Capítulo 4

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Calum

Abro a porta enquanto esfrego o meu olho com a mão para encontrar o Ashton à minha frente. A Charlotte está ao seu lado, para não variar - aqueles dois, às vezes, parece que são gémeos siameses -, mas é o sorriso suplicante nos lábios dele que me faz franzir o sobrolho.

-Já partiste as baquetas novas? - suspiro, cruzando os braços à frente do meu peito. - Tu se não existisses, tinhas que ser inventado.

-Prometo-te pela minha vida que não parti as baquetas! - exclama ele.

A Charlotte faz que não com a cabeça na minha direção, como que a corroborar as palavras dele, mas rapidamente desvia o olhar. Vai sair asneira.

-O que é que tu fizeste, então? - pergunto-lhe, tornando a olhar para ele.

-Perdi o dinheiro que tu me deste, - diz o Ashton muito rapidamente, antes de virar costas para não me ver enfurecido.

Arregalo os olhos.

-Tu só podes estar a gozar com a minha cara. Como é que tu perdes dinheiro?

-Deixo-o no restaurante onde provavelmente assumem que é uma gorjeta bastante generosa.

Com um suspiro, pego num casaco, nas chaves, no cartão de crédito e no telemóvel e digo aos dois para irmos ao shopping, à loja de música onde o Ashton compra sempre as suas baquetas desde que aprendeu a tocar bateria. Pelos vistos, a Emily está determinada a seguir em frente com o plano que fez com o Ashton ontem à noite de ir com ele à loja de música, uma vez que a encontro no banco de trás do carro dele.

-Bem, eu vou a pé para casa que tenho que acabar uma música para enviar ao Stephen, - diz a Charlotte. - Até logo.

-Se já vais embora, porque é que sequer vieste? - perguntei, franzindo o sobrolho.

-Nada de mais, o Ash é que achava que ia ser mais fácil de tu o perdoares de visses uma cara bonita logo de manhãzinha, - ri-se.

Rio-me com ela.

-Só se for a tua cara, Char.

-Oh, mas que querido, este meu Calum!

Dou-lhe um abraço rápido e entro para o carro, sentando-me no banco à frente da Emily. Ela move-se imediatamente e inclina-se para a frente de maneira e ficar com a sua cabeça entre a minha e a do Ashton, que está a ligar o carro.

-Existem mesmo lojas de música? - pergunta ela. - Vocês têm a certeza absoluta de que não existem só nos filmes e no vídeo da So What?

-Absoluta, cara Emily, - ri-se o Ashton. - Vou lá praticamente todos os fins-de-semana desde que me ensinaram a tocar bateria.

-Falas como se fosses lá porque é espetacular, mas a verdade é que tu só vais porque tens que comprar mais baquetas, - replico.

O Ashton encolhe os ombros.

-Não importam os motivos, ao menos o rapaz é leal, - a Emily pisca-me o olho.

-Leal que nem um cão, - acrescento, rindo-me.

A Emily fita o Ashton durante uns momentos, como se estivesse a analisá-lo.

-De facto. Ele tem ar de São Bernardo, sabias?

O Ashton abre a boca em forma de indignação, enquanto eu e a Emily temos que nos encostar às costas dos assentos de nos rirmos tão ruidosamente.

-Vocês são as piores pessoas que eu já conheci, principalmente quando estão juntos.

A Emily torna a inclinar-se para a frente, apoiando o seu cotovelo no meu ombro, e olha diretamente para o Ashton.

Lost In My Skin • Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora