Capítulo 11

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Sabe a sensação de estar em uma montanha russa, quando você sente todos os seus órgãos internos congelando no momento em que está em alta velocidade e a adrenalina corre livre por suas veias?

É assim que me sinto quando escuto as palavras que Brian profere.

Minha boca abre involuntariamente e pisco duas vezes tentando assimilar o que ele diz torcendo para que tudo isso não seja apenas um devaneio da minha mente fragilizada.

- Eu só posso estar alucinando - aperto os olhos e balanço a cabeça enquanto afundo parcialmente os dedos em meu cabelo.

Sinto a mão de Brian levantando meu rosto me fazendo encará-lo.

- Roger, eu não sei o que foi que houve e nem vou perguntar porquê seu estado me diz que não conseguiria me contar, vou esperar se quiser me falar mas não irei obrigá-lo - Brian diz sério -, estou aqui porque há um grupo de pessoas que se importam com você, pessoas que sentiram sua ausência nesses mais de quatro dias. - Ele se levanta e caminha pelo quarto, acompanho cada movimento dele com os olhos -, eu senti que havia algo errado, assim como sabia que eu precisava vir aqui...

O rapaz suspira em frustração e parece meio irritado por não conseguir encontrar as palavras adequadas para tentar me explicar o porquê ele veio me ajudar.

- Sei que preciso ajudar você Roger Taylor, mesmo que nem eu entenda, mesmo que cada célula do meu corpo grite para eu me manter o mais longe possível.

Ele me encara de maneira intensa e não consigo decifrar o que seu olhar tenta me dizer naquele momento.

- Eu vou preparar algo para que você coma, mas eu preciso que tome um banho, certo? - o cacheado pede mas soa mais como uma ordem -, acha que consegue tomar o banho sozinho?

Sinto as bochechas esquentarem gradualmente e tenho certeza que meu rosto se tingiu com uma coloração vermelha com a mudança brusca no rumo da conversa. Afirmo com um movimento de cabeça e vejo-o sair do meu quarto enquanto pede licença para vasculhar o que tenho em casa que possa me servir de alimento.

Solto a respiração que não percebi estar segurando, e tento firmar as duas pernas enquanto me levanto e caminho em direção ao banheiro. Evito olhar o meu reflexo no espelho que há ali para não cair a ficha de quão miserável eu pareço naquele momento, então apenas retiro as peças de roupa e ligo o chuveiro.

A água cai com força sobre minha cabeça, não fiz questão de regular a temperatura como um castigo pessoal, como se eu merecesse tudo de pior. E talvez merecesse mesmo.

Quando as coisas ficavam difíceis, e a barra do dia estava pesada demais, eu procurava refúgio aqui, tomava um banho e chorava. Se alguém me visse nem perceberia as lágrimas que se misturavam com a água. Essa é a graça.

Eu não sabia quanto tempo havia se passado comigo ali dentro, de olhos fechados e com as costas em contato direto com o azulejo monocromático e gelado, mas os dedos enrugados da minha mão boa me fazem ter a ideia de que estava na hora de sair.

Tomo cuidado para não molhar o curativo recém-feito por Brian ao sair debaixo da ducha.

Brian.

Parecia piada como a pessoa que me levou a ir atrás de respostas e que supostamente me odeia, foi o mesmo que pediu pra cuidar de mim e está nesse instante na cozinha preparando algo para que eu possa comer.

Franzo o cenho e forço a memória tentando novamente lembrar do garoto de cabelos volumosos andando em minha direção em um corredor de escola, mas não acontece nada, eu não consigo lembrar dele mesmo que eu queira muito. Balanço a cabeça frustrado deixando isso de lado por hora, e escovo os meus dentes.

FIRST | maylorOnde histórias criam vida. Descubra agora