24 - A força de um regente

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Ninguém conseguia sentir mais nada além do medo de ser o próximo após a morte de Renê. A maioria ali ainda não havia se recuperado do trauma de enfrentar Vector, um infectado extremamente poderoso, e agora teriam que enfrentar um dos cinco regentes, os demônios mais fortes.

- Vitor! - sussurrou Vinicius - Vamos lutar ou fugir?

- Corram! - gritou Vitor, sendo o primeiro a adentrar ainda mais pelos imensos corredores daquele prédio - Não temos chances contra um dos cinco regentes. Se tentarmos, todos nós vamos morrer!

- Como vamos saber se não tentarmos? - perguntou Jhuly correndo com sua arma em punho - Não podemos fugir para sempre!

- Tivemos grandes dificuldades em derrotar o Vector. Sabemos que esse ignus é muito mais poderoso do que qualquer um que enfrentamos no campo de caça. Quer arriscar bater de frente? - Vitor não parava de correr um segundo.

Envolto em suas sinistras gargalhadas, o palhaço começou a saltitar para frente, deixando a cápsula com o corpo de Renê perto de um dos corpos da fazenda.

- Pela estrada a fora eu vou bem sozinho... - saltitava o palhaço alegremente - Comer as crianças que eu encontro no caminho...

- É uma boa hora para dizer que tenho medo de palhaços? - sussurrava Willy, escondido atrás dos tubos.

O temível palhaço continuava a saltitar pelo corredor escuro. Láiza, que estava escondida, cobria o próprio rosto para não deixar sua ofegante respiração chamar atenção.

- Vem brincar comigo? - A suave voz do palhaço se distanciava cada vez mais.

Os fortes passos se tornavam cada vez mais delicados, como se estivessem bem longe.

- Eu disse para brincar comigo, Láiza! - A voz grossa do palhaço surgiu do lado esquerdo da pobre garota, fazendo-a gritar e se arrastar para longe.

- Sai! - Láiza jogava o que podia contra o ignus.

- Não quer brincar? Eu não sou engraçado para você? Então vamos brincar de cabra-cega! - O palhaço bateu palmas duas vezes, e as luzes do corredor se apagaram, deixando Láiza sozinha em uma grande escuridão, apenas ouvindo a voz assustadora do palhaço - Adivinhe onde estou! Isso é muito divertido!

A voz do palhaço se esvaiu em meio à escuridão e, na tentativa de fazer as luzes ligarem, Láiza tenta bater palmas, mas nada acontece.

- Se é para bater palmas, eu também posso fazer isso! - O palhaço imitava a voz de uma criança, batendo palmas por um longo tempo, fazendo as luzes ligarem e desligarem. E toda vez que o local se iluminava, o palhaço se aproximava mais de Láiza.

O som das palmas seguiu até a parte de trás do que parecia ser uma geladeira. Vendo a oportunidade, Láiza correu na direção contrária. Porém, ao se virar, as enrugadas mãos do palhaço bateram palmas na sua frente, ligando as luzes de uma vez.

- Você me achou! - O sorriso sangrento do palhaço sem bochechas se esvaiu, e ele ficou sério - Eu odeio perder, sua garota imunda!

Os olhos arregalados de Láiza viram perfeitamente a feição imunda do palhaço, as veias do mesmo eram aparentes, e havia sangue espalhado por toda a sua boca. O ignus logo voltou a bater palmas diversas vezes, fazendo as luzes piscarem várias vezes.

Uma mão quente cobriu o rosto de Láiza e a arrastou para dentro da escuridão. Era seu amigo Abner, que a havia salvado. Ambos se esconderam em silêncio, apenas tentando não ofegar para não serem encontrados.

- Precisamos sair daqui! - sussurrou Abner - Todos já devem estar lá fora!

- Sim, precisamos! - concordou Láiza. A feição assustadora do palhaço surgiu entre os dois, fazendo-os cair de susto no chão - Mas não podem nem esperar o fim do show?

O mundo não prometido: Além Dos MurosOnde histórias criam vida. Descubra agora