Sobre levar para casa ou deixar ir

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Meredith



Se existir algum inferno, o calor que fazia ali dentro era comparado a este inferno.

Eu estava desidratando rapidamente, basicamente toda água que eu ingeria era liberada pelo suor que escorria do meu corpo e nem ao menos sei quando terei outra garrafa de água aqui comigo.

Faz muito tempo desde que ouvi a voz de Derek pela última vez, e agora quem me traz a comida é o seu ajudante silencioso, que não fala por mais que eu insista em fazê-lo se comunicar. Ele vem, deixa a comida e depois ouço os seus passos se afastando. Deve ter sido instruído a permanecer em silêncio quando está perto da caixa. Derek era esperto, ele sabia que o silêncio iria me enlouquecer rapidamente e era exatamente isso que ele queria.

Minha cabeça encosta-se a uma das paredes de madeira, estou confusa, estou exausta e já não sei por quanto tempo ainda posso aguentar ali.

Fecho os meus olhos, acho que sinto sono ou é apenas a confusão mental flutuando em meu cérebro por causa da desidratação.

"Addie..."

Só o peso daquele nome foi o bastante para me fazer abrir os olhos novamente. Eu estava em uma situação ruim, bastante ruim, mas ainda me preocupava com a Addison e o que deveria estar acontecendo lá fora. Ela era a única pessoa que ainda me importava, a única pessoa que surgia em minhas memórias sem permissão alguma.

"Addie..."

Demoramos muito tempo, não é Addison? Para finalmente esclarecer que o que sentíamos não era uma simples amizade. Claro que entendi primeiro, afinal, não sou tão cabeça dura quanto você, mas saber que te amava me deixou tão feliz, tão eufórica e ao mesmo tempo tão assustada aponto de sofrer pelos cantos com medo e exatamente, por isso, demorei para dizer o que sentia, demorou para acontecer algo entre nós. Agora, sinto tanto a sua falta Addison, sinto falta da sua companhia dos seus abraços, dos seus beijos, sinto falta da sua voz rouca e do seu cabelo desalinhado, sinto falta até do seu sarcasmo exagerado.

Estiquei um dos braços e apanhei a lanterna mais uma vez, a luz se espalhou me fazendo estreitar os olhos incomodada.

Addison... Esperamos por tanto tempo, não é justo não viver isso agora!

Observo o objeto cilíndrico de metal e mordo o lábio inferior com a ideia que me surge. Reúno as forças que me sobraram rasgando a lateral do meu vestido até a cintura deixando minhas pernas mais livres. Concentro-me na lanterna novamente, deslizo o dedo sobre o botão, ligo e desligo, ligo e desligo, ligo e desligo. E ao fazer isso ouço um Tac, cada vez mais alto.

Não é justo Addie, eu quero viver esse sentimento com você!

Respirei fundo e abri o compartimento das pilhas e tudo ficou escuro novamente.


.     .     .


Parece que a comida está a caminho.

Ouço passos do outro lado, passos do meu sequestrador silencioso e meu coração dá um salto, fazendo-me pressionar cada vez com mais força o pequeno filete de metal da polaridade da lanterna. Eu me enchia de forças pela vontade de sair dali de pode encontrar a Addison novamente, mas acima de tudo, eu me recusava a permanecer presa feito um animal!

Não pretendia desistir, seguiria com o plano até o fim e a única coisa que me faltava naquele momento era ter uma chance, por mais breve que seja. Inspirei o ar necessário algo que fizesse com que a ansiedade que aflorava não interferisse nas minhas ações.

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