Capítulo 1

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O Sol já se havia posto e Toru Oikawa acabara de terminar o seu dia de trabalho. Não adorava ser babysitter, mas a necessidade aguça o engenho. Era o seu sonho de longa data ser enfermeiro. Havia algo em salvar vidas que o motivava a ser melhor. Mas as propinas estão caras e a fortuna da família do Oikawa nunca foi generosa. Começou a trabalhar aos doze anos, cuidando das crianças do bairro quando os pais estavam ausentes. Cuidar de pessoas é o que tem feito a vida toda. O pai que costumava fechar o bar, era agressivo e violento, encontrando-se agora na prisão por violência doméstica. A sua mãe, por outro lado, era calma e doce, possuindo uma aparência fraca e cansada, mas sempre foi uma mulher guerreira. Sustentou o filho, que também contribuiu com pequenos trabalhos que ia arranjando.

"Deus realmente tem os seus favoritos", o pensamento mais frequente do jovem moreno. Avistava pessoas na rua, de grande riqueza e prestígio, e fazia-lhe confusão porque é que ele não podia ter nascido assim.

Foi um dia cansativo para Toru, que chega a casa com o jantar para a mãe. O sushi do restaurante de Take Away da rua era o melhor da cidade, e sem dúvida, o favorito da pequena família. Os trocos que havia ganhado na tarefa anterior, serviram para comprar a refeição, sobrando um pouco que Oikawa costumava guardar para próprio usufruto.

A sua mãe, que desde sempre é costureira, encontra-se a bordar uma babete, que a vizinha do lado encomendeu.
- Cheguei! E trouxe o jantar! - O Oikawa grita, assim que pousa as chaves no despeja-bolsos que se encontra à entrada.
Logo que entra na sala de estar, observa a mãe que borda calmamente na cadeira de baloiço.
- Vou preparar a mesa.
A senhora de idade avançada não é muito faladora, então passaram o jantar em pleno silêncio.

Logo que acabou de arrumar a cozinha, voltou a vestir o casaco, avisando a mãe que iria sair.
Costuma ir ao bar todas as noites. Não que fosse um alcoólatra ou algo do gênero. Longe disso, não queria ser igual ao pai. Mas as dificuldades da vida pareciam desaparecer no pequeno pub da rua. Nem vai lá para beber. Só para se distrair com o ambiente relaxado do bar.

E lá está ele. Mais uma vez, sentado num dos bancos altos que acompanham o balcão. A afogar as suas mágoas num copo de gin.
"Deus realmente tem os seus favoritos" continua a pensar, até estes pensamentos serem interrompidos por uma voz masculina, que vinha do seu lado esquerdo.
- Dois shots de tequila. Sem limão e sem sal - a voz diz.

Assim que Oikawa se vira para identificar a voz, os seus olhos deparam-se com um rapaz atraente. Aparenta ter a mesma idade que o Toru, e a sua camisa branca, quase transparente, fornece um grande campo de visão para as tatuagens que cobrem os seus braços e costas. O seu cabelo espetado castanho combina com os seus olhos da mesma cor, e a transparência da camisa ajuda a realçar os seus bíceps e abdominais.

- Tequila pura? Numa segunda à noite?
- Ajuda a limpar a alma. - o moreno responde.
- Então diz-me estranho, porque é que a tua alma precisa de limpeza?
Não era costume falar com estranhos no bar, mas Oikawa sentia-se confiante, deixando a sua personalidade divertida vir à tona.
- Cada um tem a sua história. - o moreno misterioso do bar respondeu - Deus realmente tem os seus favoritos.
Espantado com o moreno que repetiu a frase que Toru estava habituado a dizer, a curiosidade de Oikawa cresceu.
- Costumo pensar o mesmo.

- Então e a ti? O que te traz a um bar numa segunda-feira? - o moreno pergunta.
- Estou um bocado farto de viver. - o Oikawa responde.
- Não digas isso.
- É verdade. Tenho trabalhado a minha vida inteira, só para no dia seguinte ter de arranjar outra mera tarefa.
- Então procuras por um trabalho? - o moreno diz, levando o copo pequeno à boca e derramando o líquido pela garganta abaixo.
- Suponho que sim.
- Vem a calhar. Preciso de um secretário.
- Secretario? Eu? Pareço-te qualificado?
- Não é um trabalho complexo. E não te estou a oferecer o trabalho. Estou a oferecer-te uma entrevista. Toma o meu número. Combinamos qualquer coisa, e depois vejo se és qualificado ou não. - ele diz, entregando-lhe um cartão. " Hajime Iwaizumi" dizia o cartão.

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