Capítulo Seis - Amizade?

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Era chegada a hora do fim da aventura sexual com a noiva de Henrique. Como dizem, tudo que é bom dura pouco. Entendia perfeitamente que não podíamos continuar com aqueles encontros, no entanto, no fundo, eu não queria que acabasse. Não queria deixar de tê-la em meus braços, em minha boca, em meu corpo. Karen tinha me revirado a cabeça de uma forma que eu não conseguia explicar.

Sentei-me na cama, coloquei o travesseiro nas minhas pernas, cobrindo-me o corpo, e disse:

— Pode falar, Karen. Pela sua cara, você se arrependeu do que acabou de acontecer aqui, não é isso?

Ela se sentou na cama também e, da mesma forma que eu, cobriu-se com o outro travesseiro.

— Não sei bem se é arrependimento, Sara. — Ela disse passando as mãos pelos cabelos. — Só sei que isso não deveria ter acontecido de novo.

— Entendo. Desculpa, Karen, não consegui evitar. E acho que você também não.

— Mas nós precisamos evitar! Isso não está certo, Sara! Eu estou noiva do Henrique!

Infelizmente!

Nesse momento, a vontade que tive foi de contar sobre o que aconteceu no passado entre mim e Henrique e que ele continuava me assediando. No entanto, pelo menos isso eu consegui evitar e apenas disse:

— É uma merda ter que reprimir os desejos...

— Sei que é ruim, mas temos que fazer isso! E não, não me arrependi, até porque você não fez nada sozinha. Só espero que não repitamos mais... isso. Eu não sou assim, Sara! Não me reconheço mais! Nunca traí o Henrique nesses dois anos de namoro.

— Eu também não costumo me envolver com pessoas comprometidas! Mas é que voc...

— Nós podemos ser amigas! — Ela me interrompeu, pondo a mão no meu joelho. Talvez tivesse medo de escutar que eu ia dizer que ela me faz sentir coisas que nunca senti por ninguém. — Você não foi apenas uma experiência, Sara. Gosto muito de você e... não queria que você saísse da minha vida. — Ela me lançou um sorriso cintilante que quase me ofuscou.

Se segura, Sara, que agora você será apenas uma boa amiga!

— Claro que poderemos ser amigas! — Respondi e retribuí o sorriso, tentando me mostrar serena, contudo, sentia-me bem frustrada. — E eu também gosto muito de você, Karen.

Devidamente conversadas, finalizamos a conversa com um abraço e em seguida ela sugeriu irmos a um shopping, visto que precisava comprar um presente para uma amiga e gostaria da minha ajuda. Como inocentes amiguinhas! Acatei a ideia e, depois de tomarmos banho, infelizmente em banheiros diferentes, arrumamo-nos e nos dirigimos ao shopping.

Permanecemos lá até o final da tarde. Quando fomos embora, passamos no supermercado para que ela pudesse comprar alguns mantimentos. Durante aquelas horas, conversávamos como boas e convencionais amigas, entretanto, era indefectível e palpável a tensão sexual entre nós. Era bem difícil para mim, vê-la falar, movendo aqueles lábios deliciosos, sem ter vontade de beijá-la; sentir o toque da sua pele — como ocorreram algumas vezes quando nossos braços se roçaram enquanto procurávamos o presente da sua amiga dentro das lojas —, sem ter vontade de tomá-la nos braços e possui-la com todo o ardor do meu desejo. Acho que para ela também não estava sendo fácil, porque a peguei várias vezes com o olhar congelado na minha boca. No entanto, faria o que ela tinha me pedido e seria apenas uma boa amiga.

No momento em que estávamos arrumando os mantimentos na geladeira e no armário da cozinha, Karen recebeu uma ligação de Henrique. Não sei se foi ilusão da minha cabeça, mas percebi certa tensão em seu rosto e, ao atender a ligação, ela se afastou um pouco de onde estávamos, mas não o bastante para que eu deixasse de escutá-la.

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora