Capítulo 17

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O dia havia se erguido um tanto cinza hoje, e se tem algo que eu lembro com plena certeza, é que odeio segundas-feiras.

Mas mais do que isso, acabei de descobrir que ser acordado às 07h da manhã, em uma segunda-feira, por Freddie Mercury virou meu mais novo ódio.

- Fred eu juro por Deus que se você bater na porra da minha porta mais uma vez, eu vou quebrar todos os seus dedos. - grito abafado por estar com a cara enfiada no meu travesseiro.

- O sol já nasceu, loirinha. Os passarinhos estão cantando, veja! - cantarola do outro lado da porta sem deixar-se abalar por minha ameaça - Agora levanta essa bunda branca daí que eu já fiz o nosso café da manhã.

Bufo irritado.

O moreno que antes estava esmurrando a minha porta decidiu que seu atual passatempo favorito seria vir encher o meu saco pela manhã na maioria dos dias, afinal, ele trabalhava em casa como designer gráfico e somente no turno da tarde (ou quando tivesse vontade, o que era quase nunca).

"O Brian trabalha pela manhã inteira Roger, não gosto de ficar sozinho, então não reclame, yeah?" - foi o que ele disse quando tocou minha campainha há uns dois dias, e eu, como bom preguiçoso que sou, somente disse á Freddie onde ele poderia encontrar a chave reserva - caso fosse aparecer um outro dia - para entrar na minha casa sem que eu precisasse atendê-lo a cada vez que viesse me visitar pela manhã.

Por que eu fiz isso Deus?

Certamente eu não pensei na possibilidade de que ainda teria a porta do meu quarto como empecilho para que Freddie me fizesse acordar, então ele sempre se divertia em dar socos na madeira até que eu tivesse vontade de fazê-lo engolir as baquetas da minha bateria.

- Eu já disse que te odeio? - falo chegando na minha cozinha, depois de ter passado pelo banheiro e feito toda a minha higiene matinal.

Ontem eu havia dormido tarde começado o planejamento para liberar as músicas autorais na rede. Em breve talvez poderíamos até gravar clipes?

O cheiro delicioso que preenchia o local me fez esquecer brevemente da banda, minha barriga roncou e eu sabia que Freddie havia preparado panquecas, bacon, ovos e café.

- Ow que lindo Rog, eu também te amo. - diz e eu rolo os olhos -, você é muito rabugento quando acorda, céus!

- Só sou rabugento quando você me acorda, então estou sendo muito rabugento esses dias - falo enquanto me sirvo das tiras de bacon e das panquecas.

Freddie faz cara de ofendido e eu começo a me alimentar.

- Assim que você me agradece, seu ingrato?

Tento reprimir uma risada, o que foi em vão.

- Não seja dramático, yeah? Estou de ressaca - encho uma xícara com o café fresco e bebo grandes goles - Como está o Bri?

- Reclamando a cada minuto que está com saudades de você, mas sabe que a pesquisa está exigindo muito dele - Freddie me acompanha na refeição, mas ao invés de café, bebe chá -, ele mal está dormindo direito.

- Também estou com saudades - falo baixinho e encolho os ombros -, mas tenho certeza que no final tudo dará certo, ainda o verei trabalhando junto com a NASA.

Freddie balança a cabeça em afirmação e ficamos alguns minutos em um silêncio agradável que logo foi interrompido pelo meu amigo.

- Rog? Eu estava pensando... - levanto os olhos para encara-lo - lembra quando estávamos no apartamento com o livro do ano tentando te fazer lembrar de alguém da época da escola?

FIRST | maylorOnde histórias criam vida. Descubra agora