vidas cruzadas

CAPÍTULO 10

sábado
16:00hrs

elise

saí de casa depois que minha mãe me chamou, fui direto pra boca, falei com uns cara dali e entrei na sala dela.

ela era dona do morro do dendê, esse morro era tudo pra ela, mais que eu e meu irmão.

elise: fale - falei fechando a porta-

rafaela: tá bem? -falou se levantando-

elise: que foi rafaela -falei e ela veio até mim-

rafaela: to querendo saber de tu -tocou no meu rosto e eu tirei a mão dela-

elise: saber de mim? -perguntei sarcástica- tu nem liga pra mim, tu nunca vai na minha casa, pergunta como foi meu dia, meu curso, pergunta alguma coisa? tu só quer saber da porra desse morro

rafaela: olha a boca elise -falou apontando pra mim- te criei assim?

elise: criou -falei alto- tu me criou assim sim, isso é culpa tua, eu me torna isso aqui, te odiar como a pior pessoa do mundo, a única pessoa que me faz bem, é o Leonardo.

ela ficou me olhando e a porta abriu, olhei pra ela e vi meu irmão.

L2: que foi em? -falou fechando a porta- qual foi rafaela?

rafaela: chamei ela pra conversa e ela vem nessa -falou se sentando-

elise: eu nunca vou ter um papo bom contigo -falei apontando pra ela- pra mim, eu não tenho mãe.

L2: qual foi elise -falou me segurando e eu me soltei, saindo dali-

bati a porta com força e me segurei pra não chorar, desci o morro e ouvi chamarem meu nome, olhei pra trás e vi meu irmão.

L2: caralho, deixa ela -faloy chegando mais perto- pra que tu foi?

elise: não sei, Leonardo - falei deixando uma lágrima cair- não sei

ele veio mais pra perto e me abraçou, chorei ali com ele alisando meu cabelo.

eu sentia saudade dela, das vezes que ela me colocava pra dormi, quando ela me levava na escola, de tudo.

sinto saudade de uma companhia materna e paterna, mas nenhum dos dois eu pude ter por muito tempo.

elise: eu sinto saudade dela, Leo -falei e ele respirou fundo-

L2: ela não mais a mesma, elise -falou e eu me soltei dele- consegui o número do moleque

sorri fraco e ele me deu um papel, tinha pedido pra ele tentar conseguir o número do GB, não podia dá o meu na hora.

apesar de ser de morro inimigo, tinha outras coisas, adicionei o número dele e fui indo pra casa.

entrei e me joguei no sofá, vi que ele tava on e fui mandar mensagem.

mensagens on📱

elise: eai gb

- que foi? quem é?

elise: que grosseiria em

- fala logo, Caraí

elise: mais educação por favor

- enfiei no cu, que pena, fala logo

elise: elise, gato

- elise?

elise: é, consagrado, da praia

- tava te gastando, besta
- mas eai, tranquila?

elise: tranquila, e aí?

- suave, vou piar aqui, flw

mensagens off📱

respondi ele e coloquei o celular de lado, tava sem nada pra fazer e tava no maior cansaço.

ouvir a porta abrir e olhei pra ela vendo o amigo do L2.

Jv: L2 tá por aqui? -falou e eu neguei- jae

ele ia saindo, mas chamei a atenção dele e ele me olhou.

elise: tá com medo do meu irmão, Jv? -falei em tom de deboche e ele negou-

Jv: tu acha isso? -perguntou e eu dei de ombros- não

a gente tinha ficado umas vezes e em uma delas, meu irmão viu, deu a maior treta e acabou que a gente nunca mais se falou.

elise: jae então -falei e ele fechou a porta-

voltei a olhar pra televisão, desligada, e fiquei ali, pensando no que ia fazer.

acabei que não fiz nada e fui pro quarto dormi, tava cansada e nem tava afim de sair.