Sobre diversas ondas

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Addison



Eu estava em uma montanha russa. Não literalmente, claro, era uma montanha russa de sentimentos.

Aquele dia foi o dia mais louco, que posso me lembrar, estava repleto de sentimentos opostos surgindo ao mesmo tempo como um Tsunami arrastando tudo antes de voltar ao oceano, e quando parecia estar tudo bem, outro Tsunami surgia, e outro e outro.

Começarei pelo primeiro Tsunami de sentimentos, que surgiu logo pela manhã quando Meredith me despertou. Até aí sem problemas, eu estava tão cansada que nem percebi onde havia dormido e nem com quem. Quando a vi, nua ao meu lado, as memórias daquela noite estamparam em minha cabeça como um filme, e foi exatamente aí que senti a primeira onda de sentimentos conflitantes me atingir.

Por um lado, eu estava mais do que eufórica por saber que aquilo não foi um sonho, ainda era possível sentir o seu toque, o seu cheiro, os seus beijos, os seus carinhos, o seu afeto em cada ponto da minha pele, e cá entre nós, que sensação boa do caralho!

No entanto, ao mesmo tempo em que estava feliz com aquilo tudo, um pensamento de 'e se' surgiu me fazendo recuar. E se a Meredith leu em algum periódico que sexo ajuda a dormir e resolveu aplicar em mim a terapia? E se aquilo não foi nada mais do que uma experiência científica para ela? E se de repente, a minha melhor amiga achou tudo estranho e resolveu se afastar?

Naquele momento, não havia como eu saber, não até questionar a própria Meredith.

E quando estávamos na cozinha, veio o segundo Tsunami por meio de uma garrafa de tequila. De início, pensei que no México tequila era chamada de elixir do amor, o que por si só já era bizarro. Mas quando Meredith explodiu daquela maneira quebrando a garrafa, espalhando vidro pela cozinha e confessando seus sentimentos, entrei em conflito novamente.

Eu não sabia se queria rir daquilo, afinal quem toma tequila achando que é uma poção mágica? Ao mesmo tempo em que eu queria rir, uma sensação de que eu estava sendo manipulada me abateu. Claro que eu não acreditava que o elixir, que não era elixir nenhum, tinha algum efeito, mas saber que Meredith tentou me manipular não foi nada agradável.

Como se não fosse o suficiente, ainda senti uma vontade absurda de beija-la, afinal, ela disse que me amava da mesma maneira insana que eu a amo, logo a noite passada não foi alguma experiência cientifica e eu não poderia estar mais feliz com aquilo.

Então, entre rir, ficar brava e beija-la, fiz o que achava ser mais sensato; encostei Meredith na porta da geladeira e a beijei transmitindo tudo o que ardia em meu peito.

Parecia que enfim, eu teria um descanso no passeio de montanha russa, no entanto, o dia estava apenas começando.

E foi na sala de necropsia, que o terceiro Tsunami surgiu. Eu não queria estar ali, de certa forma havia uma conexão entre mim e o garoto, além do fato de que fui eu quem o mandou para a mesa de necropsia. Os meus nervos recuavam e era possível ver o suor congelante escorrer pelo meu corpo quando Meredith começou a desossar o garoto como se fosse um frango. Contudo, por mais difícil que estar ali pudesse ser, eu não podia simplesmente ir embora, não enquanto a responsabilidade estava sobre meus ombros, não enquanto meu trabalho ainda precisava ser feito. Eu devia isso ao Mike, a sua família, e a mim mesma.

Quando finalmente recuperei o controle, veio o quarto Tsunami.

Cavanaugh proibiu que eu interrogasse os pais de Mike, nem sequer eu poderia estar na sala ou ver através do vidro. Nada, eu não podia participar de nada daquilo deixando toda a tarefa nas mãos da maluca da Athanasiadis.

O Elixir | MEDDISONOnde histórias criam vida. Descubra agora