Capítulo IX

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" Todo momento é eterno, quando o sentimento é a saudade."

Nicole Cunha


Só damos valor a um momento quando se torna saudade. Quem dera ter uma máquina do tempo. Ainda lembro daquele passeio tem a fragrância das flores e o início de um filme de terror, sorrisos na véspera do luto, do mesmo modo, foi um dia feliz, porém com ambiguidade, e dois sentidos tem sempre tendência negativa.

Nesse dia a mãe resolveu levar para nós passearmos, lembro da semana, então, entrou na cena Ricardo, aproximando-se de nós.

- Oi, aquela é sua mãe?.-tão doce que quase vomitei.

- Sim, por quê?- não vi maldade no momento.

Foi em direção à ela, com aquelas mãos para trás, falou qualquer coisa que a fez sorrir.

- Ah , obrigada!- retribuindo o elogio.

Eu a admirava, pena que não herdei aquelas covinhas, no entanto, apaixonava-se rápido demais, percebi algo estranho mas , andava tão feliz, Simplesmente, não quis estragar. Chegava com buquês de flores , depois de algumas semanas.

- Veja, quão lindas são filha!

- Quem lhes deu?- sabendo.

- Ricardo, sabe?- cheirando as rosas.

- Sei...sim.

Peguei o bilhete para ler.

- Posso ler?- abrindo o envelope.

- Lógico, princesa.- dando um beijo na minha testa.

Realmente escrevia bem, obviamente haviam se encontrado outras vezes, conseguiu conquistá-la, agradável até demais, pro meu gosto.

De repente, dona Ana, começou a dormir cedo, parou de se cuidar, passou a andar com o cabelo atado, brigou com todas as amigas, foi ficando cada vez mais afastada, o olhar apaixonado aos poucos foi transformado no de medo.

Até o dia, cujo qual, apareceu com os olhos roxo, tentou disfarçar usando óculos de sol e bastante corretivo, a desculpa, advinha?, caiu limpando , isto, acontece, todos os dias, ou você conhece alguém da família ou conhece , cerca de 500 mulheres , sofrem violência doméstica por hora, no Brasil, e a cada 2 horas , morre uma mulher, por feminicídio. Infelizmente, ela entrou nesses dados, pela mesma razão que as outras, os ex-parceiros, não souberam aceitar o fim, contudo, havíamos denunciados antes na Maria da Penha.

Tudo aconteceu quando, ela resolveu, terminar, e depois de 1 mês , resolveu sair, com suas amigas, disse-me que iria chegar às 22:00, as horas foram passando e nada, 00:00 a campainha toca.

- Mãe , o que houve?- seus olhos estavam inchados de chorar.

- Ele...- tentando respirar- Ricardo...me seguiu, andava escondida.- num abraço , encostada na porta.- Desculpa por me ver assim, amo vocês, nunca esqueçam disso.- chorando.

Fiquei sentada do seu lado, sem saber o que fazer, parecia o quadro de Eduard Munch, o do grito, só quem vivencia sabe, aquela expressão foi tão fiel, confundi com o próprio quadro.

- Quase... conseguiu, desculpa, por tudo.

Como explicar que a culpa não é da vítima, nunca foi e nem vai ser, peguei o celular.

- O que está fazendo?- perguntou-me desesperada.

- Ligando para Maria da Penha, tem o direito de viver sem medo , terminar um relacionamento e a sair viva.

Conseguimos a medida protetiva, nos sentíamos seguras, ou pelo menos, é isso que achávamos.

Essa é a angústia , o medo, de viver, que todas as mulheres vítimas desse



Para sempre, CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora