Capítulo Dezessete - Declarações

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Encontrar Henrique na segunda-feira foi um pouco constrangedor, entretanto, tentei fingir normalidade, como se nada tivesse acontecido no sábado anterior. Por mim, não tocaria nunca mais no assunto. No entanto, no meio da manhã, ele me encontrou na copa e, quando ficamos a sós, comentou:

— Desculpa, Sarinha, mas tenho que falar: não paro de pensar no que aconteceu! Nossa! Foi maravilhoso, incrível, apesar de eu ter ficado um pouco frustrado por não... você sabe. Você fugiu de mim o tempo todo, mas...

Claro, seu bobo, desejo a tua noiva! E não você!

Com o rosto embaçado de seriedade, eu o interrompi com a voz firme:

— Acho melhor você parar de pensar e esquecer essa frustração idiota. Estou falando sério, Henrique. Nada vai acontecer entre nós! Nem outra transa com elas! Onde você ainda não entendeu que sou lésbica?! Gosto de você e quero muito que nossa relação seja bastante amigável, mas se você continuar com essas paqueras... paqueras, não, assédios, vou tomar minhas providências!

Ele se mostrou surpreso com a minha sisudez e disse meio desconcertado:

— Desculpa, Sara! Prometo que vou parar. Mas é porque, você sabe, que isso é a fantasia de dez entre dez homens, não é? Ainda estou meio sem acreditar.

— Não quero nem saber se é fantasia de homem ou não! Se quiser que mantenhamos uma boa relação, você vai ter que parar com isso. Além do mais, você é noivo, poxa! De uma mulher maravilhosa como a Karen! Calma, não posso me empolgar!

— Eu sei, eu sei. — Ele falou expressando um semblante preocupado. — Mas nossa relação não é mais a mesma, sabe. Não sei o que está acontecendo. Ela está tão... eu também não estou... bom, não vou enchê-la com nossos problemas de casal.

Quando é para falar você não fala, não é, Henrique!!! Ele saiu da copa me deixando curiosíssima para saber mais sobre como estava a relação deles.

***

Três semanas se passaram sem que eu tivesse notícias de Karen. Uma vez que julguei que ela precisava de um tempo para voltarmos a nos falar e sermos apenas amigas, eu também não tive coragem de entrar em contato com ela. Respeitaria o seu tempo. Contudo, esse afastamento não impediu que ela estivesse comigo todos os dias. Estava presente em minha vida nos pensamentos e no meu coração. Não importava a hora do dia, vez ou outra, ela aparecia e ora me fazia sorrir, ora me excitava e ora deixava meu coração apertado.

Na sexta-feira após as três semanas, havia chegado do trabalho e, depois de tomar um banho relaxante, deitei no sofá para continuar a leitura de um livro que vinha tentando ler. Havia outra vez recusado um convite para sair com amigos. Além de cansada, não conseguia me entusiasmar com nada que não envolvesse Karen.

O sono me bateu e acabei cochilando com o livro aberto sobre o peito. Não sei quanto tempo depois, acordei sobressaltada por causa do toque do interfone. Com o coração agitado, devido ao susto, fui atender ainda meio desnorteada. Quem é a uma hora dessas? Não acredito que a Cláudia veio até aqui querer me convencer de sair? Claudia era a amiga que havia me convidado para uma balada. Era o tipo de amiga que costumava ir até a casa das pessoas quando estas recusavam seu convite.

— Dona Sara?

Era a voz inconfundível de Seu José.

— Oi...

— Dona Karen está aqui embaixo querendo falar com a senhora.

Karen?! Meu coração pulou tanto que parecia que ia rasgar o peito e cair no chão. Senti como se meu sangue tivesse se esvaído por completo e minhas pernas ficaram bambas. As mãos, essas ficaram um gelo.

DESVENDANDO O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora