15 anos antes
Minha mãe trabalhava em um hospital perto de casa, e como não tinha ninguém pra ficar comigo a tarde depois da escola, eu ficava no hospital com ela.
Geralmente, eu ajudava na parte infantil, e conseguia me interagir bem com as outras crianças.
Até que um dia, uma família chegou no hospital. Eles tinham acabado de sofrer um acidente de carro. Não me deixaram ver o homem e a mulher, só sabia que o homem estava em coma, e a mulher em estado de risco.
Já o menino, tinha alguns ferimentos, como uma pancada na cabeça, o braço quebrado e outros arranhões menores. Ele ficou em um dos quartos, desacordado.
Acabei recebendo o pedido de uma enfermeira para ficar no quarto e avisasse quando ele acordar.
No início, minha mãe não gostou da ideia, mas acabou cedendo por achar que seria um lugar mais tranquilo de ficar.
Fiquei dois dias esperando ele acordar, e ficava cada vez mais ansiosa. Geralmente, eu fazia as lições da escola, e admito que a matéria que menos gosto é matemática, prefiro português, e quem sabe um dia não viro escritora.
Voltei minha atenção novamente para o caderno. Algumas vezes parava e olhava para ele, só pra saber se ele acordou, seu nome era Rafael, e não sei de onde era, nunca o vi na minha escola. Depois de já não aguentar mais fazer uma conta se quer, levantei e observei ele mais de perto. Fora as características que via-se de longe, percebi que tinha uma cicatriz bem escondida na testa, mais exatamente encima do olho direito, como estava bem recente, deduzir que fosse por causa do acidente.
Claro que me afastei, se ele acordasse eu ficaria muito vermelha, e acho que não seria uma boa impressão, então bufei, e voltei para o meu lugar.
Três horas se passaram, e finalmente ele acordou, fiquei tão feliz, mas apesar disso, ele me tratou mal. Claro que fiquei extremamente chateada, mas fui chamar a tia Laura, que foi direto pro quarto.
Infelizmente, esqueci minhas coisas lá e tive que voltar para pegar. Quando entrei, a tia Laura já tinha saido, só olhei pra ele quando entrei, e ele pareceu não me notar. Ótimo.
Tentando ser o mais discreta possível, arrumei minhas coisas, sem olhar pra ele em nenhum momento, e sai.
- Você vai voltar amanha?- ouvi uma voz antes de chegar a porta, e me virei. Sim, ele tinha falado comigo, e olhava com uma certa esperança para mim.
-Como?- respondi, incrédula.
- Você vai voltar amanha?- repetiu calmamente, e percibi em seu olhar que estava sendo sincero.
- Claro. - respodi com um sorriso desta vez, e um sorriso tímido apareceu em seus labios.
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Agora
Como sempre, eu estava sozinha em casa. E não tinha nada para fazer, nem dormi iria conseguir agora. Tomei um banho, tendo a esperança de que a água pudesse levar para o ralo toda a minha preocupação.
Ter encontrado o Leonardo não foi muito bom. Ele me abandonou no momento que mais precisei, e isso só piorou tudo.
Os meus avós ou estavam mortos ou nunca falaram com os meus pais. Eu só conhecia uma tia, que acabou se mudando para outro país, e nunca mais tive contato com ela, e sei que não fazia questão do mesmo.
O sentimento de solidão foi o principal fator que me fez entrar em depressão, a única pessoa que me ajudou foi a antiga amiga da minha mãe, a Laura.
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Apaixonei pelo Nascer do Sol
RomanceEla, 25 anos, e vive sozinha. Trabalha como programadora de jogos, mas se vê atolada em dividas. Tenta manter as aparências, mas os pesadelos a perseguem desde a morte de seus pais. Ele, dono de uma empresa de jogos, ex-espião, mas que nunca esquece...