Capítulo Dez - Quinta-feira: mudança de perspectiva?

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A quinta-feira foi um dia muito exaustivo no trabalho. Cheguei ao escritório antes das 8h da manhã e comecei a realizar minhas tarefas uma atrás da outra, parando apenas para comer alguma coisa, que não deu para chamar de almoço, e para ir ao banheiro quando a necessidade fisiológica era imperiosa.

Mesmo tendo um dia agitado, Karen visitava a minha mente vez ou outra e me causava uma desconcentração absurda, fazendo com que eu demorasse vários minutos para retornar a atenção aos meus processos que pareciam infindáveis. Essa demora se deu porque não se tratava de simples pensamentos, mas sim de fantasias, fantasias bem lascivas, que tentavam impiedosamente me deixar excitada.

Por vezes, elas conseguiram e, nesses momentos, pensava em enviar alguma mensagem para ela, contudo, batia-me uma insegurança sobre o que escrever. Não sabia se enviava uma mensagem indiferente, uma sexy ou se perguntava se íamos nos encontrar logo mais à noite. Passei o dia nessa indecisão, por isso, acabei não enviando mensagem alguma. Quando verifiquei meu relógio de pulso dar 20h, vi que minhas tarefas ainda estavam um pouco longe de terminar. Como ficaria até mais tarde no escritório, tive que ligar para ela:

— Oi, Sara. — Ela falou com uma voz gostosa, como se tivesse gostado da minha ligação.

— Oi. Liguei para dizer que, mesmo querendo muito, não vai dar para gente se ver hoje, porque ainda estou presa no escritório, acredita?

— Nossa!! E eu achando que estava chegando tarde em casa. Cheguei agora a pouco. Estava, inclusive, pensando em te ligar para perguntar se ia dar certo a gente se ver. Uma pena!

— Uma pena mesmo! Mas vamos fazer assim: deixamos marcado algo para amanhã! Podemos ir a um barzinho e depois esticar até lá em casa, o que você acha?

— Acho ótimo! Marcado, então! — Ela disse com a voz empolgada, o que me deixou bastante satisfeita.

Em seguida, nós nos despedimos e voltei a trabalhar por mais algum tempo. Quando saí do escritório era quase 10h da noite. Estava em completo esgotamento físico e mental. Lidar com prazos e clientes era algo muito estressante. Entrei no carro em direção ao meu apartamento com um único pensamento na cabeça: descanso! Queria apenas tomar um banho, comer alguma coisa e me jogar na cama ou no sofá.

Cheguei em casa, caminhei até meu quarto, tirei minha roupa e passei diretamente para o banheiro. Parecendo um zumbi de tão cansada que eu estava, tomei banho, vesti uma camiseta bem larga e, depois, fui até a cozinha.

Sem disposição alguma para cozinhar, peguei um garfo e um depósito de plástico, no qual continha frutas já cortadas, e me dirigi à sala. Liguei a TV e deixei no canal que estava, não tive ânimo nem para escolher algo para assistir. Comi as frutas enquanto assistia a um jornal. Após terminar o jantar, se é que aquilo poderia ser chamado de jantar, fui deixar o depósito na pia da cozinha. Deixei lá para lavar no outro dia.

No momento em que sentava outra vez no sofá, escutei o bip do meu celular. Assim que o peguei na mão, vi que se tratava de uma mensagem de Karen. De imediato, despertei daquele entorpecimento no qual eu me encontrava.

"Ainda está acordada?!", a mensagem dizia.

Mais que depressa, respondi:

"Sim. E você está acordada a uma hora dessas por quê?"

Enviei a mensagem e permaneci com o olhar fixo no celular à espera de uma resposta. Um, dois, três minutos se passaram sem que ela dissesse coisa alguma. Aquele vazio de resposta começou a me deixar agoniada.

No momento em que eu ia enviar outra mensagem, escutei o toque do interfone. Dirigi-me até a cozinha me questionando quem era a uma hora daquelas. Olhei no relógio da cozinha e era quase meia-noite. Atendi o interfone e ouvi a voz rouca do Sr. José, um dos porteiros noturnos:

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora