26 - Só queria poder amar e só queria poder sorrir

138 69 8
                                    

Joker saltitava alegremente pela base dos ignus, localizada no centro das seis escolas. Ele adentrou o maior prédio do local e cumprimentou a recepcionista com um sorriso.

- Olá! - saudou Joker.

- Senhor João, sempre bem pontual. O regente Ray já está lhe aguardando em sua sala! - respondeu a recepcionista com um sorriso.

Joker seguiu seu caminho pelas longas escadarias até a sala de seu colega regente, enquanto recordava seu passado.

Voltamos muitos anos atrás, quando a epidemia do vírus Ignotus já estava em curso. As pessoas não podiam sair de casa nem receber a luz do sol. Uma lona preta cobria todas as casas da cidade, e todos estavam em uma severa quarentena. No entanto, dois amigos, Lucas e João, que passaram toda a quarentena juntos, receberam permissão para sair por algum tempo.

- É hoje! - exclamou Lucas, fantasiado de palhaço. - Tudo tem sido tão cinza desde o início dessa doença misteriosa. Vamos levar alegria para toda a cidade!

- Muito bem, meninos! - disse a mãe de João, trazendo comida e maquiagem. - Vocês vão ser ótimos palhacinhos!

- Por que está tão sério? - perguntou Lucas. - Puxa, você nunca ri!

- Não temos motivos para sorrir! - respondeu João, já com a maquiagem de palhaço pronta.

- Olha, meu filho, não importa o que aconteça... Procure sorrir primeiro, que o motivo deverá aparecer depois! - aconselhou Dona Cláudia, sorrindo.

A porta se abriu com um barulho assustador, e vários agentes do governo apareceram armados e vestindo roupas antirradiação.

- Vocês têm uma hora! - disse um dos agentes.

João, Cláudia e Lucas saíram para as ruas, sempre escoltados pelo pessoal do governo, todos usando máscaras.

Os três chegaram a um palco improvisado no meio da rua, em frente a vários prédios cheios de pessoas que observavam de suas janelas, pedindo que o espetáculo começasse.

- Muito bem! - disse Cláudia, subindo ao palco animada. - Se o público não vai até o circo, o circo vai até o público...

As pessoas começaram a aplaudir, e o entretenimento retornou depois de semanas, já que um pulso eletromagnético havia destruído toda a tecnologia, como celulares, carros e televisões, que simplesmente pararam de funcionar.

- Hoje, eu trouxe dois convidados especiais: meu filho João e seu melhor amigo, Lucas, que serão meus assistentes de palco! - continuou Cláudia, enquanto os dois subiam ao palco. - Meu filho João nunca sorri, então vamos pintar um belo sorriso em seu rosto!

Cláudia usou todo o batom para pintar um sorriso no rosto de João, fazendo todos caírem na gargalhada. Aquela foi a melhor sensação que João já havia experimentado, ele estava fazendo as pessoas sorrirem.

- Ok! - Cláudia continuou a gritar. - Com o belo sorriso do meu belo filho, vamos pintar algo diferente no rosto de Lucas. O que vocês recomendam?

- Um coelho! - gritou uma das crianças de um prédio.

- Que garotinha criativa! Se for para fazer você sorrir, eu desenho sim... - respondeu Cláudia. - É como eu sempre digo...

- Vamos sorrir agora, pois o motivo irá aparecer depois! - disseram João e Lucas em uníssono.

João finalmente sorriu e amou estar fazendo tudo aquilo. Ele soltou uma grande gargalhada involuntária, e como resposta, todos sorriram de volta, mesmo sem entender o motivo. A risada era contagiosa, até mesmo os soldados não paravam de rir. Era uma ótima sensação.

O mundo não prometido: Além Dos MurosOnde histórias criam vida. Descubra agora