Capitulo 30 - Aurora

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Naquele momento, tinha certeza que eu estava em um lugar diferente, mas não me sentia segura para abrir os olhos.

Tinha medo de abri-los e descobrir que ainda estava longe do Rafael, sozinha mais uma vez, e ,apesar de menores, os ferimentos ainda doíam, e eu continuei lembrado do que aconteceu e pensando se o Rafael não tivesse vindo.

Acabei levando um susto quando alguém abriu a porta no momento em que eu lembrei disso, e só melhorei um pouco quando percebi que era o Rafael, mas ele acabou percebendo que havia algo estranho comigo.

-Desculpa por ter te acordado.- ele disse, se aproximando da minha cama. Aproveitei para olhar em volta, e reconheci que estava em um hospital.

-Eu já estava acordada. - felizmente minha voz saiu normalmente, mas tive que me esforçar um sorriso. - O que os médicos falaram?- tentei desviar a atenção, porque que levantei a mão percebi que estava tremendo.

-Eles pediram para chamar alguém quando você acordasse, mas que seria melhor você descansar.

-Então já posso ir embora depois que eles me vissem? - perguntei mais ansiosa do que pretendia, e ele levantou uma sobrancelha de surpresa.

-Acho que sim, mas eu não sabia que você não gostava mais de hospitais.

-Depois que a minha mãe morreu, comecei a me senti estranha em um, mas antigamente, eu passei a não ir no hospital em que a minha mãe trabalhava depois que você foi embora. - esse era um assunto um tanto quanto delicado, e acabei focando em minhas mãos para evitar o seu rosto.

-Sinto muito por tudo. - ele falou, acabei olhando pra ele e seus olhos estavam focados em mim com uma expressão de total tristeza. - Por ter te colocado nesta situação, por não ter ficado com você antes disso.

-Eu que fiz isso comigo. - interrompi, e ele desviou os olhos de mim. - Eu que me entreguei para eles, e quer saber. - falei pegando seu rosto e forçando ele olhar em meus olhos. - Sou a única que deve se sentir culpada aqui, por te deixar assim, mas você foi atrás de mim, e acho que não tem ideia de quanto isso foi importante.

Subitamente, comecei a tremer, e nem percebi que lagrimas caiam dos meus olhos, mas antes que ele falasse alguma coisa, continuei.

-Eu fiquei com medo de que você não chegasse, e me arrependi por um momento do meu plano, até me lembrar o porquê o fiz: você estava se afastando de mim, acabei descobrindo um pouco mais tarde dos bilhetes, mas sei que quanto mais você recebia eles, mais você se afastava por tentar resolver isso. É egoísta pensar assim, mas eu não queria que você se fosse para longe de mim de novo.

As lágrimas já caiam sem parar e eu inutilmente tentava para-las, minha voz mal saia, e não consegui continuar. Ele chegou mais perto de mim, limpando meu rosto, e me abraçou, deixando que minha cabeça descansasse sobre seu ombro.

Ficamos um tempo sem falar nada, acho que ele deixou esse momento para eu me acalmar.

-Agora eu deixo você falar "Sinto muito" se você nunca mais sair de perto de mim. - falei por fim, e apesar dele rir, me apertou ainda mais em seus braços.

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1 mês depois

Durante aquele mês, logo depois do começamos a chamar de "acidente",passei a ter pesadelos com aquilo, no qual o Rafael nunca aparecia.  Sempre acordava assustada, e na maioria das vezes, não conseguia dormir depois.

Apesar de eu não ter falado isso pra ele, depois de um tempo ele percebeu que passei a não dormir direito, e acabei desconversando. Claro que ainda me sinto culpada por isso, mas fora isso,  estamos tão felizes junto.

Apesar de tudo, faz pouco tempo que ele parece estar meio desligado de tudo, e quando pergunto ele apenas diz que esta pensando. Isso parece inofensivo, mas só piorou meus pesadelos, a ponto da Suzanna perceber que eu estava estranha.

- O que você tem? - ela todo dia perguntava, e depois de três vezes respondi.

-Não conta isso pro Rafael, são só pesadelos.- depois disso, ela não perguntou, mas começamos a ficar mais próximas, foi bom de certa forma, só depois de um tempo contei pra ela tudo o que aconteceu.

Ela foi bem compreensiva quando contei, e ela disse que não contaria para o Rafael, mas também disse para eu não me sentir assim. 

Depois de pensar tanto sobre o ultimo mês, agora estou no cemitério, visitando o tumulo de meus pais. Meu refúgio, um lugar onde me sinto estranhamente calma.

Comentei com o Rafael que iria fazer isso, ele pensou em me acompanhar, mas não aceitei, eu realmente queria ficar sozinha, com meu habito de conversar sozinha, imaginando que meus pais estejam ouvindo. Claro que isso é extremamente infantil, mas acontece.

E não foi apenas o que aconteceu desde o ultimo mês que falei, foi tudo desde que eles se foram, e a medida que ia falando, eu chorava, mas não me preocupei, porque eu sabia que eu me sentiria bem melhor depois, minha mãe me sempre falava isso.

Depois de quase duas horas, eu me levantei para ir embora, e antes de sair do cemitério encontrei o Rafael.

-Eu disse que não precisava vir. - falei normalmente.

-Eu sei, por isso apenas fiquei te esperando.

-Tube bem então, apenas vamos embora. - falei, mas ele entrou na minha frente antes de eu passar, foi quando percebi que ele parecia estar inquieto com alguma coisa. - O que foi? - perguntei.

-Olha, seu que não tenho te atenção, e não preciso ser adivinha pra saber que você não esta bem, então comecei a pensar em uma coisa que eu já queria fazer a muito tempo. - ele estava bem agitado, e seu sorriso me fazia sorrir também.-Não posso criticá-la por não me contar sobre isso, mas gostaria que você me contasse.

-Desculpa. - murmurei.

-Sei como se sente, também tenho medo que você desapareça.-ouvi-lo falar aquilo me fez corar, e se ele não estivesse segurando meu queixo, com certeza eu tentaria esconder o meu rosto. - Quero te proteger com tudo que tenho, tenha certeza que eu iria atrás de você não importa onde estivesse, eu te amei desde quando nos conhecemos no hospital, e agora ainda mais. Doi meu coração vê-la assim, e quero fazer o possível pra voltar a ver seu tão doce sorriso.

Por um momento ele parou de falar, e começou a procurar algo no bolso, mas não conseguir ver o que era.

-Demorei muito pra encontrar algo que fosse perfeito para este momento, mas consegui. - ele me mostrou a caixa, e a abriu na minha frente de joelhos. era um anel de ouro, com uma pedra no centra, e tinha uma faixa de pequenas pedras que contornava a circunferência do anel. - Depois de 15 anos te achei, acabei te colocando em perigo, mas, mesmo assim, você quer casar comigo.

Não preciso dizer que o anel era lindo, assim como também não preciso dizer que um enorme sorriso se abriu, ou também que eu fiquei momentaneamente sem palavras, minha unica reação foi me jogar no pescoço dele, abraçando-o, respondendo em seu ouvido:

-Sim.- e logo em seguida,ele me levantou, ainda me abraçando e logo em seguida, o beijo, eu parei apenas para dizer: -Da próxima vez que você não me der atenção eu vou te bater. 

Estávamos em um cemitério, rindo histericamente, logo após de uma pedido de casamento, e logo pensei que não havia o porquê de eu me preocupar com o passado nem com o futuro, e focar no presente, para viver a alegria de momentos como este.


Apaixonei pelo Nascer do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora