Capítulo XVI

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   Capítulo XVI

           “ Se um dia você quiser chorar, me ligue, não prometo fazer você rir, mas, poderei chorar com você... Se um dia quiser fugir, não hesite, em me ligar, não prometo pedir-te para ficar, mas eu poderei fugir, com você.... Se um dia não quiser falar com ninguém, me chame ficaremos em silêncio...”

                                                                 Gabriel García Márquez

      A levei para conhecer meu pai, John, dia 2 de novembro, dia dos finados, é incrível como venta nesse dia, qual foi dia que descobriram que as pessoas morriam?, lembro como se fosse hoje, aos 6 anos , quando minha vó morreu de infarto.

     - Vim ver, meu pai achei que seria bom, conhecê-lo.- coloquei as mãos ao redor da sua cintura e andamos até o túmulo.

    - Sinto muito.- tentando aquecer meus dedos assoprando.

   - Ele morreu de câncer maligno, seus órgãos pararam aos poucos, causando uma morte cerebral, seu coração foi o último a parar de bater, cerca de três dias, queriam fazer eutanásia, mas, nós, sei lá... tínhamos esperança, acaso contrário, por que continuava batendo?- foi inevitável não chorar.

     John ensinou as coisas mais importantes da vida, dizia sempre, “ enquanto houver sinal de vida há esperança, e foi nela que nos agarramos. Ela , apenas abraçou-me, por longos segundo, Jota Quest tem razão “ o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço.”

      - Não precisa falar se não quiser.- enxugando minhas lágrimas.

      - Meus pais foram casados por 50 anos, todo santo dia falava que amava dona Joana, nunca vi eles brigarem.

      - Como se conheceram?- passando a mão pelo meu cabelo.

     - Na época da ditadura militar, ambos faziam protestos no mesmo grupo, no entanto, viviam de provocações um com o outro,  sorte que o pai era muito insistente, uma das características que herdei dele, ainda bem né.- cutucando-a , sorrindo com ar de satisfação.

     - Sim!!- roubando um beijo de mim.

     Lhe retribui com um na testa.

     Não falávamos muito, nós conversávamos pelo olhar.

     - Agora, vamos dar uma volta, por aí, já ia me esquecer, pai essa é a mulher da minha vida, Charlie este foi o melhor herói de todos.

     Andamos de mãos dadas.

     - Tu acredita na teoria dos três amores?- Charlie perguntou-me

     - Não, por quê?- respondi curioso.

     - É uma boa teoria deveria ler.- concluiu.

     - E você já teve outros amores?- perguntei-lhe brincando.

     - Já gostei de muitos por aí, uns foram embora, outros ficaram uns meses, graças a Deus, foi para te encontrar, então, valeu apena.- tão fofinha com as bochechas vermelhas.- Afinal, o que é o amor?

    A peguei no colo ,olhei  em suas pupilas dilatadas, finalmente, depois de tanto trabalho, neste dia especialmente estava mais linda ainda.

     - O que está fazendo? – adorando tudo aquilo.

     - Eu te amo hoje, te amarei amanhã e mesmo depois de morrer, sem essa seja infinito, enquanto dure!- gritei para o mundo, e cochichei no ouvido dela-  Isto é amor , pois amamos a vida, não porque estamos acostumados a viver, mas a amar. Há sempre uma loucura no amor, e também alguma razão na loucura.

     - Sorte minha ter a companhia de um poeta.

     - Sorte tenho eu, estar acompanhando e pela primeira vez não me sentir sozinho.

Para sempre, CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora