Capítulo 25

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Emily

Dizer que esta semana foi uma tortura não passaria de um eufemismo. Apesar de saber que foi a melhor decisão a tomar para ambos, não ter a presença do Calum a um toque de distância é a coisa mais dolorosa que eu poderia ter imaginado.

Não consigo dormir. Todas as minhas noites são passadas a virar-me e a revirar-me na cama, a tentar adormecer, mas os meus pensamentos falam mais alto que a minha vontade de dormir. Se durmo cerca de meia hora por noite, já é muito.

-Se calhar se falasses com ele as coisas resolviam-se mais rapidamente, - diz-me o Dylan quando lhe conto isto.

Também tenho andado a falar mais com o Dylan. Apesar de não o conseguir perdoar pelo que ele me fez por mais que me ajude, é a única pessoa com quem posso falar neste momento, pois é a única pessoa que não tem uma ligação ao Calum e que, como tal, vai ouvir tudo o que eu tenho a dizer sem começar a falar sobre ele e como ele deve estar.

-Não consigo falar com ele, - suspiro. - Vim-me embora e nem lhe disse nada; só lhe deixei um bilhete em cima da secretária. Ele nem me deve querer ver à frente.

-Ei, tu também não me querias voltar a ver à frente. E olha onde estamos, - relembra ele.

Levanto as sobrancelhas.

-E já se passou um ano. Só se passou uma semana desde que vim embora, Dylan. Acredita, ele está longe de me perdoar.

-Isso é o que tu te dizes a ti própria para não te sentires melhor. Enquanto não admitires em voz alta a falta que ele te faz, vais continuar a arranjar desculpas e esta situação vai-se continuar a arrastar. E tu sabes que eu tenho razão.

Baixo a cabeça, evitando o seu olhar, enquanto brinco com os meus dedos.

-O que é que queres que faça?

-Ligares o teu telemóvel era capaz de te ajudar.

Apesar do seu tom de voz, percebo pelo seu olhar que não está a brincar quando me diz isso. Ainda não liguei o telemóvel desde que embarquei, pelo que só posso imaginar que esteja a explodir de mensagens não lidas, chamadas não atendidas e mensagens de voz.

-Anda lá, Emmy, não te custa nada. Vou buscar café para mim, queres que te traga?

-Sim, por favor.

Não que esteja com vontade de comer ou beber seja o que for - sinto-me automaticamente mal-disposta depois de comer -, mas quero estar sozinha para fazer isto. O Dylan pega nas chaves e sai pela porta, deixando-me sozinha na sua sala de estar para ligar o telemóvel.

Quando o faço, a quantidade de tentativas da Charlotte e do Zach supera - esmagadoramente - a do Calum. Tal como eu previra. O Calum não me deve querer falar.

Oiço então a mensagem de voz que ele me deixou há menos de uma semana atrás.

-Oi, Emily, É o Calum. Se ouviste as minhas outras mensagens de voz, então sabes que eu estava absolutamente furioso contigo. Mas estive a falar com a Char, e... ela tem razão. Isto não é sobre mim. É sobre ti. E se achas mesmo que estar longe de mim é o melhor para ti, então não te posso impedir. Fica bem, Emily.

As lágrimas queimam-me os olhos, e faço o meu melhor para as impedir de caírem enquanto abro a mensagem de voz mais recente da Charlotte. É de ontem.

-Em, é a Char. Vou-te mandar um link por mensagem. Por favor vê o vídeo e depois diz-me alguma coisa.

Como ainda não pedi ao Dylan a sua nova password da Internet, ligo o seu computador e coloco o link que ela me enviou no motor de busca. Franzo o sobrolho ao ver o título do vídeo de YouTube - "Calum Hood - Cover de Brisbane" -, mas vejo na mesma.

Lost In My Skin • Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora