O ódio que eu senti pelo pai do Claudio quando ele roubou o dinheiro do meu amigo, não era nada comparado ao que eu estava sentindo no momento.
Claudio sempre foi uma boa pessoa, ele sempre acredita no lado bom das coisas, muitas vezes chega a ser inocente, por isso eu peguei a missão de protegê-lo, porque se eu não fizer isso, ninguém mais faria.
Quando ele termina de me contar tudo o que aconteceu, eu o abraço e prometo que vai ficar tudo bem. Esta me matando ver ele ali no chão, se sentindo destruído, eu o ajudo a levantar e o coloco na minha cama.
- Fica aqui - Eu falo para ele e saio do quarto, mostrando tranquilidade.
Tranquilidade que só dura ate eu fechar a porta, meus pais estavam na sala, sem saber o que estava acontecendo. Eu vou ate eles, meus punhos estavam fechados, eu queria quebrar alguma coisa, bater em algo, ou melhor, em alguém.
- Eu vou matar aquele filho da puta com minhas mãos - falo baixo, só para os meus pais ouvirem.
- Que isso, meu filho? - minha mãe pergunta, assustada com o ódio que ver no meu rosto.
- O que foi moleque? - meu pai perguntou ao mesmo tempo em que ela.
- Aquele filho da puta, o pai do Claudio expulsou ele de casa. - Eu falava andando de um lado para o outro - Não é só isso, ele o humilhou, mas não vai ficar assim, eu o avisei.
Eu vou em direção a porta.
- Airton segura ele - minha mãe manda e meu pai logo aparece na frente da porta, me impedindo de passar.
- Pai...
- Senta agora, Marcelo - Minha mãe manda atrás de mim.
Eu encaro meu pai parado na porta, implorando com os olhos que me deixasse passar, mas ele não deixa. Respiro fundo e volto para o sofá.
- Agora nos conta o que aconteceu, com calma e com detalhes - ela manda.
Eu começo a falar, mas sem tantos detalhes quando o Claudio tinha me contado. Meu pai ouvia em silêncio enquanto minha mãe fazia seus comentários baixinhos, xingando aquele filho da puta, em outro momento seria ate engraçado.
Quando terminei de falar, minha mãe olha para o meu pai. Eu conheço esse olhar, eles estavam conversando sem dizer uma só palavra, então meu pai solta um suspiro.
- Ele fica aqui - meu pai começa a falar - a gente já devia ter feito isso faz tempo, esse garoto já sofreu demais com aquele bêbado.
Eu abro um sorriso, meu pai não gosta de falar xingamento, então "bêbado" é um xingamento e tanto.
- Mesmo ele sendo bi? - eu conheço meu pai, mas precisava ouvir sua resposta, tranquilizar meu espírito.
- Meu filho, isso fez diferença na sua amizade com ele? Para mim, nada mudou, ele ainda é aquele garoto que ia pro sítio com gente e não saia debaixo do pé de goiaba.
Eu levanto e o abraço, minha mãe nos olha com admiração.
- Amanhã antes de ir pro sítio, eu vou falar com o pai dele - Meu pai me avisa, eu o solto e confirmo com a cabeça.
Então eu volto para o quarto, Claudio continua do mesmo jeito que eu deixei, parecia que ele estava congelado, meus pais vêm atrás de mim, só assim ele se mexe.
- Você fica aqui - Minha mãe fala para ele e o abraça. - essa casa sempre foi sua.
- Vai ficar tudo bem filho - Meu pai diz.
Depois os dois saem do quarto me deixando com Claudio, eles sabiam que meu amigo precisa apenas de mim naquele momento.
- Pronto, agora é oficial, tenho um colega de quarto. Só não peida muito tá.
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Antes da Web
Short StoryMarcelo e Claudio se conhecem desde sempre, cresceram na mesma rua de uma cidadezinha do interior, eles sempre foram amigos. Voces conhecem como sua vida acontece quando eles saem da cidade, suas aventuras "Na Web", mas agora irá conhecer o que ac...