Sobre o silêncio

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Meredith



Cheiro de madeira, terra molhada e... silêncio. Nenhum som de motor ou de escapamento de carros, até o latido do cachorro do vizinho parecia ter sumido.

"Noite muito silenciosa."

Pensei, até os grilos do meu jardim pareciam estar dormindo. Senti algo duro e incomodo pressionando as minhas costas; foi quando percebi que não estava no conforto da minha cama, muito menos em minha casa. Abri os olhos, mas estava escuro demais para ver alguma coisa.

Na tentativa de me levantar, virei o corpo para o lado e minha cabeça bateu contra a parede e rapidamente voltei a me deitar, antes mesmo que eu pudesse falar algum palavrão, daqueles que a Addison sempre falava quando sentia alguma dor; tento virar para o outro lado e novamente dou de cara com outra parede. Neste momento, meu coração deu um salto, e mais uma vez tentei me erguer, e como das outras vezes bati com a cabeça.

"Merda!" Falei tentando me acostumar com a dor das pancadas massageando o escalpo com os dedos. Ergui os braços e senti obstáculos em todas as direções, pranchas de madeiras ásperas estavam erguidas em minha volta e imediatamente o pânico me tomou. Comecei a socar, arranhar as paredes, a ponto de senti as farpas penetrarem em meus dedos como pequenas agulhas. Fiquei ofegante rapidamente e parei de me movimentar.

Eu estava dentro de uma maldita caixa!

Como um estalo lembrei-me do cheiro azedo do clorofórmio e da pressão do tecido em meu rosto, e novamente senti uma nova onda de pânico se espalhar dentro de mim, imediatamente balancei a cabeça tentando me controlar.

"Não há tempo para isso Meredith, pense!" Digo ainda arfando.

Estico o braço direito em direção à parede e o braço esquerdo para a outra parede, talvez a distância entre as duas fosse pouco mais de dois metros? Levantei um dos braços até à cabeça para medir o teto, o espaço era o suficiente para que eu pudesse ficar sentada.

A adrenalina ainda fluía dificultando meu raciocínio; então, fechei meus olhos e respirei fundo, todos aqueles exercícios de respiração que aprendi na yoga seriam bem úteis agora, inspirar e expirar era o básico para se manter calma, no entanto, o quanto de ar ainda me restava ali?

Movimentei um dos pés e sentiu que algo se afastou. Tateei com os dedos o fundo da caixa até encontrar algo frio, provavelmente algum objeto de metal; tateei todo o objeto de forma cilíndrica encontrando uma saliência em sua superfície. Senti uma pontada de alivio quando pressionei ali e a luz tomou conta do local. Era uma lanterna de fabricação simples, porém, eficiente.

Não havia tempo para que meus olhos se acostumassem com a luz, era preciso estudar onde eu estava, achar alguma brecha para poder escapar. No entanto, aquelas paredes não mostravam falhas, assim como o teto e o chão da caixa. Era possível ver pequenos furos no topo onde o máximo que poderia passar por eles eram, não sei, formigas?

"Pelo menos ar não irá faltar." Falei novamente.

Parece que o meu sequestrador tinha tomado todas as providências para me manter viva, só não sabia por quanto tempo.

Varri os olhos pelo chão da caixa e encontrei um conjunto de pilhas embaladas, foi quando comecei a rir de tão surreal que aquilo era. Por que prender uma pessoa em uma caixa de madeira com uma lanterna e pilhas?

Por fim, percebi que não acharia respostas se continuasse rindo daquela forma, olhei para meu corpo, para o meu vestido amarrotado, o vestido que escolhi para aquele dia, procurei por cortes ou rasgos, mas não encontrei nada. Pelo menos eu ainda estava usando as minhas roupas e isso era um bom sinal.

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