Capítulo 12 - Brian May

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Assim que chego na cozinha consigo ouvir o som da água caindo no banheiro confirmando que o rapaz acatou o meu pedido.
Me permito apoiar-me na bancada de mármore negro que divide a cozinha e a pequena sala de jantar, e fecho os olhos ainda muito atordoado pela maneira tão fragilizada que encontrei Roger.

Balanço a cabeça e tento me concentrar em preparar algo decente para que ele coma, mas não consigo encontrar muitas coisas saudáveis em sua geladeira e dispensa, além de frango congelado.

Checo as horas em meu relógio de pulso ponderando se valia a pena ir até o pequeno mercadinho que eu vi no caminho há cinco minutos daqui, por fim decido ir até lá de carro, com sorte Roger demoraria em seu banho.

Dez minutos depois retorno a casa do loiro carregando duas sacolas com ingredientes para o almoço e até laranjas para fazer um suco. No fundo eu sabia que ele não gostava de comidas saudáveis pois nunca em minha vida presenciei o mesmo comendo algo natural.

Enquanto o brócolis cozinha, me dou a liberdade para tentar arrumar a sala. Abro as janelas para que um pouco de ar puro entre, e uso uma vassoura para remover do chão as inúmeras bitucas de cigarro e de maconha também.

Muitas garrafas de bebida se acumulavam na mesinha de centro e no chão, enquanto eu separava as garrafas em um saco de lixo específico para vidro, uma pequena fotografia me chama atenção, nela está uma garota loira, não aparentava ter mais do que catorze anos e seus traços lembravam os de Roger.
No verso algumas palavras estavam escritas e meio apagadas, mas o choque vem no final ao ler seu nome e constatar que ela já não pertencia mais a esse plano.

Suspiro pesadamente guardando a foto em meu bolso e corro até o fogão para mexer uma última vez o conteúdo da panela e provar o tempero.

Roger parece muito melhor quando aparece vindo do corredor, mas seus olhos ainda estavam cansados e sem cor, analiso sutilmente todos os seus gestos e até consigo fazer com que liberasse alguns pequenos sorrisos, sinto-me também vitorioso por conseguir fazer o menor repetir a refeição duas vezes, inclusive comer brócolis.

- Você parece um brócolis, sabia? Talvez seja por isso que eu gostei. - responde quando pergunto se o mesmo gostou, em seguida o leva até sua boca.

Fico surpreso e levemente envergonhado por sua confissão, meu cérebro demora alguns segundos para processar alguma reação minha pois está mais ocupado em acompanhar o movimento que os lábios de Taylor fazem, me repreendo internamente por alguns pensamentos sujos que surgem de maneira involuntária na minha mente.

Não o respondo, mas o silêncio não me incomoda e tampouco a Roger.

O observo terminar de comer tudo e recolho as louças sujas para que eu lavasse, ele me agradece mas digo que está tudo bem, a realidade é que não sei como aborda-lo a respeito da fotografia, sinto que seu estado atual tem a ver com ela, e não quero ser invasivo, apenas ajudar.

-....Pode me acompanhar um instante? - digo e me sento no sofá, ele me acompanha.

Quando mostro a foto seu corpo se tensiona automaticamente.
Em poucos minutos Roger já tinha me explicado de uma só vez que a garota da foto era sua irmã mais nova que faleceu devido um acidente que envolveu os dois há alguns anos, sua falta de memória também se dava como sequela do acidente, porém o que mais me deixou chocado foi saber o que a mãe dele havia feito, não consigo pensar em alguma razão para defendê-la mesmo que suas ações tenham sido realizadas na melhor das intenções.

O enxergo tão vulnerável e não me impeço de envolvê-lo em meus braços, o aperto cada vez que sinto seus soluços e meu coração aperta. Maldito coração de manteiga.

FIRST | maylorOnde histórias criam vida. Descubra agora