O sol até aquele momento era um globo perfeito e amarelo liberando um calor trêmulo. Um calor que ele já estava acostumado, mas mesmo assim agradeceu por estar no caminho do ventilador barulhento pregado na parede da loja. O rádio a pilhas ecoava um som sofrido e abafado de uma música qualquer que nem sequer ele fazia questão de ouvi-la, já que sua atenção estava no jornal que lia.
Virou a página e logo se perguntou quando Alma voltaria. Sua mulher saiu para a hora marcada no salão de beleza e o deixou tomando conta da loja, e já havia se passado horas desde que ela saiu. No fim percebeu que quanto mais Alma demorasse para voltar melhor seria para ele, afinal, alguns minutos longe da esposa eram minutos raros e deveriam ser apreciados.
Ouvi o som do sino pregado na porta da loja, alguém havia entrado o fazendo erguer o olhar por cima do balcão. Um cliente ou apenas um curioso pela vidraria colorida na vitrine, seja quem fosse desde que estivesse com dinheiro seria muito bem-vindo.
Fechou o jornal e deu uma olhada mais precisa. Era uma mulher usando um vestido azulado com bolinhas brancas e um pequeno chapéu de palha sobre a cabeça. Ela parecia estar bastante interessada nas garrafas azuladas perto da porta, já que nem sequer notou a sua presença por de trás do balcão.
Pelo tom da pele e os cabelos loiros caindo sobre os ombros ele teve certezas que era apenas mais uma gringa, logo ele pensou que seria fácil, pois os gringos sempre estavam dispostos a levar qualquer coisa que tenha uma história mágica, alguma lenda, mesmo que não houvesse lenda alguma. E ele não era do tipo que perdia uma oportunidade destas.
A mulher continuava olhando para as garrafas dispostas nas prateleiras e nem sequer percebeu que ele se aproximava com um sorriso torto enquanto coçava o seu cavanhaque grisalho.
"Olá, minha senhora. O que procura para melhorar a vida?" O seu inglês não era dos bons, ele sabia disso, mas aquilo apenas era parte dos negócios, já que os gringos evitavam fazer perguntas para alguém que mal falava a sua língua.
A mulher loira se vira e pela primeira vez ele consegue ver o seu rosto. Um óculos escuro cobria os seus olhos e quando ela o retirou Ramon se esqueceu de respirar.
A mistura de verde com azulado de seus olhos o fez dar um passo para trás. Ele conhecia aquela mulher afinal, não era fácil esquecer a cor daquelas íris tão incomuns para ele.
Será que ela voltou querendo o seu dinheiro de volta?
Não, ela não parecia querer dinheiro.
Veio para lhe denunciar? Trazer os policiais até a loja?
Se fosse o caso, onde estaria a polícia? Esperando um momento certo para aparecer? Algum policial que estaria lá fora a espera do sinal para poder entrar na loja e o prender, o arrastando como um cachorro para a carrocinha e a loja que tanto Alma lutou como conquistar seria fechada por sua causa, pela sua mania de se atrair por dinheiro fácil.
Alma o avisou que isso aconteceria algum dia, que algum cliente engado e furioso, armaria uma emboscada levando os dois para o fundo de uma cela ou pior algum buraco.
Puta merda! Naquele momento, ele se arrependeu por não dar ouvidos aos sermões da esposa.
Ouvi mais uma vez o som do sino da porta, mais alguém entrou na loja e naquela altura gotas de suor começaram a brotar em partes do seu corpo que ele nem sabia que existia.
"É agora!" Pensou.
Quando direcionou o olhar até a porta, viu outra mulher usando uma camisa de linho sem mangas e um short jeans, aquela mulher era um pouco mais alta do que a anterior e o emaranhado dos seus cabelos longos e ruivos a deixava ainda maior.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Elixir | MEDDISON
Fanfiction"Aqui... O Elixir, usado pelos antigos." O homem retirou uma garrafa azulada de baixo do balcão e a deixou nas mãos de Meredith. "Forte... beba e despertara todos os amores possíveis." Meredith apanha a garrafa e a observa, procurando algo de difere...