Para sempre, Charlie

Capítulo XXVI

" Se as pessoas se dessem conta do milagre do céu e da lua, seriam mais felizes.

Se as gotas do mar, cada uma, ficassem bestas ao admirar as estrelas, veriam a grandeza de Deus.

A lua e sua beleza , o sol e seu calor, a bondade, a esperança e o amor, enfim, o mar é feliz."

Nicole Cunha

Os médicos, alertaram a mim, que acaso, não acordar, em menos de 24 horas suas atividades cerebrais pararão, logo, fiz esta carta de despedida deixarei do lado da cama, vou ler em voz alta, sei que algo dentro de você, ainda irá escutar.

- Sei que amanhã não se lembrará de mim, mesmo assim, resolvi te escrever, dá pra perceber as lágrimas?, mistura de saudade antecipada com tristeza. Bom... espero que não.

Como aquela frase não sei se é de Wiliam Shakespeare ou Sócrates, " Do sábio ao tolo, não há quem não vire poeta quando se ama", nunca gostei tanto de filosofia, com certeza tu saberia dizer com exatidão.

Será que existe, esta tal de exatidão da verdade?, se todas as realidades são diferentes, com infinitas possibilidades, basta jogar ao universo, afim de realizá-las, contudo, nem todos, infelizmente, algumas são limitadas, baseado nele, poderia escrever um livro inteiro. Desculpa, não mesmo, porque esqueceria os acentos, português é uma língua difícil.

Hoje, quando estava ao volante uma música tocou na rádio, é de uma das minhas bandas favoritas, Cold Play, The Scientist, por falar em bandas escute aquelas músicas do Charlie Brown Júnior, lamento a minha voz não ser afinada, mas vou cantar.

Come up to meet you, tell you I'm sorry

You don't now lovely you are

I had to find you, tell I need you,

Tell you I set you apart

Tell me you secrets and ask me your questions,

Oh, let's go back to the start

Running in circles, como up the tails,

Heads on a Science apart

Nobody said its was easy,

It's a shame for us part

Oh let's go back to the start.

Não foi tão ruim, não acha?

Seu jeito sem querer, roubou meu coração, um crime e tanto, dona Charlie, porém, roubei também uma parte sua, já ia esquecendo de dizer, fica linda sem maquiagem e de pijama, meus tímpanos foram privilegiados de ouvi-la, enquanto falava dormindo.

Obs.: Seus sonhos são estranhos coelhos não falam e o Chapeleiro Maluco, também o encontrou?.

Adeus, amor da minha vida toda.

Ps.: Amar-te-ei toda eternidade.

A beijei uma última vez, sentindo seu cheiro de canela, o mesmo dos anjos querubins, aliás, ficará uma musa de cabelos brancos.

Fui em direção à janela do quarto, abri as asa, olhei para baixo, havia muitos carros, levantei de coração partido e você...

- Quem é?- abrindo os olhos- Fernando?

Virei mal pude acreditar, saiu do coma.

- Finalmente, a Bela Adormecida acordou.- indo direto nela.

Verifiquei cada canto do seu rosto e ela retribuiu sorrindo.

- Para de olhar as minhas asas, sim eu sou o seu anjo da guarda, aliás, não é um trabalho fácil, sabe?- rindo timidamente- Por isso decidi pedir demissão.

- Como assim?.- perplexa.

Cheguei bem pertinho do ouvido dela e disse.

- A imortalidade não serve para nada se não tiver você.

- Chega mais perto.- num sorriso.

- Sorte minha.- sussurrou no meu ouvido causando um arrepio.

Pôs as mãos no meu rosto e nos beijamos até cansar.

- Quanta saudades de ti, adorei a carta, embora, esteja encharcada.

Coloquei a camisa, encolhendo as asas e chamei todos no corredor, dançando.

- A Charlie acordou, ela está viva!

- Isso foi um milagre, não é possível.- disse o médico ateu.

- Pra quem tem pensamento forte o impossível é questão de opinião.- e o abracei.

Sim, caros leitores, esta é uma frase de Charlie Brown, saudades eternas desse guerreiro.