Embora tivéssemos trocado nossos números de telefone, não liguei para Karen, mesmo estando com uma imensa vontade de voltar a vê-la, nem que fosse para conversar. Ela também não me ligou e, portanto, não tive notícias dela por toda a semana até que, na sexta-feira de manhã, na hora do cafezinho, Henrique comentou que ela iria buscá-lo no trabalho no fim daquele dia, visto que o carro dele estava na oficina para revisão.
Passei o dia inteiro com aquela ansiedade de adolescente que vai dar o primeiro beijo. Eu me achei simplesmente uma idiota por me sentir assim. O fato era que eu sentia que precisava vê-la outra vez, nem que fosse para admirar aqueles olhos esmeraldinos hipnóticos e aquela boca carnuda que parecia clamar por um beijo.
Inevitavelmente, as recordações da noite em que fizemos sexo me vieram à mente sem pedirem licença. Os pensamentos inoportunos prejudicaram por completo a concentração da qual eu necessitava para poder analisar os processos sob minha gerência. Eles me deixaram muito excitada. Meu Deus! O que essa mulher fez comigo? O tesão ficou tão intenso que precisei tirá-lo do meu corpo. E para isso, dirigi-me sorrateira até o banheiro e me toquei com Karen permeando minhas fantasias. Não acredito que acabei de fazer isso aqui?! Pensei, enquanto me recompunha. Saí do banheiro com um misto de relaxamento e vergonha.
O sol estava dando lugar a lua quando a ansiedade se intensificou ainda mais dentro de mim, tendo em vista que era quase a hora de Karen aparecer para buscar o noivo. Parecia que um bando de borboletas voava no meu estômago. Eu já tinha finalizado meu trabalho do dia, contudo, permaneci ali, sentada à minha mesa, com os olhos no computador, fingindo que analisava processos, porque queria esperar por ela.
As células de trabalho, apesar de serem diferentes ficavam no mesmo amplo salão. Henrique e eu, os chefes da célula cível e trabalhista, respectivamente, tínhamos mesas grandes, as quais ficavam a apenas alguns passos uma da outra, encostadas na parede e voltadas para as diversas mesas separadas por baias onde o restante dos advogados ficavam sentados. Às 18h, elas ficavam vazias, posto que era o fim do expediente para eles. Mas geralmente não era para mim e Henrique, que muitas vezes extrapolávamos aquele horário.
Por volta das 18h30min, ouvi Henrique atender o ramal da secretária e dizer:
— Ok. Pode pedir para ela entrar, Suzana. Obrigado.
Era Karen. De repente, meu coração deu uma cambalhota querendo sair do peito. Meu pé não parava de balançar por baixo da mesa e eu clicava nas abas de vários sites sem prestar atenção a nada do que surgia na minha frente até ela aparecer no salão. Estava deslumbrante e linda como na duas vezes em que eu a vi! Usava uma blusa fina branca sem manga, que dava para ver levemente a sombra do seu sutiã; cobria-lhe o quadril, uma saia preta colada que ia até a altura dos joelhos; e nos pés, sapatos altos vermelhos modelo scarpin lhe davam mais elegância. Era nítido que ela vinha do trabalho. Karen era uma famosa arquiteta e dona do próprio escritório.
— Boa noite! — Ela nos cumprimentou com sua voz feminina e sutil.
Até isso me fez estremecer. Respondi, lançando em direção a ela um olhar admirado, fazendo questão que ela percebesse que eu a tinha visto da cabeça aos pés. Notei sua fisionomia se turvar de timidez e precisei conter o sorriso que quis brotar em minha boca. Henrique a cumprimentou sem nem tirar os olhos do computador. Como ele pode ser tão descuidado desse jeito?! Essa mulher merecia um tapete vermelho quando entrasse nos lugares! Ela é uma deusa! E ele... um idiota!
— Amor, você vai ter que esperar mais um pouco. Tenho que finalizar isso hoje! — Henrique falou ainda sem olhar para a noiva.
— Tudo bem, eu espero. — Karen respondeu sentando-se numa das cadeiras que ficavam de frente à mesa dele.
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DESVENDANDO O AMOR
RomanceNo passado, Sara teve um caso com Henrique. No entanto, ainda na época da faculdade, ela se aceitou lésbica. Anos depois, eles se reencontram no escritório de advocacia, onde passam a ser colegas de trabalho. Henrique quer reviver o passado, mesmo...