Sobre descobertas e alguns testes

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Meredith



"Não deveria estar aqui." A voz seca de Athanasiadis fez com que Addison direcionasse o olhar a ela, a examinando dos pés até a cabeça.

"É muito bom te ver também, Ana." Falou voltando-se novamente para a mesa iluminada pela forte luz da sala de necropsias.

"Apenas estou te alertando, já que você não deveria estar aqui porque atirou no garoto."

"Sim Ana, não precisa me dizer, eu estava lá."

"Está infligindo às regras, Montgomery." Ana insistiu. "Isso pode ser ruim para as audiências, sem contar que a corregedoria pode te suspender por isso."

"Só se alguém aqui contar."

Senti os olhos de Addison sobre mim, enquanto me ocupava procurando marcas no corpo frio do jovem Mike.

"Dra. Grey." Addison diz totalmente sarcástica com suas mãos sobre seu cinto de utilidades. "Pretende contar para a corregedoria sobre isso?"

"A detetive tem razão, Addison." Ainda continuo a minha busca por qualquer marca diferente que eu possa ter deixado passar. "Mas não sou policial, então não tenho nada com essa discussão."

"Viu." Addison gesticulou para Ana. "Meredith não vai dizer, e eu também não, você vai ter que bancar a dedo duro daqui."

"A Dra. Grey não disse que não contaria nada." Athanasiadis virou-se para Addison com as sobrancelhas erguidas.

Ergo minha cabeça e vejo as duas detetives do outro lado da mesa ainda naquela discussão sem sentido. Nunca ficou claro para mim qual o motivo de tanta rivalidade entre a divisão de homicídios e a narcóticos. Tudo que eu sabia era que Addison não era uma policial fácil de trabalhar, pelo menos, era o que a maioria dos policiais alegavam; e tudo indica que Ana se comporta da mesma maneira, só que bem mais rígida em segui normas e regras.

"Detetive." As duas olharam para mim ao mesmo tempo e me segurei para não rir daquilo. "Não encontrei marcas recentes no corpo, só algumas cicatrizes que foram feitas há anos atrás. Além disso, não há qualquer marca de agulhas ou outras perfurações, se ele estava sobre efeito de alguma substância precisamos ver o conteúdo estomacal, portanto irei abri-lo."

"Dra. Grey." Athanasiadis me chamou desta vez. "Antes de abri-lo, poderia colher uma amostra de sangue? Assim podemos saber mais sobre os hormônios do garoto."

"Já providenciei isso, as amostras estão sendo processadas agora mesmo."

"Seu palpite está nos hormônios?" Addison a questionou.

"Exato, mas preciso confirmar antes de dizer o que me fez ligar para a Dra. Grey tão cedo."

Olhei novamente para o corpo pálido e fresco, fazia menos de 24 horas que Mike estava morto; ainda não possuía aquela característica pútrida o que tornaria o trabalho mais fácil. De fato, quando coloquei a ponta do bisturi e cortei a carne fria tudo parecia fluir naturalmente, Mike era magro e por isto não havia muito tecido para cortar.

Quando por fim separei as costelas do esterno usando um separador, levantei os ossos expondo o coração e os pulmões. Toquei, respirei, senti a textura e o peso, não havia nada de diferente, eram órgãos saudáveis esperado de um garoto de 14 anos.

Direciono-me, então para os órgãos abdominais passando o bisturi mais uma vez separando tecidos e veias. Neste momento, percebo que Addison se afastou dando passos para trás até encostar-se a pia mais próxima.

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