Almost Love - Volume 1 | ✓

Capítulo Um

Chloe era a garota nova da escola. Mas não era qualquer garota nova, daquelas que só se reparam no primeiro momento e logo se perde o interesse. Não, Chloe era o tipo de garota, que já chegava chamando a atenção, se destacando dos demais, mesmo que estivesse usando o uniforme padrão do nosso colégio. Claro que, no caso dela, ela dera uma pequena modificada no "padrão". A saia xadrez que deveria bater dois dedos acima dos joelhos, estava no meio das coxas e a camisa branca estava com dois botões abertos, deixando um decote amostra para muitos garotos que não deixaram de reparar nele. Isso sem falar no corte de cabelo moderno e no batom vermelho vivo que ela corajosamente usava na escola. Fiquei impressionada com ela, assim como todo mundo, desde o primeiro momento em que a vi. Pois por baixo do pensamento invejoso de "essa garota é tão sem noção, se vestindo desse jeito" estava o pensamento que nenhuma garota naquela sala jamais admitiria: "eu queria ter a coragem dela".

- Essa garota é uma puta - diz meu único amigo, Victor, no intervalo da escola, uma semana depois que garota nova tinha entrado na nossa sala.

- Não fala isso! - eu a defendo inconscientemente, sem saber bem o porquê, já que não tinha falado nenhuma vez com ela, e nem sabia da vida dela. Era apenas aquele velho instinto meu de não julgar ninguém pelas aparências - você só diz isso porque ela se veste com roupas curtas e isso não é justo.

- Não estou sendo cruel. É que eu ouvi já muita coisa sobre ela.

- Tipo o quê? - tentei não parecer tão interessada, mas meu coração bateu mais rápido com a possibilidade de saber algo da garota nova, que não se enturmara com nenhuma garota e recebia bastante atenção dos garotos.

- Dizem que ela transa com vários caras no banheiro das meninas - ele fala com os olhos brilhando de excitação - sabe aquele banheiro desativado do subsolo, que alguns alunos do último ano usavam para fumar e que depois foi trancado?

Eu assinto.

Todo mundo conhecia a lenda desse banheiro. Muitos gostavam de ir até lá, para ver se conseguiam arrombar a porta e invadir o lugar - também havia a lenda dele ser assombrado - mas nunca ouvi nenhuma história de alguém que tenha de fato conseguido entrar lá.

O que me faz duvidar da veracidade dessa história.

- Como ela conseguiu entrar lá, se ninguém mais conseguiu?

- Dizem que ela tem a chave - ele dá de ombros.

Eu estalo a língua, fazendo pouco caso.

- Duvido.

- E dizem também que ela não usa calcinha por baixo da saia da escola.

- Isso não é mesmo verdade! - eu nego rapidamente, me recusando a acreditar que uma garota de 14 anos transe no banheiro feminino, muito menos que cometa a barbaridade de andar sem calcinha e de saia curta.

- Bom, vários colegas meus disseram que já pegaram ela - ele fala com um quê de "eu não me comprometo, mas que disseram ser verdade, disseram".

Torço o bico e tomo meu refrigerante em silêncio, pensativa. Não quero acreditar nessas coisas, porque parece muita maldade que inventam só porque uma garota é corajosa o bastante para se vestir como ela.

- Pode ser tudo mentira também - continua Victor - os caras são cheios de inventar que já pegaram um monte de garotas só pra contar vantagem.

- Aposto que essa é uma delas - eu falo baixinho, querendo estar certa, mas já duvidando da minha convicção.

Como se ela soubesse que estávamos falando dela, Chloe passa desfilando na nossa frente com sua saia curta e sapatos de salto alto - outra coisa que só ela teve coragem de usar. Inconscientemente, me pego olhando para a barra da saia dela, para confirmar se ela está ou não usando calcinha. Nos cinco segundos que ela leva para cruzar nosso caminho e se afastar, não consigo ver nada. Olho para o lado, e percebo que Victor estava tentando a mesma coisa. Viro para o outro lado, constrangida por agir como um garoto babaca.

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