente em toda Inglaterra, com piscas-piscas luminosos e uma euforia entre os londrinos pelo penúltimo mês do ano; nas escolas também, os professores reviam e catalogavam os conteúdos das matérias já aplicados, enquanto as turmas ainda se preparavam para as avaliações, que seriam aplicadas no mês de Dezembro, para então poderem curtir o Christmas Break, o intervalo de Natal.

Após recebido as missões para realizarem, o trio se empenhou em seus encargos no dia seguinte, cada um iniciou em um lugar de Londres, onde correspondiam aos endereços das crianças e dispostos a enfrentar qualquer vilão ou monstro que ficassem no caminho, pois se enfrentavam alienígenas nas viagens com a Doutora, o que seria as monstruosidades da Terra para que não conseguissem lidar contra elas.

Graham logo que recebeu à tarefa da Doutora, procurou realizar sua incumbência, passou a se enturmar com os motoristas locais, para compreender melhor as rotas e conhecer os trabalhadores, tirava os dias para andar de ônibus em todos os turnos e compreender melhor, no geral, como também as rotas que Bianca Van Feu utilizaria.

Ryan, como resignado para se enturmar com o Ronald Grint, começou primeiramente a observar o contexto, os pais levavam a criança para a escola e a baba buscava, então uma ideia lhe passou pela mente, iria se aproximar da babá para fazer amizade e então se enturmaria com o aluno e através dos dois, conversaria com os pais.

Yasmin, ainda em choque com sua missão e com a realidade que Marie Blake sofria começou a realizar sua tarefa com cautela e investigação dobrada, de maneira que se mudou para o Departamento de Polícia de Blackpool e passou a atuar por lá com o companheiro de equipe que lhe foi incumbido, precisou fazer com que o relato do crime de estupro tivesse sido ocorrido anonimamente para não levantar suspeitas que já tinha conhecimento sobre e principalmente, teve que conquistar a confiança do parceiro de polícia para que ele lhe deixasse tomar as rédeas de como fariam a operação.

Todo o final de semana o trio de amigos se encontravam e passavam a noite na TARDIS, como nos dias úteis, cada relatava o desempenho que estava obtendo e o que o complicava ou beneficiava na solução das missões.

Graham aproveitou para fazer amizade com a garota, com uma ajuda de Clara descobriu que Bianca gostava muito de chocolate e começou a vender chocolate para que assim pudesse se aproximar da garota e descobrir pontos importantes, como o tipo de abuso que ela mais sofria, o que ela mais detestava na viagem a pé e o que ela esperava em uma condução, não fora tão difícil, Clara dava alguns trocados à aluna para os chocolates e a incentivava a conversar com o vendedor de doces.

Ryan não tivera problemas em se enturmar com Ronald, no entanto, conquistar a babá e os pais estava sendo uma tarefa muito difícil, mas a favor, os pais percebiam que o filho estava mais feliz e determinado desde que encontrará este amigo, eram vistos com brincadeiras pela praça próxima ao condomínio e resolveram dar uma chance para o rapaz, principalmente ao descobrirem que o mesmo também sofria de dispraxia.

Yasmin havia prosseguido assiduamente na tarefa, prostrava guarda com a viatura camuflada na rua do conjunto de casas, observava com binóculos a reação dos presentes, realizava de dia visitas pelo lugar para ouvir relatos dos moradores a respeito dos pais e da própria Marie, chegou inclusive a conversar com os mesmos em ocasiões distintas, encontrara a mãe fazendo compras e o pai em uma visita ao médico e a garotinha nas aulas de ballet, o que lhe fez aflorar muito mais o sentimento de comoção pela situação monstruosa que ela passava, e aumentar seu vigor para incriminar o pai estuprador, que a pobrezinha possuía.

A cada final de semana na TARDIS os amigos se remoíam sobre os eventos pendentes e se alegravam pelos já realizados, um oferecia ajuda para o outro e assim contornavam e solucionavam alguns contratempos que surgiam.

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Enviada ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora