Sobre memórias azuis

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Addison



"Que tipo de pessoa a é Dra. Grey?"

A pergunta de Athanasiadis me trouxe de volta para dentro do carro de polícia, eu estava tão concentrada no que estávamos prestes a fazer, que nem ao menos me dei conta que ela estava sentada no banco do passageiro ao meu lado.

Olho de relance para ela e vejo quando fecha a última alça do colete a prova de balas em volta da cintura.

Volto minha atenção novamente para a avenida, não antes de conferir pelo retrovisor se Archer e Webber estão logo atrás com todos os veículos da patrulha do departamento seguindo o último sinal de GPS do celular da Meredith.

Minhas mãos pressionam o volante e eu suspiro refletindo sobre a pergunta da Ana.

"Que tipo de pessoa é a Meredith?"

Ah, eu poderia ficar horas falando sobre a Meredith.

"A Meredith tomou um elixir." Respondo com um breve sorriso. "Um elixir do amor."

"Isso é algum código para sexo entre você?" Ana questiona confusa antes de se acomodar novamente no assento.

"Não é código algum, e de onde você tira essas conclusões?" Digo, e no mesmo instante Ana inclina a cabeça pensativa.

"Olha." Continuo. "Meredith comprou um elixir no México que, era capaz de fazer a pessoa que você ama se apaixonar por você."

"Hmm, tipo uma poção mágica?"

"Isso."

Sinto o olhar de reprovação da Ana sobre mim.

"Poções mágicas não existem, Montgomery." Ela diz.

"Eu sei, mas de alguma maneira estou mais apaixonada do que nunca estive na minha vida."

"Isso não muda o fato que poções mágicas não existem."

"Obrigada por me dizer algo que já sabia, Ana." Falo antes de revirar os olhos parando o carro no local indicado. "O que estou tentando dizer é que, às vezes, a Meredith pode parecer bem ingênua, que sempre precisa de proteção, mas garanto que ela é bem mais forte do que eu ou até mesmo você. E ela nunca desisti sem uma boa briga."

"Era o que eu precisava saber." Ana falou antes de saltarmos do carro.

A noite avançava quando nos concentramos próximo ao porto de Boston. Foi ali que um patrulheiro, fazendo a sua ronda, localizou o furgão cinza e podemos cruzar a informação do sinal emitido pelo GPS do celular da Meredith. Enquanto, Archer e Webber circundavam o perímetro, eu estava na dianteira com a minha arma .40 em um uma das mãos e a lanterna em outra tendo Athanasiadis como reforço. Fizemos sinais para o resto da equipe se posicionar em volta do local repleto de contêineres, e cada passo que eu dava em direção ao furgão era uma batida violenta contra o meu peito, já que não havia como saber o que nos esperava ali.

Mesmo assim me aproximei com cautela, iluminando cada espaço do veículo com a minha lanterna. O furgão estava vazio, no entanto as chaves ainda estavam na ignição, parecia que o veículo foi abandonado sem hesitação entre dois contêineres gigantescos. Contornei o furgão pela esquerda, enquanto Athanasiadis fazia o mesmo pela direita, até chegarem à parte de trás.

E naquele breve segundo, eu hesitei.

A firmeza que eu carregava comigo simplesmente desapareceu. Lembrei-me das imagens da câmera de segurança, onde Meredith foi arrastada para aquele furgão como um cachorro vai para a carrocinha; lembrei-me de tantos outros casos em que corpos foram encontrados nos fundos de veículos como aquele; corpos de pessoas das quais nunca havia visto na minha vida.

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