Capítulo Treze - Lembranças que sufocam

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Não pensei que ia sentir tanta aflição ao ver Henrique outra vez. E não era tanto por eu ter me envolvido com sua noiva às escondidas, mas muito mais por que ele me fazia lembrar dela. Na verdade, ele era mais uma coisa que me fazia lembrar de Karen. Piorava quando ele falava dela para mim. Tiveram ocasiões em que eu tive que me segurar para não o mandar calar a boca. Era angustiante demais ouvir falar de Karen pela boca de Henrique!

Os dias que se seguiram foram, como sempre, de muito trabalho no escritório. Chegava cedo e saía tarde e, mesmo com a cabeça ocupadíssima de casos jurídicos, Karen não me deixou em paz em nenhum dia sequer.

No escritório ou em casa, ela me invadia de um jeito forte que demorava para conseguir expulsá-la. Às vezes, vinham memórias das nossas conversas, que se intensificavam mais quando eu bebia uma cerveja ou um vinho ou escutava Diana Krall. Outras vezes, eram as reminiscências das nossas transas quentes que me visitavam. E, nesses momentos, não tinha banho gelado, leituras, televisão que a extirpassem da minha cabeça. As lembranças me sufocavam!

Tinham transcorrido duas semanas. Fazia exatamente quinze dias que não via e nem falava com Karen. No entanto, na tarde da sexta-feira após esses dias em que eu fiquei banida de sua presença, Henrique me encontrou na copa tomando meu sagrado café e acabou por me fazer um convite:

— Sarinha, jantar na minha casa amanhã, tá?!

Meu coração de imediato deu um sopapo forte dentro do peito e, de pronto, respondi:

— Não vai dar, Henrique.

— Ah, não, minha princesa gata! Vai fazer essa desfeita comigo?

— Porra, Henrique, princesa gata?! Isso é um horror! Você já foi bem melhor, viu?

Ele soltou uma risada e, seguidamente, falou:

— Está certo, eu paro! — Ele levantou as mãos em rendição. — Mas porque não vai dar? Vai ter um encontro romântico com alguma mulher misteriosa?

Revirando os olhos, eu disse:

— Não é da sua conta, seu curioso.

— Deixa eu ir também! Juro que fico só olhando.

Ri, batendo no braço dele, e falei:

— Você é muito idiota mesmo, Henrique!

— Pois vamos ao jantar lá em casa! Vai o mesmo pessoal daquele dia. Eles adoraram você. A Karen também te adora!

Sem controlar minha boca, perguntei com um entusiasmo um pouco exagerado:

— Ela disse isso?

— Um dia desses ela falou que tinha gostado muito de você. Que vocês tinham tido uma empatia grande e tal. Como se já se conhecessem há anos.

Química sexual virou empatia agora?

— Gostei muito dela também. Tivemos uma sintonia incrível!

— Então, vamos, por favor!

Revirei os olhos outra vez e, por fim, aceitei o convite, dizendo:

— Ok, eu vou! Mas posso levar uma amiga?

— Claro que pode! Mas é amiga ou namorada nova, hein? — Henrique perguntou com floreio.

— Amiga mesmo! Se fosse namorada, eu teria dito: posso levar minha namorada?!

— Eita, que essa doeu! — Ele riu. — Como é o nome dela?

— Isabela.

— Como ela é? Gostosinha? É lésbica também?

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora