Capítulo VIII

126 110 19
                                    




" Eu te peço perdão por te amar de repente".

Vinícius de Moraes

Acordei feliz, raramente, tenho sonhos, esta noite estive no paraíso, uma criança chamava- me, no quintal de uma casa, abriu um sorriso, junto de uma mulher, esta, beijou-me intensamente, estava grávida, e o bebê havia chutado na barriga... Então o despertador tocou...

Como de costume, demorei um pouco para levantar, coloquei os chinelos, tomei café na varanda, imaginei como seria ter uma família, contar histórias de dormir, ir numa apresentação da escola, o primeiro passo e o nascimento deste, a primeira amamentação e a cara de cansada da mamãe de primeira viagem.

- A jaqueta!- pensei alto.

Não sei da onde venho tanta saudade , o universo conspirou à favor, nem ia ir à cafeteria, foi coincidência , nem creio no destino, e sim no acaso, o coração saltitou, as batidas aceleraram , e o cupido acertou em cheio. Existem 7 bilhões de pessoas no mundo, a escolhi, para acordar do meu lado toda manhã, dividir toda vida, ainda que não seja nessa.

Resolvi, ligar a TV, mortes, ataques terroristas. Diariamente salvo vidas, infelizmente, muitas perdem os pais, filhos e o amor da vida, às vezes, por suicídio, outros acidentes de carros. Ninguém tem noção, é horrível a sensação de um corpo sem vida, fico imaginando suas preferências, será que amou?, e carregar nos braços e não ter o que fazer, isto, destrói por dentro.

Coloquei o melhor perfume e roupa, e dirigi no destino da felicidade, ela tem 1,70, olhos castanhos, e mesmo desarrumada, radia a beleza.

- Ah você de novo!- aparentemente desinteressada , contudo , sou muito insistente e ela vale apena.

- Desculpe-me o incômodo, Charlie, vim pegar a jaqueta, esqueci aquele dia.- seu nome soa muito bem, para meus ouvidos.

- Ata, pode entrar, aceita café?.- indo na cozinha.- acabei de passar.

- Pode ser.

- Aqui está!- entregando-me uma xícara.

- Sua jaqueta, Fernando, obrigada, por emprestar.

- De nada!

Sentou no sofá ao meu lado, é impressionante como toda mulher fica linda até de moletom, amaria vê-la assim todos os dias.

- Acho que fui grossa contigo, na última vez, desculpa.

- Sei que não é da minha conta, posso perguntar por que terminaram?, se quiser responder é claro.

- Pode sim, traição.- mirando o teto.

- Sinto muito, moça.- tomando um gole de café.

- Capaz, não por isso, sabe quando só estamos com alguém, pela companhia?, Alex, vivia fazendo isso, inventando desculpas, não fazia questão de ligar, foi deixando para depois e depois o sentimento morreu.- dando de ombros.

- Sabe o que acho?- digo esperando , ela perguntar.

- O quê?- curiosa.

- Charlie, tu é uma mulher muito bonita e cheia de si, não precisa dele e nem de ninguém, não se preocupe comigo, sou gay.- Tive que imitar, pois ela poderia estranhar.

- Sério?, não parece.- surpreendida- apoio totalmente essa causa.

- Que ótimo.- cruzando as pernas de um jeito bem afeminado.

- Eu sou lésbica.- quase acabando com minhas esperanças.- É brincadeira.

Caímos na gargalhada.

Começamos a conversar diversos assuntos, só assim chegaria perto dela.

- Terminei faz dois meses com o boy, pensa num cara bonito.- peguei a foto do meu amigo do trabalho.- Esse aqui.

- Nossa que lindo!, tem bom gosto. - olhou rapidamente.

Olhei-a disfarçadamente.

- Eu sei.- concluí.

- Por que deu errado?- totalmente envolvida no assunto.

- Não tinha reciprocidade, perdi o interesse.

- Adorei você, bem que podíamos sermos amigos.- mal pude acreditar , no meu plano estar dando certo.

- Claro!- concordei feliz da vida.

- Que bom, pois não tenho muitos amigos.- sorrindo, literalmente a sétima maravilha do mundo.

- Agora tem !.- afinando a voz.

O que não faço por amor hahaha. Isto, ainda é pouco se fosse necessário atravessaria o oceano todo.


Para sempre, CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora