Era chegada a hora do fim da aventura sexual com a noiva de Henrique. Como dizem, tudo que é bom dura pouco. Entendia perfeitamente que não podíamos continuar com aqueles encontros, no entanto, no fundo, eu não queria que acabasse. Não queria deixar de tê-la em meus braços, em minha boca, em meu corpo. Karen tinha me revirado a cabeça de uma forma que eu não conseguia explicar.
Sentei-me na cama, coloquei o travesseiro nas minhas pernas, cobrindo-me o corpo, e disse:
— Pode falar, Karen. Pela sua cara, você se arrependeu do que acabou de acontecer aqui, não é isso?
Ela se sentou na cama também e, da mesma forma que eu, cobriu-se com o outro travesseiro.
— Não sei bem se é arrependimento, Sara. — Ela disse passando as mãos pelos cabelos. — Só sei que isso não deveria ter acontecido de novo.
— Entendo. Desculpa, Karen, não consegui evitar. E acho que você também não.
— Mas nós precisamos evitar! Isso não está certo, Sara! Eu estou noiva do Henrique!
Infelizmente!
Nesse momento, a vontade que tive foi de contar sobre o que aconteceu no passado entre mim e Henrique e que ele continuava me assediando. No entanto, pelo menos isso eu consegui evitar e apenas disse:
— É uma merda ter que reprimir os desejos...
— Sei que é ruim, mas temos que fazer isso! E não, não me arrependi, até porque você não fez nada sozinha. Só espero que não repitamos mais... isso. Eu não sou assim, Sara! Não me reconheço mais! Nunca traí o Henrique nesses dois anos de namoro.
— Eu também não costumo me envolver com pessoas comprometidas! Mas é que voc...
— Nós podemos ser amigas! — Ela me interrompeu, pondo a mão no meu joelho. Talvez tivesse medo de escutar que eu ia dizer que ela me faz sentir coisas que nunca senti por ninguém. — Você não foi apenas uma experiência, Sara. Gosto muito de você e... não queria que você saísse da minha vida. — Ela me lançou um sorriso cintilante que quase me ofuscou.
Se segura, Sara, que agora você será apenas uma boa amiga!
— Claro que poderemos ser amigas! — Respondi e retribuí o sorriso, tentando me mostrar serena, contudo, sentia-me bem frustrada. — E eu também gosto muito de você, Karen.
Devidamente conversadas, finalizamos a conversa com um abraço e em seguida ela sugeriu irmos a um shopping, visto que precisava comprar um presente para uma amiga e gostaria da minha ajuda. Como inocentes amiguinhas! Acatei a ideia e, depois de tomarmos banho, infelizmente em banheiros diferentes, arrumamo-nos e nos dirigimos ao shopping.
Permanecemos lá até o final da tarde. Quando fomos embora, passamos no supermercado para que ela pudesse comprar alguns mantimentos. Durante aquelas horas, conversávamos como boas e convencionais amigas, entretanto, era indefectível e palpável a tensão sexual entre nós. Era bem difícil para mim, vê-la falar, movendo aqueles lábios deliciosos, sem ter vontade de beijá-la; sentir o toque da sua pele — como ocorreram algumas vezes quando nossos braços se roçaram enquanto procurávamos o presente da sua amiga dentro das lojas —, sem ter vontade de tomá-la nos braços e possui-la com todo o ardor do meu desejo. Acho que para ela também não estava sendo fácil, porque a peguei várias vezes com o olhar congelado na minha boca. No entanto, faria o que ela tinha me pedido e seria apenas uma boa amiga.
No momento em que estávamos arrumando os mantimentos na geladeira e no armário da cozinha, Karen recebeu uma ligação de Henrique. Não sei se foi ilusão da minha cabeça, mas percebi certa tensão em seu rosto e, ao atender a ligação, ela se afastou um pouco de onde estávamos, mas não o bastante para que eu deixasse de escutá-la.
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DESVENDANDO O AMOR
RomanceNo passado, Sara teve um caso com Henrique. No entanto, ainda na época da faculdade, ela se aceitou lésbica. Anos depois, eles se reencontram no escritório de advocacia, onde passam a ser colegas de trabalho. Henrique quer reviver o passado, mesmo...