Henrique se afastou abruptamente e eu fechei os olhos, sem acreditar que aquilo estava acontecendo. A descarga de adrenalina que percorreu meu corpo fez com que o álcool ingerido se dissipasse quase completamente.
— Calma, meu amor! — Ele disse se aproximando dela.
Finalmente, minha voz conseguiu sair da boca:
— Karen, me deixa explicar...
— Calma é o cacete! Como ficar calma vendo vocês se beijarem?! E explicar o quê, Karen? Explicar que vocês têm um caso? Desde quando vocês trepam, hein? Sou muito idiota mesmo!
Queria saber exatamente o significado daquela última frase. Ela se sentia idiota por achar que Henrique a estava traindo ou ela se sentia assim por minha causa, por achar que eu a enganei? Confesso que, mesmo com aquela confusão, queria que ela estivesse se sentindo mal por mim e não por ele. Pelo visto, era chegado o momento da verdade.
— Calma, Karen, nós podemos explicar! — Joguei meu olhar para Henrique. — É melhor você ser homem o suficiente para contar!
— Contar o quê? Que vocês transam há muito tempo?! Que eu sou uma idiota?! Ai que raiva! — Karen dava passos de um lado para o outro.
— Não, Karen! Não é isso! — Respondi.
Nesse momento, Isabela apareceu no corredor perguntando:
— O que está acontecendo aqui, gente?
— Nada, Isa! Eu e o Henrique precisamos muito conversar com a Karen. Diz para o pessoal que nós vamos já para lá, ok? — Enunciei puxando Karen para dentro do quarto de Henrique. — Vem, Henrique!
Logo que entramos no quarto, fechei a porta. Karen se sentou na cama e Henrique se sentou ao seu lado. Permaneci em pé na frente deles.
Alternando o olhar entre mim e Henrique, Karen falou com impaciência:— Vamos logo, desembuchem! Estou esperando uma explicação!
Devido à embriaguez em excesso de Henrique, achei melhor eu começar a falar:
— Karen, vou direto ao ponto! Eu e o Henrique não nos conhecemos no escritório há alguns meses. Estudamos juntos no colégio, época em que a gente ficou várias vezes e depois nos encontramos numa festa na época da faculdade. Depois dessa festa, nós realmente transamos. Mas aconteceu somente essa vez!
— Me desculpe, Sara, mas é muito difícil de acreditar que tenha acontecido apenas uma vez!
Ajoelhei-me aos seus pés, como quem implorasse, e disse com a voz um pouco trêmula:
— Mas é a verdade, Karen! Você precisa acreditar em mim!
Henrique tocou a coxa da noiva e corroborou:
— É verdade, amor!
— E o que foi aquele beijo que acabei de ver?! — Ela questionou ainda visivelmente chateada.
Virei meu olhar para Henrique e disse:
— Henrique...
Ele deu um longo suspirou e confessou:
— Foi uma estupidez minha, amor. Acho que a bebida me fez querer relembrar a época de colégio... sei lá! Desculpa, meu amor! Sei que errei!
— Sei... a bebida, não é? Sempre a bebida é a culpada... — Karen falou com a voz cheia de ironia.
— Acredita em mim, Karen! Não tenho nada com Henrique.
A situação beirava quase ao absurdo. Karen chateada com o noivo, achando que ele a tinha traído, só que quem era traidora da história era ela. E eu no meio desse emaranhado todo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DESVENDANDO O AMOR
RomanceNo passado, Sara teve um caso com Henrique. No entanto, ainda na época da faculdade, ela se aceitou lésbica. Anos depois, eles se reencontram no escritório de advocacia, onde passam a ser colegas de trabalho. Henrique quer reviver o passado, mesmo...