Capítulo 9

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Londres, três dias atrás.

- Certo, deixa eu ver se entendi, você está me dizendo que Roger Taylor esteve aqui no nosso ap para pedir sua ajuda, e que aparentemente ele não lembra de já ter nos conhecido e que não quer que eu acredite que ele é um babaca?

- Resumidamente é bem por aí mesmo, darling. - o moreno responde e gira levemente a pequena colher dentro da xícara do seu chá, que beberica vez ou outra.

Brian atravessa a pequena sala pelo que parecia ser a quinquagésima vez, sua expressão é de pura descrença e não se impede de deixar uma risada forçada sair quando Freddie o respondeu.

- Ora, isso é ridículo! Ele quer nos fazer de otários mais uma vez e...

- Olha, eu acho que se você tivesse visto como ele estava, poderia ponderar no que pensa. - Freddie o interrompe e puxa o amigo para sentar-se no espaço livre do sofá - eu sei bem quem era Roger Taylor e o que ele fez a você, mas esse e aquele não parecem ser mesma pessoa, e sei que no fundo você concorda porque percebeu isso também.

Brian respira fundo e balança a cabeça em concordância antes de deixá-la afundar no encosto do sofá.

- E se ele não lembra, alguma coisa está muito errada, não acha Bri? Ele disse que a mãe foi quem contou pra ele tudo que aconteceu naquele último ano, e que ele passou por grandes estresses. Mas tem algo a mais, eu só não lembro direito, foi um ano conturbado.

- Pode ser que sim, ou que não. - Freddie revira os olhos com a relutância do mais alto e se levanta indo em direção ao pequeno armário que fica no canto da sala - o que está fazendo?

O rapaz não responde mas Brian pode ver que ele vasculha freneticamente todos os cantos em busca de algo.

- AHÁ! Acha que isso pode ajudar o Roger a driblar essa amnésia dele?

Freddie volta para o sofá e só aí o cacheado vê do que se trata o livro que ele tem em mãos.

- O livro do ano? Mas como isso poderia ajudar?

- Ai May, não entendo como você conseguiu se formar naquele curso de astrofísica, é tão burrinho às vezes.

Freddie dá um tapinha na testa de Brian que resmunga em resposta e lhe lança um olhar fulminante que é ignorado.

- Talvez ajude porque nesse livro estão as fotos de todos com quem ele conversava, interagia, se não lembra de nós pode ser que não lembre de outras pessoas também, ou pode ter acontecido só conosco? - o rapaz murmura a última parte pensativo - enfim... se não ajudar, eu não sei o que pode ser feito.

Brian não responde, mas também adquire um ar pensativo. Valeria mesmo a pena fazer isso por uma pessoa que o humilhou?

Depois de longos minutos em silêncio, que mais pareceram uma eternidade, ele simplesmente concorda com a idéia do seu amigo.
Por mais que negasse, estava muito curioso para saber o que se passava dentro daquela cabeça oca pertencente ao loiro, estava curioso para entender, para escutá-lo, mas jamais admitiria isso em voz alta.

- Espero não me arrepender disso.

Freddie não o responde diretamente, mas quando se levanta indo em direção à cozinha do apartamento dos dois, Brian podia jurar tê-lo ouvido resmungar um "eu também".

•••

Brighton
Mansão Taylor

Minhas mãos tremiam e eu não conseguia controlar as lágrimas grossas que teimavam em cair dos meus olhos.

Li e reli várias vezes cada um dos recortes que se espalhavam pelo porcelanato fino que revestia todo o chão e mesmo assim tudo parecia uma grande pegadinha.

FIRST | maylorOnde histórias criam vida. Descubra agora