Capítulo 10

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Acordo com uma luz forte batendo diretamente nos meus olhos, o que me arranca um gemido baixo e rouco.

Olho ao redor e não reconheço o ambiente em que estou mas ao procurar pistas vejo longos cabelos dourados caindo em cascata no travesseiro ao meu lado. Erika ressonava baixinho e parecia tranquila em seu sono, nossas roupas traçavam um caminho sinuoso até a cama em que estávamos e eu não precisava forçar muito minha mente fragmentada para perceber que havíamos passado a noite juntos.

Realmente não conseguia me lembrar em como acabamos aqui, mas também não fazia diferença. Levanto da cama tentando não acordar a garota ao meu lado e apanho a cueca box do chão vestindo-a em seguida, algumas garrafas vazias de whisky estavam próximas da mesinha da cabeceira da cama o que explicava o odor do álcool que emanava dos meus poros.

Ao tentar pegar a calça que estava jogada do lado oposto do quarto, as minhas chaves caem no chão causando um barulho estrondoso no quarto silencioso, praguejo baixinho.

- Roger? - Erika chama baixinho e eu viro para encará-la. Um lado do seu rosto estava com algumas marquinhas do travesseiro que denunciavam que a garota havia dormido bastante, seu corpo estava coberto apenas pelo fino lençol e coçava um dos olhos de maneira adorável.

- Eu não quis acordar você. - digo enquanto fecho o zíper da calça.

- Tá tudo bem, acho que acabamos dormindo muito mesmo. Quer comer alguma coisa?

- Olha Erika, eu agradeço mas não me entenda mal, isso tudo - faço um gesto abrangente com as mãos e suspiro -, não era pra ter acontecido.

- É por causa da Sophie ou do Brian?

Olho assustado para ela que mantém a serenidade no olhar, não parecia notar o que a pergunta causou no fundo do meu âmago.

- O que você... eu não sei de quem está falando. - pego a camisa e mesmo sem saber se podia, acendo um cigarro, talvez a substância fosse capaz de me deixar menos tenso naquele momento.

- Não precisa fingir Roger, foi você que disse pra mim. Não parava de falar no tal Brian, dizia que se ele soubesse o que houve com você, te entenderia. E a cada vez que você falava da Sophie, acabava engasgando com seu próprio choro - a garota se levanta enrolando o lençol em seu corpo como um vestido improvisado e caminha até o meio do quarto onde estou de pé sem conseguir formular pensamentos sensatos. -, devo dizer que eu não esperava ver como você ficou logo após nós termos... você sabe. Eu sinto muito pelo que você tenha passado.

Me esquivo do seu toque e apenas digo que preciso ir, ela suspira e se limita a assentir mas não me acompanha até a porta onde meu carro está estacionado. Não foi o mais educado da minha parte sair da maneira que saí, mas eu realmente precisava ir embora desse lugar, dessa cidade.

A viagem de volta à Londres foi mais rápida do que eu pensava, entrar na minha casa foi reconfortante mas ao mesmo tempo sufocante.

As janelas fechadas pareciam me proteger do que eu descobri lá fora e as garrafas de bebidas diversas junto com os cigarros e baseados me fizeram companhia pelo resto das horas daquele dia e dos quatro que se seguiram a ele.

Sou tirado de meus devaneios quando meu celular toca pelo que parece ser a décima vez só naquela manhã, a insistência da pessoa quase me fez atirar o aparelho contra a parede mas me seguro e apenas atendo.

- O que é?

- Seu filho da puta! Tem noção do quanto nós te ligamos Taylor? Você sumiu, achamos que tivesse morrido.

- Estou bem, Ben. Eu só... esqueci de avisar que já cheguei.

- O que aconteceu com você? A sua voz tá diferente, o Rami tá preocupado, todos nós estamos - esfrego os olhos e tento me levantar do sofá no qual eu estava deitado mas acabo caindo no chão. -, que barulho foi esse?

FIRST | maylorOnde histórias criam vida. Descubra agora