Addison
"Se sente bem?" Falou, depois de me encarar por tempo demais.
"Err... acho que sim."
"Não sentiu nenhuma onda de calor ou uma leveza na cabeça?" Ela continuou questionando desta vez sussurrando como se quisesse contar um segredo.
"Não, eu não tive nenhuma onda de calor nem isso aí na minha cabeça, Meredith."
"Ah." Ela murmurou antes de encolher os ombros, claramente decepcionada com o que acabara de ouvir.
"Então, por que você estava ouvindo pelas paredes?"
"Eu não estava... eu vim saber sobre a necropsia. Precisamos montar a linha do tempo."
"Só por isto?"
Aquelas perguntas me incomodavam e Meredith era esperta o suficiente para perceber. Eu estava pronta para dar outra desculpa e sair pela tangente daquela conversa, mas de um momento para o outro o interesse que ela tinha nos olhos desapareceram, ela simplesmente deu as costas para mim e caminhou em direção os corpos.
Por um momento, parecia que eu a havia desapontado em algo que até então não fazia a mínima ideia. Desaponta-la era o tipo de coisa que eu tinha como talento natural; era algo que acontecia sem que eu percebesse e, muita das vezes, era difícil saber o que eu tinha feito ou dito.
E naquele momento, percebi que a desapontei e novamente sem saber como.
Caminhei para perto dela; a vi colocar seu jaleco descartável, prender seus cabelos e calçar as luvas de nitrila tudo de forma silenciosa e ordenada. Quando terminou, ela encarou as três vítimas como se pedisse perdão para o que estava prestes a fazer.
"Vou começar com o Jason." Ela falou, rapidamente se aproximando do corpo do garoto e eu apenas concordei. Meredith posicionou o canhão da máquina de radiografia em direção a cabeça do Jason e a imagem apareceu estampada no visor.
"O que está vendo?" Perguntei.
"Ossos jovens e saudáveis." Falou. "O osso parietal este bastante fragmentado, ainda há fragmentos da bala dentro do crânio, mas a maior parte saiu pelo osso parietal." Ela deixou o canhão de lado e abriu a boca do garoto iluminando o interior com uma lanterna. "Veja, o palato está perfurado, foi por aqui que a bala entrou e parte dela saiu pelo topo da cabeça."
"Espera, seria meio difícil uma execução nesta posição o atirador teria que colocar o cano da arma quase a 120° dentro da boca da vítima." Indaguei. "É meio difícil para alguém atirar desta posição, a menos que o Jason tenha atirado contra si mesmo."
Meredith apenas concordou e continuou o exame analisando os outros ossos pela radiografia.
"Vou abri-lo." Apanhou um bisturi e respirou fundo buscando o último ar limpo que pairava sobre nós e assim como ela, fiz o mesmo já sabendo o odor que exalaria após a abertura. Fez a incisão em Y, separando pele e a pouca camada de tecido adiposo, expondo assim costelas e os órgãos abdominais; com cuidado Meredith retirou o estômago e o pôs em uma balança, depois o fígado e assim se seguiu.
Ela não falava, apenas continuava a retirar os órgãos saudáveis com destreza e os colocar em uma balança. Isto ia demorar até ela chegar à parte que me interessa, que era o cérebro, ia demorar muito e aquele silêncio estava acabando com o pouco de paciência que eu tinha.
"Por que um garoto de 13 anos atiraria contra a sua cabeça?" Comecei a dar passos por volta da mesa evitando olhar para o corpo quase vazio do menino.
"Não sabemos se foi exatamente isso. Os técnicos vão trazer os resultados dos testes que pedi antes de você chegar chutando meu extintor." Ela falou depois de deixar mais um órgão sobre a balança fazendo um som repulsivo.
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O Elixir | MEDDISON
Fanfiction"Aqui... O Elixir, usado pelos antigos." O homem retirou uma garrafa azulada de baixo do balcão e a deixou nas mãos de Meredith. "Forte... beba e despertara todos os amores possíveis." Meredith apanha a garrafa e a observa, procurando algo de difere...