Capítulo Dezenove - E foi assim que se deu o nosso amor

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Quatro anos depois

Karen e eu chegamos à casa de Henrique com um enorme presente nas mãos. Fomos recebidas por Isabela, que estava com Guilherme nos braços. Gui, como o chamávamos, era o filho dela com Henrique, que estava completando dois anos.

— Oi, minhas queridas! — Isabela nos cumprimentou. — Que bom que deu para vocês virem.

— Pois é. Chegamos de viagem ontem. — Karen comentou se voltando para Guilherme. — Aqui está seu presente, Gui. Meu e da Tia Sara, tá? Espero que você goste.

Ele abriu um sorriso, deu um abraço nela e em mim e agradeceu com os olhinhos brilhando. Como não conseguia pegar o presente entre as mãos, ele se mexeu nos braços da mãe para ser posto no chão e rasgar o papel colorido daquele presente grande e ver o que tinha lá.

— E como estava a Grécia? — Isabela perguntou depois de colocar Guilherme no chão.

— Maravilhosa como sempre! — Respondi com os olhos vidrados no menino feliz que abria o presente sem nenhum cuidado.

— Foi ótimo viajar! Tínhamos que aproveitar antes da bebê nascer, não é? — Karen falou acariciando sua barriga de quatro meses de grávida.

Isabela sorriu e questionou a mamãe de primeira viagem:

— E como anda Helena nessa barriga?

— Bem trabalhosa! — Karen gracejou. — Tenho a impressão de que ela vai ser bem danadinha!

— Vira essa boca para lá, amor! — Eu prontamente disse.

— Sei bem como é. Tanto a gravidez como a danação! Vá se acostumando, viu, Sara! — Isabela comentou e sorriu sendo acompanhada por Karen e por mim.

— É, eu sei... — Gracejei revirando os olhos.

Nesse momento, Henrique surgiu na sala e nos cumprimentou com um abraço forte. Em seguida, agachou-se no chão para ver o que o filho tinha ganhado das tias e ficou brincando com ele por alguns instantes.

***

Quando Karen e eu fizemos três meses de namoro, resolvemos morar juntas. Além de não dormirmos mais separadas, economizamos o gasto de se manter duas casas. Então, depois de analisarmos os prós e os contras, aluguei meu apartamento e me mudei para o dela. Com dois anos morando juntas, decidimos oficializar nossa união e fizemos uma grande festa de casamento.

Nunca perdemos o contato com Henrique e Isabela, que acabaram se tornando um dos nossos casais de amigos mais íntimos e nossos padrinhos de casamento. Eles se casaram quando fizeram um ano de namoro. No ano seguinte, Guilherme nasceu, grande e saudável, para alegrar não só a vida dos pais, mas a nossa também, que nos tornamos as tias que mais conviviam com ele e das quais ele mais gostava. Inclusive, quando queriam viajar as sós, Henrique e Isabela deixavam Guilherme em nossa casa.

Durante os dois primeiros anos de casamento, Karen e eu achávamos que a nossa decisão de não ter filhos era imutável. No entanto, o convívio com Guilherme fez aflorar em nós o desejo de sermos mães e, num belo dia, sem que ainda nenhuma das duas tivesse falado sobre o assunto, Karen disse enquanto estávamos largadas no sofá, vendo uma série qualquer:

— Amor...

— Oi...

— Vamos ser mães?

Olhei-a com uma fisionomia espantada por causa da pergunta súbita e me certifiquei:

— Sério mesmo que você quer?

— Quero! O que você acha? Topa ser a outra mamãe do meu filho?

Abri um sorriso de alegria e, abraçando-a, declarei:

— Claro que quero ter um filho com você, meu amor! Infelizmente, não posso fazer eu mesma um em você, mas isso nós damos um jeito! Se bem que nós podemos ficar tentando, vai que acontece um milagre! — Gracejei, resvalando minha mão sobre seu peito.

A minha resposta positiva foi como um incentivo a mais para o tesão de Karen, que se virou de um súbito e se sentou sobre mim, esfregando-se e me beijando com vontade. Sem demora, puxou minha mão e a pôs entre suas pernas me fazendo tocá-la na intimidade. No momento em que eu a penetrei, ela disse entre os sussurros:

— Eu te amo tanto meu amor!

— Eu amo mais! — Sussurrei entre seus lábios.

Não demorou muito para ela ser arrebatada por um orgasmo regozijador que me fez sentir ainda mais tesão. Em seguida, ela passou a me tocar com desejo para que eu também alcançasse ao mais alto grau do prazer. O sexo com Karen nunca tinha perdido a graça! Pelo contrário, parecia que quanto mais o tempo passava mais tesão eu sentia pela minha deliciosa esposa.

Nos meses seguintes, visitamos clínicas de inseminação artificial para colocarmos em prática nosso plano de sermos mães. Como era Karen quem queria engravidar, escolhemos o sêmen de um doador anônimo que tivesse as minhas características. E foi assim que Helena foi gerada e estava crescendo saudável e perfeita dentro da barriga de Karen.

***

Nós nos juntamos aos outros convidados para curtirmos a festinha de Guilherme, que estava todo feliz vestido com uma fantasia de Homem-Aranha. No momento em que todos se juntaram para cantar os parabéns para ele, posicionei-me por trás de Karen e fiquei acariciando sua barriga, enquanto ela tirava várias fotos do nosso menino. Aproximei a boca do ouvido dela e cochichei:

— Quando for nossa pequena Helena, hein, amor?

— Não vejo a hora! Estou tão ansiosa para ver a carinha dela!

— Eu também... Sonho com isso, sabia? Só espero que ela tenha seus olhos! — Brinquei.

Karen sorriu e, virando mais a cabeça de lado, deu-me um breve beijo nos lábios e disse:

— Não sei se ela vai ter a cor dos meus olhos, só sei que ela vai fazer parte de uma família linda que a ama demais!

— Com certeza, meu amor! Sou tão feliz e orgulhosa da nossa família, sabia?

— Sabia. Eu sinto! — Ela falou e sorriu virando-se de frente outra vez.

Embora continuasse acompanhando a felicidade estampada no rosto de Guilherme, meus pensamentos voaram e ficaram relembrando uma sucessão de acontecimentos dos últimos quatro anos até parar naquele ali. Quem diria que eu encontraria o amor da minha vida na noiva de um colega de trabalho? Se alguém tivesse me dito, anos antes de conhecer Karen, que isso iria acontecer, diria que era impossível e até riria da pessoa. Nunca havia me envolvido com uma mulher comprometida, que, ainda por cima, era noiva de um conhecido.

Ao lado dela, tive muitos momentos de alegria e de felicidade e poucos momentos de desentendimentos. Nós nos tornamos um casal que inspirava os outros. Era o que diziam alguns amigos. Acreditava que essa inspiração se devia ao fato de que Karen e eu sempre tentávamos nos melhorar como pessoas e esse crescimento pessoal acabava refletindo no nosso relacionamento, que realmente era bastante maduro e estável. E, naquele momento, faltavam poucos meses para darmos mais um passo na caminhada da vida com a chegada da nossa filha.

FIM

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora