Na quarta-feira, acordei sentindo a calidez do corpo de Karen abraçado ao meu de um jeito sutil e acolhedor. Como apreciava a sensação de tê-la em meus braços! Por alguns minutos, permaneci, com um sorriso na boca, admirando sua face que expressava uma paz que parecia indelével.
Ao pensar que poderia passar minha vida toda acordando ao lado dela e contemplando aquele rosto perfeito dormir, o sorriso fugiu dos meus lábios. Por que diabos estou pensando isso?! Que confusão em que fui me meter, hein?!
De repente, Karen se mexeu em meu braço e descerrou seus divinos olhos verdes. Resolvi parar de surtar e aproveitar os poucos dias que tinha com aquela mulher maravilhosa, antes de Henrique voltar de viagem. Deixei o sorriso fluir em meus lábios de novo e falei com a voz cheia de mansidão:
— Bom dia!
— Bom dia... — Ela desejou com a voz rouca, enquanto se espreguiçava. —Que horas já são?
— Seis e meia. Ainda é cedo! — Respondi, deixando meus dedos deslizarem pelo seu braço.
— Estou com uma dorzinha de cabeça... — Ela falou pondo a mão na testa. — Acho que o vinho não me desceu muito bem ontem, mas, mesmo assim, preciso ir embora. — Ensaiou se levantar.
— Vamos tomar café, ajuda a passar a dor.
— Mas preciso ir, tenho que trabalhar... e você também!
De um súbito, levantei-me, exclamando:
— Tive uma ideia! Ela é um pouco maluca, mas... ultimamente, estou sendo a rainha das ideias malucas!
— Qual é nova ideia maluquinha que passa por essa cabeça, hein? — Ela me questionou, sentando-se de frente a mim.
— A gente poderia não ir trabalhar para passarmos o dia juntas! Que tal?
— Não posso fazer isso, Sara! Tenho muitas coisas para res...
— Pode sim, Karen! — Eu a interrompi com empolgação. — Você é a dona! Pode tudo! — Falei com floreio na voz.
Ela riu do meu comentário e ficou em silêncio como se estivesse cogitando a possibilidade da minha ideia. Então, argumentei ainda mais:
— Pensa só! Nós ligamos para os nossos escritórios e dizemos que estamos doentes. Ninguém vai trabalhar doente! Aí, passamos o dia juntas! — Eu a olhava com uma cara de pedinte. — Poxa, Karen, nosso tempo está acabando!
Foi o argumento que faltava. Assim que acabei de falar a última frase, ela me olhou de soslaio, com um sorrisinho travesso na boca e enunciou:
— Está certo! Você me convenceu. Vamos pôr em prática sua ideia!
— Ótimo! — Exclamei, deixando meu sorriso ainda mais largo.
— Está na profissão certa, viu? Tem um poder de persuasão muito bom!
— Eu sei! — Gracejei, pegando na sua mão. — Vamos tomar um banho e depois um café para espertarmos a criatividade para as nossas mentirinhas?!
Ela sorriu sacudindo a cabeça, enquanto me seguia até o banheiro. Após o banho, dei um robe de seda para ela usar e pus outro em mim. Em seguida, fomos à cozinha, onde fiz um café bem forte para ela, o que ajudou a passar sua dor de cabeça.
Depois de alimentadas, retornamos ao quarto para efetuar as ligações para nossos respectivos escritórios, visto que nossos celulares estavam dentro das nossas bolsas. Para fazer as ligações, ela se sentou na cama e eu fiquei em pé próximo à porta. Desligamos os celulares quase ao mesmo tempo. Ao deixar seu aparelho na mesinha de cabeceira, ela comentou:
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DESVENDANDO O AMOR
RomanceNo passado, Sara teve um caso com Henrique. No entanto, ainda na época da faculdade, ela se aceitou lésbica. Anos depois, eles se reencontram no escritório de advocacia, onde passam a ser colegas de trabalho. Henrique quer reviver o passado, mesmo...