Fazia algumas horas que começou a chover, mesmo assim a chuva não demonstrava sinal de que iria passar tão cedo. Lívia estava bêbada demais para se incomodar em ir embora naquele temporal, seus pés doíam de tanto que havia dançado, embora tivesse se divertido no começo da noite. Era engraçado como tudo havia terminado daquele jeito, se arrumou tanto para aquela festa, estava disposta a encontrar Rafael, tinha certeza de que desta vez o seduziria, não entendia como tudo poderia ter dado tão errado, por que ele não conseguia enxergá-la? Ela era bonita e inteligente se Sophia não tivesse aparecido com certeza eles estariam juntos.
Um feixe de luz cortou o céu noturno clareando brevemente tudo ao seu redor, não fazia ideia de que horas eram, mas tinha certeza de que já havia passado da meia noite, assustou-se com o barulho do trovão e caiu de joelhos no chão ralando-os e desfiando sua meia calça nova, "Maldição era só o que me faltava", com certeza iria descontar todo seu infortúnio em Sophia na segunda feira, aquela garota iria pagar por ter arruinado a sua noite. Outro relâmpago iluminou à noite, naquele momento ficou sóbria, não sabia direito onde estava, olhou para os lados desesperada para reconhecer alguma coisa, mas nada lhe era familiar, não havia nada ali, a rua estava deserta.
Lívia sentiu algo incomum alguém a observava, tinha certeza disso, olhou para os lados assustada, mas só havia a escuridão à sua volta encostou-se no portão de um parque que devido a hora estava fechado, olhou para dentro e sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha, apenas uma coisa lhe veio à mente, tinha que correr pela sua vida, era como um instinto de sobrevivência não sabia o motivo daquela sensação, mas tinha que obedecê-la, correu como nunca, fugia de algo que não podia ver, nem ao menos sabia quem era seu perseguidor, podia ser apenas sua imaginação lhe pregando uma peça, "É só um vulto", mas o sentimento da morte se aproximando era real demais. Dizem que quando o fio da vida está para ser partido, todas as nossas lembranças se passam diante de nossos olhos e Lívia sentia isso "Não fui uma boa moça"; não sabia em qual momento ele havia lhe alcançado, mas pode claramente sentir a gélida lâmina cortar seu pescoço, algo quente escorria em seu corpo em contraste com a chuva gelada, esse era seu fim não iria ver o rosto de seu matador, caiu de cara no chão, não sentia dor alguma, estava cada vez mais fraca, só podia ouvir o barulho da chuva, nem ao menos pode ver quem era seu algoz, a única coisa que podia ouvir era seu sangue jorrando junto a tempestade e o bizarro barulho que saia de sua garganta. No fim das contas foi uma ótima noite, pois a chuva contribuiu para a limpeza era certo que na manhã seguinte não haveria sequer uma mancha, o assassino estava feliz.
Mais um corpo foi encontrado essa manhã já é o trigésimo quinto, a polícia ainda não tem pista do culpado, desta vez foi uma jovem de 17 anos, seu nome era Lívia.
Cassandra desligou a televisão, já estava cansada dessa rotina de assassinatos, a polícia com certeza era muito incompetente ou cega. Amarrou seus cabelos castanhos, colocou uma blusa de frio por cima do baby look rosa, passou um brilho nos lábios e já estava pronta para o trabalho, é claro que não podia esquecer seu frasco de comprimidos ele era seu salvador, respirou fundo e abriu a porta da sua quitinete, estava pronta para encarar o mundo mais um dia.
__ Bom dia Cassandra. _Era a vizinha, uma senhora idosa que achava que tinha a obrigação de cuidar da moça.
__ Bom dia, dona Flora.
__ Vai agora para o trabalho? Seu chefe não mudou seu horário?
__ Não mudou, mas não se preocupe eu sempre tomo cuidado.
__ Francamente onde já se viu abrir uma loja de sapatos até a meia noite, eu me preocupo sim, você é minha inquilina e eu gosto de você.
__ Obrigada dona Flora, mas não precisa se preocupar.
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After Midnight - Depois da meia noite
Mystery / ThrillerCassandra é uma pessoa atípica, com uma doença diferenciada que permite que ela consiga copiar e aprender com perfeição qualquer coisa que ela veja, nem por isso sua vida se torna mais fácil, muito pelo contrário, sua infância foi repleta de dores...