Capítulo Doze - Um sábado de despedidas

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Na manhã de sábado, acordei sentindo o calor emanado de uma pele quente aquecendo as minhas costas. Ao virar de lado, vi os cabelos castanhos ondulados deitados no travesseiro. Era Isabela. Passeei meu olhar pelo quarto e nada de Karen. Então, mais que depressa, levantei-me, enrolei meu corpo no lençol e saí do quarto. Andei pela casa atrás de Karen e, para minha tristeza, todos os ambientes estavam vazios. Ela tinha ido embora e sem se despedir.

Peguei meu celular de dentro da minha bolsa, que estava jogada no chão da sala, procurei o nome dela e fixei meu olhar no ícone do telefone. Ligo ou não ligo?! Eis a questão! Após alguns instantes de angústia devido àquela dúvida quase shakespeariana, desisti e abri o chat da rede social de mensagens. Evitando pensar muito sobre o que escrever, apenas digitei o que me veio à cabeça:

"Nem vi você saindo..."

Enviei a mensagem e me dirigi à cozinha. Enquanto fazia o café da manhã, vez ou outra, visualizava a tela do celular para ver se Karen havia respondido. No entanto, só obtive resposta quando já estava sentada à mesa, tomando um café bem forte.

"Desculpa sair sem avisar, Sara! Tive que vir embora, resolver umas coisas do trabalho e como ainda dormiam, não quis acordar vocês"

Não soube explicar, mas tive uma sensação muito forte de que o que ela disse não era verdade. Contudo, fingi que acreditava e comentei:

"Tudo bem. Queria ter me despedido de você! Afinal, ontem foi o último dia da nossa aventura...". Pus um emoji com a boca triste.

Prontamente, ela disse:

"Mas talvez tenha sido melhor assim. Quero dizer que foi muito bom enquanto durou!". Finalizou com um emoji de sorriso largo.

"Também achei! É uma história para ficar guardada para sempre, mas que nunca você poderá contar para seus netos!" No fim, coloquei o emoji de rindo muito.

Ela começou a mensagem com vários emojis de risada e seguidamente escreveu: "Certamente! Mas nossa aventura passageira ficará gravada para sempre em mim, pode ter certeza!"

"Preciso muito saber de uma coisa, Karen: você sabe que, inevitavelmente, vez ou outra, vamos acabar nos encontrando por aí. Você tem algum problema com isso ou quer que eu dê um jeito de sumir por um tempo da sua vida?

"Acho que somos adultas o suficiente para conseguirmos nos encontrar sem 'maiores danos', não acha?"

Não acho não! Apesar desse pensamento, respondi:

"Sim, com certeza! Mas você entende que eu precisava saber o que você acha sobre isso, não é?

"Entendo perfeitamente! Quem sabe a segunda tentativa de nos tornamos amigas não obtenha êxito?" . Ela finalizou com um emoji de sorriso contido.

"Espero que seja exitosa sim, porque não quero tirar você da minha vida!"

Instantaneamente, arrependi-me de ter enviado essa frase, posto que ela me pareceu muito intensa, apesar de que era mesmo aquilo que eu sentia. Não queria que Karen sumisse da minha vida.

"Vamos saber driblar isso direitinho, você vai ver!"

Pus um emoji de sorriso e escrevi:

"Espero que sim! Então, até qualquer dia desses! Beijo e bom final de semana.

"Até qualquer dia desses! E bom fim de semana para você também!"

Com o olhar fixo no enfeite da mesa da cozinha, soltei o celular, tomei a xícara de café entre as mãos e bebi o último gole com uma sensação de definitividade, que não me caiu muito bem. Senti o peito apertar e, de certa forma, a tristeza veio me fazer companhia, embora eu não quisesse assumir aquele sentimento.

Nesse instante, Isabela apareceu na cozinha, vestida com meu robe de seda e com os cabelos amarrados num coque desgrenhado no alto da cabeça, e disse um alegre:

— Bom dia!

Não tive como não deixar de abrir um sorriso com aquele cumprimento cheio de entusiasmo.

— Bom dia, Isa! Dormiu bem?

— Dormi maravilhosamente bem! — Ela respondeu se sentando no meu colo e eu lhe abracei a cintura.

Nós rimos juntas por causa do significado daquela frase e logo depois ela questionou:

— E a Karen, já foi embora?

— Já. Ela precisou resolver umas coisas de trabalho!

Apesar de eu achar o motivo mentiroso, repeti-o para Isabela.

— E você tem algum compromisso agora? — Ela perguntou com a voz manhosa, à medida que me acariciava o rosto. — Ou você pensa em voltar para a cama?

Naquela insinuação de Isabela, vi a oportunidade de parar de pensar em Karen. Então, resolvi entrar na sua brincadeira sensual e disse:

— Tenho um compromisso... — Notei que seu rosto se turvou de frustração. — Com você na minha cama!

Depois de dar um sorriso, ela me deu um beijo suave, que depois se intensificou tanto que chegou ao ponto de eu querer possui-la ali. Então, pedi para ela se sentar em cima da mesa. Abri o robe que lhe cobria o corpo e me encaixei entre suas pernas, chupando-a com vontade até arrancar do seu corpo um orgasmo arrebatador.

Em seguida, fomos para o meu quarto, onde continuamos o sexo que decorreu por horas dali em diante. A transa que tive a sós com Isabela foi bastante excitante e gostosa, no entanto, não dava para comparar com a química que havia entre mim e Karen. O sexo entre nós, além de excitante e gostoso, era envolvente, tórrido e suave, carinhoso e selvagem, ao mesmo tempo... enfim, chegava a ser quase mágico!

Além das horas de sexo, Isabela e eu fizemos um brunch e conversamos bastante. Ela acabou me confidenciando que estava namorando há dois meses com um rapaz que não morava na cidade, mas que não tinha certeza de que estava apaixonada por ele. Mais uma hétero complicada?! Deus, o Senhor deve estar de brincadeira comigo, não é?!

Já era quase três horas da tarde quando ela foi embora do meu apartamento. Ao nos despedirmos, ela me passou o número do seu celular e disse para marcamos de sair mais vezes. O tom com o qual ela falou deu a entender que a sua intenção para essas saídas seria sexual, afinal ela também era comprometida. Não sei se faria muito sentido me envolver com uma hétero curiosa para tirar da cabeça outra hétero curiosa.

Passei o restante do final de semana em casa, sem vontade de fazer muita coisa. Recusei, inclusive, convites para sair com algumas amigas. O domingo inteiro eu me revezei entre leituras e séries, não sem ter minha mente invadida pela minha história com Karen, se é que esse casinho efêmero pudesse ser chamado de história.

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora