🍁 Capitulo 19

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Josh On

Uma morena com um corpo espetacular veio até mim, se sentando em meu colo e me entregando meu copo cheio de whisky. Pelo jeito que eu me sentia, podia deduzir que aquela já era minha décima dose, mas eu não estava contando, não me importava. A bebida forte descia como água, já nem irritava mais minha garganta, que ardia levemente. Meu mundo estava instável, eu tinha certeza que, se me levantasse do sofá sujo do bar onde me encontrava, ia cair de cara no chão. Além da garota em meu colo, havia mais duas comigo, uma de cada lado. Elas não falavam muito, apenas acariciavam meus músculos e distribuíam beijos em meu rosto e pescoço, ás vezes brincando comigo e me fazendo sorrir. Não acho que aquilo estava sendo muito difícil pra elas, pois a julgar pelos outros homens presentes no local, não era sempre que recebiam clientes com menos de cem quilos.
Eu e Lamar tínhamos nos metido no bar mais sujo de toda aquela cidade. O ambiente era escuro e cheio de fumaça de cigarro, tornando difícil a respiração lá dentro. Muitos caminhoneiros velhos e acima do peso se distribuíam pelas mesas, conversando alto e bebendo canecas gigantes de cerveja uma atrás da outra, como se o mundo estivesse prestes a chegar ao fim. Dava pra ver que as mulheres que estavam por ali não eram boa coisa, a maioria eram prostitutas baratas, desfilando em seus vestidos curtos e saltos altos como se fossem a coisa mais quente andando no planeta. Não eram. Mas as outras, como as garotas que me acompanhavam, eram empregadas do bar e não prestavam nenhum tipo de serviços sexuais... A não ser que quisessem, é claro.

– Você não acha que já bebeu demais, meu bem? – uma delas perguntou, acariciando levemente meu bíceps.

– Não – respondi, curto e grosso, virando o líquido do copo de uma vez goela abaixo. Fiz uma careta e devolvi o copo à mulher em meu colo, que entendeu o recado e foi até o bar enchê-lo novamente.

– Um homem tão bonito como você não deveria estar tentando afogar as mágoas em um copo de bebida num bar sujo como esse – ela murmurou e eu virei meu rosto em sua direção, deixando nossos lábios próximos demais. Seus olhos azuis me fitavam atentamente e, eu notei, estavam carregados de pena.

– Quem disse que estou tentando afogar as mágoas? – perguntei, sorrindo de canto. Ela não me conhecia, não sabia de nada.

– Então está tentando esquecer alguém – arqueou as sobrancelhas, me encarando com superioridade.
Ela estava certa, eu estava tentando esquecer alguém... Any. Minha princesa. Aquela patricinha idiota e mimada que, de algum jeito, tinha me fisgado. Era frustrante, sabe? Eu me sentia tão confuso em relação á ela. Eu a desejava, mas não conseguia suportar aquele seu lado petulante e teimoso que, por outro lado, eu achava completamente adorável e sexy. Quando ela sorria, eu duvidava que existisse qualquer coisa no mundo mais bela que seu sorriso e eu poderia ficar horas apenas a observando enquanto ela dormia. Tinha sido maravilhoso acordar com Any em meus braços, eu tinha me sentido feliz e completo como há muito tempo não me sentia, mas também tinha ficado um pouco assustado. Eu não deveria estar tendo aqueles tipos de pensamentos a seu respeito, não deveria amar seu sorriso ou o modo como ela tinha suspirado meu nome quando fizemos amor. Eu precisava esquecê-la.

Lentamente inclinei meu rosto pra frente, colando meus lábios aos da desconhecida em minha frente. Ela não tentou se afastar, então tomei aquilo como um sinal. O beijo começou lento, nossos lábios mal se tocavam, mas logo a intensidade foi aumentando e eu segurei seus cabelos. Ela não hesitou quando minha língua pediu passagem, o que me fez sorrir entre o beijo. Seus lábios tinham gosto de álcool e cigarro, e quando notei isso foi que percebi que havia alguma coisa errada. Muito errada. Aquilo não se encaixava, o gosto daquele beijo não era certo, a textura dos lábios não era a que eu tanto queria. O que estava errado ali era que aquela mulher não era Any . Por que eu estava fazendo aquilo, afinal? Um beijo não me faria esquecer Any, pelo contrário, só tinha me feito querê-la ainda mais... Se é que aquilo era possível. E daí que não era fácil? E daí que Silvio me mataria se descobrisse sobre nós dois? Qual era a pior coisa que aconteceria se eu, pela primeira vez na vida, resolvesse confiar em meu coração? Eu poderia acabar magoado, sim, mas eu nunca saberia se não me arriscasse.

O Caipira| BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora