Capítulo Dois - Aceita um café ou um orgasmo?

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Embora tivéssemos trocado nossos números de telefone, não liguei para Karen, mesmo estando com uma imensa vontade de voltar a vê-la, nem que fosse para conversar. Ela também não me ligou e, portanto, não tive notícias dela por toda a semana até que, na sexta-feira de manhã, na hora do cafezinho, Henrique comentou que ela iria buscá-lo no trabalho no fim daquele dia, visto que o carro dele estava na oficina para revisão.

Passei o dia inteiro com aquela ansiedade de adolescente que vai dar o primeiro beijo. Eu me achei simplesmente uma idiota por me sentir assim. O fato era que eu sentia que precisava vê-la outra vez, nem que fosse para admirar aqueles olhos esmeraldinos hipnóticos e aquela boca carnuda que parecia clamar por um beijo.

Inevitavelmente, as recordações da noite em que fizemos sexo me vieram à mente sem pedirem licença. Os pensamentos inoportunos prejudicaram por completo a concentração da qual eu necessitava para poder analisar os processos sob minha gerência. Eles me deixaram muito excitada. Meu Deus! O que essa mulher fez comigo? O tesão ficou tão intenso que precisei tirá-lo do meu corpo. E para isso, dirigi-me sorrateira até o banheiro e me toquei com Karen permeando minhas fantasias. Não acredito que acabei de fazer isso aqui?! Pensei, enquanto me recompunha. Saí do banheiro com um misto de relaxamento e vergonha.

O sol estava dando lugar a lua quando a ansiedade se intensificou ainda mais dentro de mim, tendo em vista que era quase a hora de Karen aparecer para buscar o noivo. Parecia que um bando de borboletas voava no meu estômago. Eu já tinha finalizado meu trabalho do dia, contudo, permaneci ali, sentada à minha mesa, com os olhos no computador, fingindo que analisava processos, porque queria esperar por ela.

As células de trabalho, apesar de serem diferentes ficavam no mesmo amplo salão. Henrique e eu, os chefes da célula cível e trabalhista, respectivamente, tínhamos mesas grandes, as quais ficavam a apenas alguns passos uma da outra, encostadas na parede e voltadas para as diversas mesas separadas por baias onde o restante dos advogados ficavam sentados. Às 18h, elas ficavam vazias, posto que era o fim do expediente para eles. Mas geralmente não era para mim e Henrique, que muitas vezes extrapolávamos aquele horário.

Por volta das 18h30min, ouvi Henrique atender o ramal da secretária e dizer:

— Ok. Pode pedir para ela entrar, Suzana. Obrigado.

Era Karen. De repente, meu coração deu uma cambalhota querendo sair do peito. Meu pé não parava de balançar por baixo da mesa e eu clicava nas abas de vários sites sem prestar atenção a nada do que surgia na minha frente até ela aparecer no salão. Estava deslumbrante e linda como na duas vezes em que eu a vi! Usava uma blusa fina branca sem manga, que dava para ver levemente a sombra do seu sutiã; cobria-lhe o quadril, uma saia preta colada que ia até a altura dos joelhos; e nos pés, sapatos altos vermelhos modelo scarpin lhe davam mais elegância. Era nítido que ela vinha do trabalho. Karen era uma famosa arquiteta e dona do próprio escritório.

— Boa noite! — Ela nos cumprimentou com sua voz feminina e sutil.

Até isso me fez estremecer. Respondi, lançando em direção a ela um olhar admirado, fazendo questão que ela percebesse que eu a tinha visto da cabeça aos pés. Notei sua fisionomia se turvar de timidez e precisei conter o sorriso que quis brotar em minha boca. Henrique a cumprimentou sem nem tirar os olhos do computador. Como ele pode ser tão descuidado desse jeito?! Essa mulher merecia um tapete vermelho quando entrasse nos lugares! Ela é uma deusa! E ele... um idiota!

— Amor, você vai ter que esperar mais um pouco. Tenho que finalizar isso hoje! — Henrique falou ainda sem olhar para a noiva.

— Tudo bem, eu espero. — Karen respondeu sentando-se numa das cadeiras que ficavam de frente à mesa dele.

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora